Para o que Está Fora de Cristo, Deus é um Fogo Consumidor

 

 

Deuteronômio 4

1 Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá.

2 Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.

3 Os vossos olhos viram o que o SENHOR fez por causa de Baal-Peor; pois a todo homem que seguiu a Baal-Peor o SENHOR, vosso Deus, consumiu do vosso meio.

4 Porém vós que permanecestes fiéis ao SENHOR, vosso Deus, todos, hoje, estais vivos.

5 Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir.

6 Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.

7 Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?

8 E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?

9 Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.

10 Não te esqueças do dia em que estiveste perante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos.

11 Então, chegastes e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens, e escuridão.

12 Então, o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma.

13 Então, vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.

14 Também o SENHOR me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir.

15 Guardai, pois, cuidadosamente, a vossa alma, pois aparência nenhuma vistes no dia em que o SENHOR, vosso Deus, vos falou em Horebe, no meio do fogo;

16 para que não vos corrompais e vos façais alguma imagem esculpida na forma de ídolo, semelhança de homem ou de mulher,

17 semelhança de algum animal que há na terra, semelhança de algum volátil que voa pelos céus,

18 semelhança de algum animal que rasteja sobre a terra, semelhança de algum peixe que há nas águas debaixo da terra.

19 Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.

20 Mas o SENHOR vos tomou e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe sejais povo de herança, como hoje se vê.

21 Também o SENHOR se indignou contra mim, por vossa causa, e jurou que eu não passaria o Jordão e não entraria na boa terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança.

22 Porque eu morrerei neste lugar, não passarei o Jordão; porém vós o passareis e possuireis aquela boa terra.

23 Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do SENHOR, vosso Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa que o SENHOR, vosso Deus, vos proibiu.

24 Porque o SENHOR, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso.

25 Quando, pois, gerardes filhos e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa, e fizerdes mal aos olhos do SENHOR, teu Deus, para o provocar à ira,

26 hoje, tomo por testemunhas contra vós outros o céu e a terra, que, com efeito, perecereis, imediatamente, da terra a qual, passado o Jordão, ides possuir; não prolongareis os vossos dias nela; antes, sereis de todo destruídos.

27 O SENHOR vos espalhará entre os povos, e restareis poucos em número entre as gentes aonde o SENHOR vos conduzirá.

28 Lá, servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não veem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram.

29 De lá, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.

30 Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias, e te voltares para o SENHOR, teu Deus, e lhe atenderes a voz,

31 então, o SENHOR, teu Deus, não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais.

32 Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tamanha como esta ou se se ouviu coisa como esta;

33 ou se algum povo ouviu falar a voz de algum deus do meio do fogo, como tu a ouviste, ficando vivo;

34 ou se um deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo, com provas, e com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão poderosa, e com braço estendido, e com grandes espantos, segundo tudo quanto o SENHOR, vosso Deus, vos fez no Egito, aos vossos olhos.

35 A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR é Deus; nenhum outro há, senão ele.

36 Dos céus te fez ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e do meio do fogo ouviste as suas palavras.

37 Porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, e te tirou do Egito, ele mesmo presente e com a sua grande força,

38 para lançar de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir na sua terra e ta dar por herança, como hoje se vê.

39 Por isso, hoje, saberás e refletirás no teu coração que só o SENHOR é Deus em cima no céu e embaixo na terra; nenhum outro há.

40 Guarda, pois, os seus estatutos e os seus mandamentos que te ordeno hoje, para que te vá bem a ti e a teus filhos depois de ti e para que prolongues os dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá para todo o sempre.

 

Comentário

Este texto das Escrituras é autoexplicativo e dispensa maiores explicações para o seu entendimento.

Moisés havia passado em revista, desde o primeiro capítulo de Deuteronômio, a história de Israel durante os quarenta anos que havia peregrinado no deserto, quando estava rumando para Canaã; como o Senhor havia derrotado os reis Ogue e Seom que dominavam a região além do rio Jordão, chamada de Gileade, que fora dada em possessão às tribos de Rúben e Gade e meia tribo de Manassés, pois a segunda metade desta tribo e as restantes tribos de Israel ainda teriam que atravessar o Jordão, para ocupar o território de Canaã sob o comando de Josué.

Mas, muito mais do que focar nas conquistas e estratégias de guerra que deveriam ser adotadas, Moisés concitou todo o povo a priorizar a observância e guarda dos mandamentos de Deus para que pudessem cumprir tudo o que lhes foi ordenado fazer, bem como para receberem o cumprimento das boas promessas que o Senhor lhes havia feito.

Assim, também a nós, na dispensação da graça é ordenado buscarmos em primeiro lugar o reino de Deus, que é definido como sendo justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rom 14: 17), pois o Senhor mesmo cuidará de prover todas as nossas demais necessidades relativas à manutenção do nosso corpo.

O que é espiritual deve ter prioridade sobre o que é natural, pois a carne para nada aproveita, e é somente o espírito que vivifica com a vida eterna que procede de Deus, e  nos conduz à comunhão com Ele.

Como no meio de Israel havia muitos que não eram de fato convertidos ao Senhor, que  não possuíam um verdadeiro temor filial a Ele, senão somente servil e reverencial, que leva a pessoa a ter medo somente dos juízos e castigos que lhe sobrevirão por causa do pecado, causando dor, perdas e sofrimentos, e não o temor propriamente dito de não pecar para não entristecer o coração de Deus.

O resultado disso é que não puderam guardar os Seus mandamentos do modo pelo qual convém serem guardados, a saber, com um coração puro e um espírito reto, e assim foram sujeitados à destruição que conduziu muitos deles ao inferno.

 

Não é portanto, por ser um crente apenas no nome, e não de fato na vida por uma real conversão a Cristo, que livrará qualquer pessoa da condenação eterna, mas o ser uma nova criatura, nascida de novo do Espírito Santo para a santificação.

Estes jamais serão condenados, pois têm a promessa fiel de Jesus que jamais os lançará fora.

Assim, Moisés diz àqueles do povo de Israel que ainda resistiam à vontade de Deus, que lembrassem sempre que Ele é um fogo consumidor, que não justificará aqueles que permanecem deliberadamente na prática do pecado.

 

“26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;

27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.” (Hb 10: 26,27)

“28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor;

29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb 12: 28,29)

 

Somente por ser justificado com a Justiça do próprio Cristo é que podemos ser salvos da condenação eterna, e sermos recebidos como filhos amados de Deus.

Esta Justiça de Jesus nos é atribuída na justificação pela fé nEle, e implantada progressivamente em nossa conduta pelo Espírito Santo, mediante a verdade da Palavra de Deus.

Muitos se iludem pensando, que Deus justificará alguém por meio da justiça da própria pessoa, que se baseia naquilo que ela considera justo, correto e verdadeiro.

Por mais séria e sincera que a pessoa seja Deus não a justificará, conforme pode ser visto na Parábola que Jesus ensinou sobre o Publicano e o Fariseu, em que somente o primeiro foi justificado, porque se baseou na justiça que é pela fé; e o segundo foi condenado eternamente por confiar na justiça que é segundo as próprias obras do homem, que se fundamenta não naquilo que é requerido por Deus de nós, mas no que julgamos que seja, sem que o seja de fato, pois não se conforma ao ensino integral do que nos é apontado na Sua Palavra para que sejamos salvos.

Por princípio geral, Deus humilhará a todo o que se exaltar, e somente exaltará a quem se humilhar diante dEle, reconhecendo-se pecador e totalmente dependente da justiça e da graça de Jesus, para que possa ser salvo e santificado.

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/08/2023
Reeditado em 18/10/2023
Código do texto: T7858839
Classificação de conteúdo: seguro