Forma e Poder de Piedade
* Piedade - Devoção, Virtude que possibilita oferecer a Deus o culto que Ele merece
"tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” (II Tm 3: 5)
Nos dias apostólicos houve muitos desvios terríveis da piedade e da sã doutrina. É esperado nos últimos dias, que eles prevaleçam em maior medida.
Por "piedade", eu entendo a completa devoção da alma a Deus - por necessidade, isto deve ter formas e serviços que o demonstrarão nas circunstâncias que temos neste mundo, pois é impossível servir a Deus sem formas.
Agora, muitos têm a forma de piedade, vivem na maneira externa relativa a estas funções, e são conscientes que sem uma observância dessas coisas, não poderiam ter qualquer crédito para a verdadeira piedade; e assim cumprem seus deveres nesses aspectos, e depois se gabam de terem realizado tudo o que lhes é exigido, mas negam o seu poder quanto ao verdadeiro prazer em Deus, apesar de toda sua profissão da fé religiosa, pois são estranhos a isso.
Suas orações são mera articulação de lábios e joelhos; seus louvores não são diferentes, sem significado e reconhecimento; e todo o culto a Deus, na Igreja, na família, e em seu quarto, nada é senão "uma forma”, uma lâmpada sem óleo, um corpo sem a alma.
A piedade não permeia sua alma, de modo a produzir a mente que está em Cristo, ou para transformá-los à imagem de Deus. Eles parecem não pensar que a fé que professamos é para operar o citado propósito, e que, na condição em que observam os deveres exteriores da religião, as faculdades e as disposições da alma podem seguramente ser esquecidas - daí o seu amor próprio, sua cobiça, e suas inúmeras disposições más mantêm sua ascendência completa, e reinam sem controle.
Na verdade, "eles têm o nome de que vivem, mas na realidade estão mortos". (Ap 3: 1)
O Apóstolo diz: "Destes afasta-te".
Não devemos nos afastar deles em contendas, o que é altamente inconveniente para nós; que, se somos diferentes em tudo, devemos ter toda a diferença por meio da graça distintiva de Deus.
Se dissermos a qualquer homem, "afaste-se porque eu sou mais santo do que você"; Deus nos considerará como "uma fumaça em seu nariz, um fogo que arde o dia todo".
Também, não devemos nos afastar com indiferença, como se não nos importasse o que será deles.
Devemos sim, chorar por eles como Paulo, e chorar com eles, como nosso Senhor fez sobre a assassina Jerusalém.
"Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles são para que sejam salvos". (Rm 9: 1)
Também não devemos nos afastar em desespero, pois Deus é capaz de salvá-los, e Ele ouvirá a oração em Seu nome.
É uma verdade lamentável, que a maior parte dos cristãos nominais viva completamente "sem Deus no mundo". Isto poderia ser aprovado pelo Senhor?
Eles afirmarão com grande confiança, que não têm motivo para temer, mas enganam terrivelmente sua própria alma, porque para eles Deus faz esta declaração, em seu maior vigor:
"Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as pessoas que se esquecem de Deus”, (Sl 9: 17)
Para que finalidade você "professa conhecer a Deus”, se, em ação você O nega?
Na verdade, se você olhar para as Escrituras verá que a verdadeira piedade é algo muito diferente do que você está acostumado a pensar.
Veja nos preceitos; eles se estendem apenas às formas?
Examine as promessas; elas estão limitadas às formas?
Veja os exemplos de piedade; eles não são mais elevados do que meros serviços formais?
Toda a palavra bendita de Deus declara que, Deus deve "ser adorado em Espírito e em verdade", e que o coração, todo o coração deve ser consagrado ao Seu serviço.
Qualquer coisa menos do que isso é mera zombaria, e uma ilusão fatal.
Todos os deveres externos, de qualquer espécie devem ser observados; só devemos tomar cuidado para que sejam cheios do Espírito no uso deles.
Formas são como a escada de Jacó, pela qual você pode subir a Deus, e Deus descer a você, mas veja que seu acesso a Deus seja cada dia mais próximo, e seu prazer nEle mais doce.
Deixem todo o vosso espírito e temperamento evidenciarem o poder da piedade em vossas almas, e então não somente todos os santos se voltarão para vós, no amor, mas o próprio Deus vos abraçará como o objeto de Sua terna afeição.
Charles Simeon