Cântico Dado Por Deus para Israel - 1

 

 

Deuteronômio 31

 

1 Passou Moisés a falar estas palavras a todo o Israel

2 e disse-lhes: Sou, hoje, da idade de cento e vinte anos. Já não posso sair e entrar, e o SENHOR me disse: Não passarás o Jordão.

3 O SENHOR, teu Deus, passará adiante de ti; ele destruirá estas nações de diante de ti, e tu as possuirás; Josué passará adiante de ti, como o SENHOR tem dito.

4 O SENHOR lhes fará como fez a Seom e a Ogue, reis dos amorreus, os quais destruiu, bem como a sua terra.

5 Quando, pois, o SENHOR vos entregar estes povos diante de vós, então, com eles fareis segundo todo o mandamento que vos tenho ordenado.

6 Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará.

7 Chamou Moisés a Josué e lhe disse na presença de todo o Israel: Sê forte e corajoso; porque, com este povo, entrarás na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais; e tu os farás herdá-la.

8 O SENHOR é quem vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te atemorizes.

9 Esta lei, escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da Aliança do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel.

10 Ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, precisamente no ano da remissão, na Festa dos Tabernáculos,

11 quando todo o Israel vier a comparecer perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que este escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel.

12 Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o estrangeiro que está dentro da vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e temam o SENHOR, vosso Deus, e cuidem de cumprir todas as palavras desta lei;

13 para que seus filhos que não a souberem ouçam e aprendam a temer o SENHOR, vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra à qual ides, passando o Jordão, para a possuir.

14 Disse o SENHOR a Moisés: Eis que os teus dias são chegados, para que morras; chama Josué, e apresentai-vos na tenda da congregação, para que eu lhe dê ordens. Assim, foram Moisés e Josué e se apresentaram na tenda da congregação.

15 Então, o SENHOR apareceu, ali, na coluna de nuvem, a qual se deteve sobre a porta da tenda.

16 Disse o SENHOR a Moisés: Eis que estás para dormir com teus pais; e este povo se levantará, e se prostituirá, indo após deuses estranhos na terra para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a aliança que fiz com ele.

17 Nesse dia, a minha ira se acenderá contra ele; desampará-lo-ei e dele esconderei o rosto, para que seja devorado; e tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: Não nos alcançaram estes males por não estar o nosso Deus no meio de nós?

18 Esconderei, pois, certamente, o rosto naquele dia, por todo o mal que tiverem feito, por se haverem tornado a outros deuses.

19 Escrevei para vós outros este cântico e ensinai-o aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel.

20 Quando eu tiver introduzido o meu povo na terra que mana leite e mel, a qual, sob juramento, prometi a seus pais, e, tendo ele comido, e se fartado, e engordado, e houver tornado a outros deuses, e os houver servido, e me irritado, e anulado a minha aliança;

21 e, quando o tiverem alcançado muitos males e angústias, então, este cântico responderá contra ele por testemunha, pois a sua descendência, sempre, o trará na boca; porquanto conheço os desígnios que, hoje, estão formulando, antes que o introduza na terra que, sob juramento, prometi.

22 Assim, Moisés, naquele mesmo dia, escreveu este cântico e o ensinou aos filhos de Israel.

23 Ordenou o SENHOR a Josué, filho de Num, e disse: Sê forte e corajoso, porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que, sob juramento, lhes prometi; e eu serei contigo.

24 Tendo Moisés acabado de escrever, integralmente, as palavras desta lei num livro,

25 deu ordem aos levitas que levavam a arca da Aliança do SENHOR, dizendo:

26 Tomai este Livro da Lei e ponde-o ao lado da arca da Aliança do SENHOR, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.

27 Porque conheço a tua rebeldia e a tua dura cerviz. Pois, se, vivendo eu, ainda hoje, convosco, sois rebeldes contra o SENHOR, quanto mais depois da minha morte?

28 Ajuntai perante mim todos os anciãos das vossas tribos e vossos oficiais, para que eu fale aos seus ouvidos estas palavras e contra eles, por testemunhas, tomarei os céus e a terra.

29 Porque sei que, depois da minha morte, por certo, procedereis corruptamente e vos desviareis do caminho que vos tenho ordenado; então, este mal vos alcançará nos últimos dias, porque fareis mal perante o SENHOR, provocando-o à ira com as obras das vossas mãos.

30 Então, Moisés pronunciou, integralmente, as palavras deste cântico aos ouvidos de toda a congregação de Israel. (Dt 31: 1-30)

 

Comentário:

Para que Israel mantivesse em memória, através das gerações, os termos da aliança que Deus fizera com eles, e que havia predito antes que ocorresse a apostasia da nação, e como eles deveriam agir para serem restaurados foi dado a Moisés em forma de cântico, as palavras que se encontram registradas no capítulo 32, seguinte a este.

 

 

Cântico Dado Por Deus para Israel - 2

Deuteronômio 32

1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca.

2 Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva.

3 Porque proclamarei o nome do SENHOR. Engrandecei o nosso Deus.

4 Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto.

5 Procederam corruptamente contra ele, já não são seus filhos, e sim suas manchas; é geração perversa e deformada.

6 É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?

7 Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de gerações e gerações; pergunta a teu pai, e ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão.

8 Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou os limites dos povos, segundo o número dos filhos de Israel.

9 Porque a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.

10 Achou-o numa terra deserta e num ermo solitário povoado de uivos; rodeou-o e cuidou dele, guardou-o como a menina dos olhos.

11 Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas,

12 assim, só o SENHOR o guiou, e não havia com ele deus estranho.

13 Ele o fez cavalgar sobre os altos da terra, comer as messes do campo, chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira,

14 coalhada de vacas e leite de ovelhas, com a gordura dos cordeiros, dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com o mais escolhido trigo; e bebeste o sangue das uvas, o mosto.

15 Mas, engordando-se o meu amado, deu coices; engordou-se, engrossou-se, ficou nédio e abandonou a Deus, que o fez, desprezou a Rocha da sua salvação.

16 Com deuses estranhos o provocaram a zelos, com abominações o irritaram.

17 Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.

18 Olvidaste a Rocha que te gerou; e te esqueceste do Deus que te deu o ser.

19 Viu isto o SENHOR e os desprezou, por causa da provocação de seus filhos e suas filhas;

20 e disse: Esconderei deles o rosto, verei qual será o seu fim; porque são raça de perversidade, filhos em quem não há lealdade.

21 A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com seus ídolos me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com aquele que não é povo; com louca nação os despertarei à ira.

22 Porque um fogo se acendeu no meu furor e arderá até ao mais profundo do inferno, consumirá a terra e suas messes e abrasará os fundamentos dos montes.

23 Amontoarei males sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles.

24 Consumidos serão pela fome, devorados pela febre e peste violenta; e contra eles enviarei dentes de feras e ardente peçonha de serpentes do pó.

25 Fora devastará a espada, em casa, o pavor, tanto ao jovem como à virgem, tanto à criança de peito como ao homem encanecido.

26 Eu teria dito: Por todos os cantos os espalharei e farei cessar a sua memória dentre os homens,

27 se eu não tivesse receado a provocação do inimigo, para que os seus adversários não se iludam, para que não digam: A nossa mão tem prevalecido, e não foi o SENHOR quem fez tudo isto.

28 Porque o meu povo é gente falta de conselhos, e neles não há entendimento.

29 Tomara fossem eles sábios! Então, entenderiam isto e atentariam para o seu fim.

30 Como poderia um só perseguir mil, e dois fazerem fugir dez mil, se a sua Rocha lhos não vendera, e o SENHOR lhos não entregara?

31 Porque a rocha deles não é como a nossa Rocha; e os próprios inimigos o atestam.

32 Porque a sua vinha é da vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas de veneno, seus cachos, amargos;

33 o seu vinho é ardente veneno de répteis e peçonha terrível de víboras.

34 Não está isto guardado comigo, selado nos meus tesouros?

35 A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar.

36 Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre.

37 Então, dirá: Onde estão os seus deuses? E a rocha em quem confiavam?

38 Deuses que comiam a gordura de seus sacrifícios e bebiam o vinho de suas libações? Levantem-se eles e vos ajudem, para que haja esconderijo para vós outros!

39 Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém da minha mão.

40 Levanto a mão aos céus e afirmo por minha vida eterna:

41 se eu afiar a minha espada reluzente, e a minha mão exercitar o juízo, tomarei vingança contra os meus adversários e retribuirei aos que me odeiam.

42 Embriagarei as minhas setas de sangue (a minha espada comerá carne), do sangue dos mortos e dos prisioneiros, das cabeças cabeludas do inimigo.

43 Louvai, ó nações, o seu povo, porque o SENHOR vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários e fará expiação pela terra do seu povo.

(Nota: até aqui as palavras do cântico)

44 Veio Moisés e falou todas as palavras deste cântico aos ouvidos do povo, ele e Josué, filho de Num.

45 Tendo Moisés falado todas estas palavras a todo o Israel,

46 disse-lhes: Aplicai o coração a todas as palavras que, hoje, testifico entre vós, para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta lei.

47 Porque esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir.

48 Naquele mesmo dia, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:

49 Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que aos filhos de Israel dou em possessão.

50 E morrerás no monte, ao qual terás subido, e te recolherás ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte Hor e se recolheu ao seu povo,

51 porquanto prevaricastes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim, pois me não santificastes no meio dos filhos de Israel.

52 Pelo que verás a terra defronte de ti, porém não entrarás nela, na terra que dou aos filhos de Israel. (Dt 32: 1-52)

 

Comentário:

Nas palavras do cântico (versos 1 a 43) Deus destaca que, apesar de que entregaria Israel às mãos de seus inimigos para que fosse castigado por causa de terem se afastado dEle, não deixaria de ter compaixão deles no futuro, nem de castigar aqueles que haviam afligido o seu povo. Isto está revelado claramente nas seguintes palavras do cântico:

“35 A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar.

36 Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre.”  (Dt 32: 35, 36)

 

Provavelmente, foi com base nesta passagem que o apóstolo Paulo se expressou da seguinte forma, quanto ao dever de o crente não se vingar de seus inimigos, mas confiar-se inteiramente à justiça de Deus:

17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens;

18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;

19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.”  (Romanos 12: 17-19)

 

E ainda:

29 De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?

30 Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.

31 Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.”  (Hebreus 10: 29-31)

 

De toda esta revelação da verdade divina se aprende por princípio, que bem fará todo aquele que não se regozijar com as correções dolorosas com as quais Deus castigue o seu povo, pois ainda que o justo caia sete vezes, o Senhor o levantará, conforme tem prometido fazer e tem feito ao longo dos séculos, pois tudo isto será levado em conta no juízo de fogo condenatório que o Senhor trará sobre todos os seus inimigos e do seu povo.

Daí o cântico ser concluído com as seguintes palavras do Senhor:

“40 Levanto a mão aos céus e afirmo por minha vida eterna:

41 se eu afiar a minha espada reluzente, e a minha mão exercitar o juízo, tomarei vingança contra os meus adversários e retribuirei aos que me odeiam.

42 Embriagarei as minhas setas de sangue (a minha espada comerá carne), do sangue dos mortos e dos prisioneiros, das cabeças cabeludas do inimigo.

43 Louvai, ó nações, o seu povo, porque o SENHOR vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários e fará expiação pela terra do seu povo.”   (Dt 32: 40-43)

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/08/2023
Reeditado em 26/09/2023
Código do texto: T7868227
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