O CANTO
Canta o Uirapuru no galho da castanheira
Canta a virgem de saudade do mancebo
Canta o amante em fiel segredo
Canto eu meus versos
Espalho-os pelo universo
Sem pretenção de ser poeta
Vou em linha reta e
apenas canto...
... E por onde anda meu encanto?
Perdeu-se em algum canto
Das noites mal dormidas
Do beijo que não veio
Do jardim sem floreio
Da dor do desengano
Do desamor cruel e profano.
Canto eu em poesia
Adormece a agonia
Engana a noite fria
Palavra oca e vazia!
E ainda canta o passarinho lá do alto do arvoredo
... Canto eu todo o meu medo
neste poema mal rimado, cansado e
de feio enredo.