Sou feita da matéria que forja o aço da paixão
Boa parte de meu eu é loucura consciente
A razão que sobrou foi para escrever versos sem nexo.

Trafego pela vida arrastando correntes imensas...
Uma corrente de ouro por dias tediosos e tacanhos
E de todas elas ( as correntes) de todos os dias, faço poesia

Portanto não me peçam rimas arrumadinhas e leves
Tenho as mãos calejadas e a couro duro pela jornada
Possuo fardos que carrego, a custo, mas resignada

Há muito deixei de lutar com minhas metades
Aceito cada uma delas, que sou eu, alheia à mim
E cada uma delas me completam... Paradoxalmente.

Não sorrio o riso dos loucos ou dos alienados
Mas também não derramo enxurradas de lágrimas
Sou seca como o sereno das madugadas.

Não tenho quase certeza alguma nesta vivência
Mas se tenho uma, é que preciso continuar
Até o fim, independente de quanto tempo durar.

Levo no alforge uma alimento forte, "Clara"
Razão pelo qual abro os olhos à cada manhã nebulosa
Mas sou feita de muita paixão e pouquíssima razão!