À Procura da Poesia
E de repente, ao meu redor
Ela, eu já não encontrava
Ainda achei que olhando melhor
Talvez em alguma fenda cava
Estivesse, de mim, a se esconder
Ela, que sempre me ludibriava
Aparecendo ao anoitecer
E na aurora já não estava
A ela dei um lar e alimento
Era, da minha alma, parte
Seu legado é só o meu desalento
Pelo seu cruel descarte
Talvez uma palavra ou gesto
Que eu não tenha dito ou feito
Fez ela me deixar como um resto
De projeto utópico e imperfeito
Talvez é uma palavra que castiga
Por deixar tamanhos espaços
O abandono é uma canção antiga
Por isso não seguirei seus passos
Mas ela sabe onde eu me abrigo
Ela me encontra a qualquer hora
Mesmo quando, já no jazigo
Onde minha mulher chora
Pois ela é a minha alma morta
E também minha dor e alegria
Ela é a própria luz do dia
Que das trevas me conforta
O seu nome, se te importa
Rima com tudo, é Poesia.