Quando o sol não mais mostrar sua face
e a luz da lua se tornar carmim como o sangue,
e nos campos não houver mais a margarida
para enfeitar os cabelos da menina,
ainda assim haverá poesia.

Nesse dia os poetas velhos cantarão as saudades
de tardes de risos e velhas cantigas do rádio,
invocando lembranças de um tempo que ainda
acalentavam no peito o amor da mocidade,
eram dias memoráveis.

Mas quando nem estas saudades houverem,
e o bater das asas da panapaná não for nem um borrão
na lembrança dos que choram, ainda haverá poesia!
Tão certo quanto a ausente luz do dia
Tão certo quanto a obscuridade que cobre a terra
Num pergaminho sujo e amarrotado, ainda serão
rabiscadas palavras de um verso.

Ainda que sobre ela o corvo bata suas asas permanentemente,
ainda haverá poesia.
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 22/12/2017
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