Triste escrita

Fizeram das paixões sua matéria-prima

a caneta e o papel, seus companheiros

não há no mundo abstração maior que se imprima

em seus versos puros, os disfarces verdadeiros

Um passeio pelo parque, a paisagem pela janela

não são mais os mesmos depois do olhar sensível

daquele que faz da palavra sua rosa mais bela

sonhando o mundo, pelas linhas do impossível

Deslumbram o horizonte de sua infinita existência

com olhos de peixe triste ou de uma fatal esperança

confundem a fantasia com a voz real da eloquência

que grita a alma e a escrita em uma feroz aliança

Por que perpetuar a métrica, o verso alexandrino?

Se escrever é livre, é incendiar como quem sente

é brincar com a prosa pálida e a rima errante do destino,

sem o conformismo de quem desperta de repente

De frente para o lago, na sombra de um salgueiro choroso

choro os versos do fim do mundo nesta página rabiscada

que se deparou apenas com um eu-lírico formoso

vazio e pobre, que com o tempo, reduzir-se á ao nada.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 05/04/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6907683
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