VEJO O MUNDO

Este meu olhar de poeta vê tudo o que de fato há!
Relevância que me toca a alma e me rouba a fantasia
É um olhar de quem sente com o ver claro e aberto
Sinto as dores do mundo como se fossem minhas
Todos os desfortúnios desta terra de ninguém; mesquinha
Do garoto de pés descalços no farol ao meio dia
Da menina de corpo semi nu na esquina à meia noite
Do velho que olha com desesperança e nada vê
Olho e questiono
Questiono e olho
Olhos, inquiro e silencio
Quanto desespero meu Deus!
Por onde se perderam as panapanás?
Por quais nuvens negras se escondeu o sol?
Já não há tanta poesia à beira mar
Há peixes mortos!
Os jovens já não sonham os enleios dos jovens,
envelheceram suas frágeis almas ainda no broto,
hoje.
Quem me dera cair morto e não mais ver.
Vejo a realidade não como outros a veem
Vejo-a com olhos de poeta
Olhos funestos, olhos de coisa, sem pretensão de amor,
paixão ou ternuras
Visto minh'alma ser velha
Puída alma de poeta
Antigos olhos de poeta que vê a cor do mundo.
E o mundo está cinza...