Infidelidade?

Esperei a dona Onça a noite inteira, e ela não deu as caras. Será que encontrou outra mina, ou outro açude para beber água?

Venha, venha, venha; sorrindo, chorando ou uivando, venha! Venha cravar os seus dentes vorazes em minhas carnes cruas, borbulhantes e efervescentes.

Ôô Tigresa de corpo malhado e umbigo redondo, aproveite as noites enluaradas e venha fazer-me feliz, ou já pulastes o brejo? Com suas vestes curtas, lábios carnudos tingidos com batom de cores fortes e chamativas, pele macia e sedosa e curvas sensuais, não duvido nada.

Ôô dona Onça, Tigresa noturna infiel, fugistes sem deixar rastros; porém seu perfumado e aprazível cio está impregnado em meu ninho. E na tua falta, foi com ele que agasalhei-me. Mas garanto-lhe que não foi o suficiente, pois a gula começa pelos olhos, escorre pelas mãos e enquanto o grito gutural da leveza saciadora não vêm, derrama suor. Gargalhadas e lágrimas!

Ôô Tigresa de cor púrpura, é na infidelidade de teu corpo que reside os amores mais agressivos, voluptuosos, selvagem, rugidores e profanos!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 03/07/2020
Reeditado em 03/07/2020
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