Não quero o poema profundo
Nada de enigmático
Com palavras obscuras, complexas
Nem quero um poema cheio de rimas
Métricas ponderosas
Não,
quero um poema cor de rosa
Que não seja simplório,
mas que seja simples como riso de criança.
Quero um poema com passarinhos no ninho
Com roupas secando no varal ao sabor do vento
Ahh, amo tanto o vento...
O vento parece varrer as dores do tempo
Parece apagar as marcas dos ferimentos
Tocando os cabelos que ninguém acaricia
Beijando a boca que ninguém mais beija
Fazendo amor com as folhas nas copas dos pinheirais
Por isso sou apaixonada pelo vento como por nada mais.
Quero meu poeminha assim
Leve
Breve
Mas que seja rico de graça!
Poema assim é o açucarado da ambrosia
É a ausência da nostalgia
Tem saudade?
Tem
Mas saudade que trás versos!
Que trás somente a beleza do amor pretérito
Não a sangria do abandono
Não o cansaço da paixão
Mas a simplicidade de lembrar-se um dia amado.
Portanto, desejo um poema descomplicado
e cheio de ventanias
nesta tarde ausente de ti,
mas rica de poesia.