As vezes, perco-me em busca do poema
Pergunto-me o por quê do meu versejar
Da caça incessante por novas palavras
Pelo verso que enfim me deixará satisfeita
...E por quê eu me satisfaria com palavras,
se mesmo a vida nunca me contentou?
Inquieto meus pensamentos madrugada à fora
Por insônias à fio penso no poema ( O Poema)
Aquele que varrerá de minh'alma a saudade
Que sanará minhas vontades
Que me dará o alento
que nunca encontrei nos abraços que dei,
nas bocas que beijei,
nos gozos que alcancei
Nos amores que ( amei?)...
Talvez esse dissabor, levante desesperado,
que chega nos laços do vento da tarde vazia,
se arrasta pela escuridão da noite sem lua,
seja o único motivo da minha poesia...
...E esta constatação corrói os meus ossos
Numa fadiga tal que entorpece minhas vertentes,
exaspera os dedos, insanos à correr pelo teclado.
Gostaria de cantar o coração contente dos amantes
De versar a saciedade de carícias e vontades
Descrever passarinhos à revoar em céus de anil
Namorados enlaçados, chutando as ondas e o tempo...
Mas se assim o fosse, meus versos seriam inverdades
e eu...
Eu, meu Deus,
sou por demais fiel ao poema para fingi-lo.
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