O Que é Ter um Coração Puro?

 

 

Para ter muitos filhos à sua imagem e semelhança Deus teve que se fazer também homem na pessoa de Seu Filho Unigênito, para que o homem pudesse ser coparticipante da natureza divina.

Jesus nos é dado portanto não somente para nos redimir do pecado, pela justificação, como também para infundir em nós a vida celestial e divina pela regeneração e santificação do Espírito Santo.

Isto implica que devemos ser redimidos e também limpos do pecado. E isto começa aqui embaixo e será perfeitamente concluído no porvir.

Assim, quando ouvimos alguém dizendo que apesar de ser crente, não consegue ter um coração puro, pois sente-se totalmente incorrigível, sempre pronto para sentir e praticar coisas que sabe de antemão que Deus condena, tanto em palavras, quanto em atitudes e conduta.como isto pode se coadunar com tudo o que está revelado na Palavra sobre o dever de mantermos puro o nosso coração? Uma vez que o coração enganoso foi substituído por um coração novo e fiel na nossa conversão a Jesus.

Ora, se tal declaração de afirmação de um viver pecaminoso é o efeito do evangelho, se isto é aceitável por Deus, então porque Jesus diz que somente os puros de coração verão a Deus? Se somos ordenados a amar a Deus e ao próximo,e amar os que são da fé com o mesmo amor com que Jesus nos amou, tendo Ele nos dado este novo mandamento, como podemos obedecer a isto mantendo tal posicionamento infiel, se o amor procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé não fingida, como afirma o apóstolo Paulo em I Tim 1.5?

É preciso saber que o crente recebeu de fato um coração novo no lugar do coração de pedra na sua conversão inicial, conforme Deus prometeu fazer para poder escrever sua lei na mente e no coração do crente.

Todavia, o que poucos consideram é que este novo coração está sujeito a ataques frequentes e poderosos da lei do pecado que remanesce em todos os crentes, e que lhe cabe subjugar esta lei do pecado pela lei da graça que ele recebeu em sua mente e coração, através do exercício contínuo de luta contra o pecado, por meio da oração, resistência ao mundo e a Satanás, e meditação e prática da Palavra de Deus.

Para exemplificar isto podemos citar o caso daqueles que dizem que têm uma constituição iracunda e que ao assim falam pensando em que estão justificados por Deus por admitirem ser pecadores, como pretexto de uma falsa humildade, sem perceberem no entanto que não é por este motivo que o fazem, mas para tentar abrandar suas consciências com o falso pensamento de que podem continuar tendo comunhão com Deus apesar de não abandonarem a ira e o furor de seu procedimento. Veja o que diz o apóstolo: “2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” (I Jo 3.2,3). Perceba que é dito que há um esforço para a purificação do coração porque Jesus é puro, e não é possível ter comunhão com Ele sem que o coração esteja purificado. Sem santificação ninguém verá o Senhor. Não se ponha o sol sobre a vossa ira. Se são os mansos e pacificadores que são bem-aventurados, então é por isso que devemos lutar diante de Deus pela fé, para que o obtenhamos. Devemos aprender de Jesus que é manso e humilde de coração. Paremos de justificar nossos maus hábitos e conduta e nos esforcemos para permanecer em Jesus e no Reino de Deus que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. É por sucessivos arrependimentos que guardamos o nosso coração puro, conforme nos é ordenado a assim mantê-lo.

Em igual sentido o autor de Hebreus diz que nossa entrada no Santo dos Santos celestial para adorarmos a Deus exige o mesmo: “21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura.” (Hebreus 10.21,22).

Tudo isto é obtido pela busca da maturidade espiritual, por sermos confirmados em toda boa palavra e obra (I Tes 3.13; II Tes 2.16,17; I Pe 1.7).

Para não ser mais como um menino espiritual e desviado por qualquer vento de falsa doutrina o crente deve receber instrução verdadeira e adequada dos ministérios que Deus levanta para que ele chegue à estatura de varão perfeito, ou seja, à maturidade espiritual. (Ef 4.10-15).

Pedro afirma o mesmo quando ordena que o crente deve associar várias virtudes cristãs à sua fé com o fim de confirmar cada vez mais a sua eleição e entrada no reino de Deus. (II Pedro 1.5-10).

Dificilmente um crente confirmado na fé, amadurecido na paciência, experiência e esperança, se permitirá ficar descansado em uma condição carnal e mundana. Ao contrário ele sempre estará vestido com toda a armadura de Deus, em plena vigilância contra qualquer pecado que possa tentar obter o domínio do seu coração, pois sabe que se o permitir não poderá ter uma vida de vitória em plena paz e alegria na comunhão com o Senhor.

Assim, é preciso ter bem esclarecido em nossa mente que uma coisa é a nossa justificação que nos abre a porta para a salvação eterna, a qual é somente e mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo sem o concurso de qualquer outra coisa. Mas, um viver vitorioso neste mundo e a confirmação para nós mesmos que pertencemos de fato ao Senhor depende de um caminhar constante no Espírito Santo, e este só é possível por uma real guarda do nosso coração de toda forma de pecado e coisas que sejam contrárias à vontade de Deus.

 

 

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/05/2024
Reeditado em 25/05/2024
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