O Grito dos Corvos
I
Há uma tristeza envolta em névoa e mistério,
Além do silêncio dos mortos, e
Gritos de corvos sobre os pinheiros.
Ouve-se o ranger da tensa corda erguendo o baldo,
A pingar o excesso no fundo do poço.
A água destina-se as flores dos jazidos,
Onde suas cores harmonizar
Numa atmosfera cinzenta.
II
Há uma tristeza envolta em névoa e mistério,
Sussurros do passado, ecos do além,
Além do silêncio dos mortos, misterioso cenário,
Onde corvos gritam, em um voo sem refém.
Gritos sombrios ecoam sobre os pinheiros,
Cantos de lamento, almas em desalinho,
Ouve-se o ranger da corda, pesares verdadeiros,
Erguendo o balde, desvelando um destino.
Pinga o excesso, gotas d'água no fundo do poço,
Como lágrimas que fluem, sem destino certo,
A água, símbolo da vida, e do tempo alvoroço,
Destina-se às flores dos jazidos, de amor coberto.
Lá, onde as cores se harmonizam, em suave desvelo,
Numa atmosfera cinzenta, triste e serena,
As flores bailam em danças de desapego,
Enfeitando o eterno descanso, na dor que ordena.
E a névoa abraça a tristeza e o mistério,
Num véu etéreo, onde segredos se escondem,
Enquanto corvos e corações, em cemitérios,
Sussurram histórias, em silêncios que respondem.
Quanto aos dias, mesmo com sombrios e dolorosos,
Torne leve a compreensão da beleza do efêmero,
E nas flores dos jazidos, encontrem o fulgor,
Da vida, que segue em dança, num universo austero.