NÃO INQUIRAS AO POETA
Ora, direis, sobre o que tanto escreve o poeta?
Porque vê tamanha poesia em tudo?
O poeta escreve sobre o mundo
e tudo que no mundo há.
... E há tanta poesia no mundo!
O poeta sofre a dor do mundo
O poeta sente a alegria do mundo
O poeta colhe as flores e os espinhos do mundo
O poeta sangra a vida do mundo
O poeta vê os caminhos do mundo
Talvez o veja ( O mundo) como ninguém mais vê.
Forte, imenso, abismal, incrível, terrível, profundo...
O poeta canta o amor mesmo que não seja amado
e que todos os amores há muito o tenham deixado,
mas ele finge a carícia que não recebe,
ele saboreia o beijo que não lhe é oferecido,
ele goza o gozo inexistente.
O poeta não mente,
apenas borda sonhos nos versos e acredita neles.
Então não inquiras mais o porquê dos verbos do poeta!
Porque não há razão alguma fora a própria poesia
E a poesia come a alma do poeta até que o poema se revele,
pleno à luz da manhã.