Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 9

Por John Owen (1616-1683)

Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra

 

Nota do tradutor: Quando pessoas se encontram no meio do enfrentamento de uma calamidade, elas concentram toda a sua atenção nas circunstâncias imediatas buscando uma solução para o problema, quanto à forma como devem agir. Não é comum que no meio do turbilhão alguns se ocupem a analisar as causas e consequências do problema, ou como ele deve ser interpretado em um contexto mais geral, como o que está por exemplo ocorrendo não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro quanto à implantação do globalismo, que no momento está fazendo com que o mundo ocidental seja conduzido de uma visão conservadora para uma progressista, cujo âmago central consiste no abandono e rejeição dos valores judaico-cristãos que são a base do conservadorismo.

Seria essa transposição um sinal da proximidade de um juízo de Deus sobre o mundo inteiro? Um aviso de que Ele já decretou o cumprimento da profecia em II Tes 2.9-12,  para que se manifeste o homem da perdição (Anticristo) em razão do avanço da apostasia desses dias? Quem é sábio entenda e se arrependa e se converta.

Mas, voltemos a John Owen:

O Senhor Jesus Cristo parece dizer em Lucas 15.1-3 ao seu povo o que o anjo disse a Ló, quando ele o conduziu de Sodoma, apressa-te a escapar, pois não posso fazer nada até que você fuja, Gênesis 19:22. E espero que chegue o momento em que ele lidará com seu povo como o anjo lidou com Ló, versículo 16. Eles estão aptos a demorar, e não sabem como sair do alojamento externo do estado babilônico, nem se livram de inúmeros preconceitos recebidos nele; mas ele, sendo misericordioso com eles, continuará a ocupar-se deles pela palavra de seu poder, e tirá-los-á da cidade em completa renúncia a esse estado amaldiçoado. Estado este que é a condição dos crentes em suas relações com o mundo, apesar de não serem do mundo, o qual é designado como sendo a Babilônia mística na Palavra de Deus.

Um exemplo completo do que temos no cativeiro babilônico, como um dado nos é dado, em 2 Reis 23: 25-27, "Ora, antes dele não houve rei que lhe fosse semelhante, que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro semelhante. Todavia o Senhor não se demoveu do ardor da sua grande ira, com que ardia contra Judá por causa de todas as provocações com que Manassés o provocara. E disse o Senhor: Também a Judá hei de remover de diante da minha face, como removi a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalém que elegi, como também a casa da qual eu disse: Estará ali o meu nome.”

Deus tinha decretado e determinado expulsar Judá e Jerusalém por seu pecado, - trazer uma abominação desoladora sobre eles e o julgamento se aproximava, apesar do piedoso Josias ter tentado uma reforma completa de todas as coisas na terra, religiosa, civil e moral; e ainda Deus não revogou sua sentença de uma grande calamidade em toda a nação.

A razão secreta disso era que o corpo do povo era hipócrita naquela reforma, e rapidamente retornou às suas abominações anteriores, Jeremias 3:10: "Judá não se virou para mim com todo o seu coração, mas fingiu, diz o Senhor". Veja o capítulo 4:18. No entanto, essa reforma de Josias foi aceita por Deus e teve sua influência na mitigação ou santificação da desolação resultante. 

Mas como não era ainda o tempo do fim, e muitas promessas deveriam ainda se cumprir em relação a Israel e ao mundo, sobretudo com a vinda de Jesus e o derramamento do Espírito sobre todas as nações, aquela julgamento foi apenas parcial; e sempre haveria um remanescente deixado entre o povo, o qual deveria escapar dos juízos divinos. Nisto, a Escritura insiste muito, Isaías 65: 6-8; Zacarias 13: 8,9; Amós 9: 8,9.

Como não era total, então não era final. Mesmo na severidade de sua ira, Deus criou a recuperação desse povo novamente na época designada, dando suas promessas aos que o temiam. E assim aconteceu, no retorno de seu cativeiro em Babilônia. Veja a história aqui, Jeremias 31:32.

Assim, Deus pode ter determinado, por causa dos pecados, uma calamidade desoladora sobre várias nações ainda que não de forma final, como tem ocorrido ao longo  da história da humanidade.

Mas, em todos estes juízos parciais e temporários, sempre foi algo santificado e abençoado para aqueles que eram retos e sinceros, e que se esforçaram para viverem de modo piedoso, apesar de sofrerem na calamidade externa.
Os bons figos de Judá foram levados ao cativeiro em Babilônia; mas o trato de Deus com eles foi em misericórdia, Jeremias 24: 6,7:
"Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra. Edificá-los-ei, e não os demolirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei. E darlhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração." Fosse qual fosse a sua condição externa, essas misericórdias e privilégios internos, espirituais, tornaram-se doce e útil para eles. A terceira parte foi trazida através do fogo, Zacarias 13: 8,9. 4. Deus faz deste tipo de julgamento um meio de reivindicá-los e reformá-los, como muitos desses que, em geral, sofrem sob eles. Eles são a fornalha de Deus, mas não para queimar; - eles são purificados e limpos à medida que a prata é provada, e não se dissolve quando o restolho é consumido. Assim foi essa igreja purgada de seus ídolos para sempre por causa do seu cativeiro. 
Quem sabe, que Deus, por causa de nossa horrível negligência e desprezo do evangelho, com todas as imoralidades e abominações amaldiçoadas, e a condição fria e morta de professantes sob vários meios de instrução, determinou trazer uma calamidade a esta nação, e que Ele não se afastará da ferocidade de Sua ira, até que isso nos alcançará?

Se houver uma dureza judicial sobre a terra, de modo que não haja arrependimento, nenhuma reforma neste dia de paciência e tolerância que ainda desfrutamos, nossa desolação será total, e irrevogável; e, embora outro povo possa ser criado para professar o evangelho na terra, ainda assim não estaremos preocupados com a misericórdia. Assim como foi nessa nação e em todas as nações cristãs da Europa. Ai de nós, se trairmos a terra da nossa natividade, se assim desistimos de ser um silvo e um assombro! Não escute palavras vãs; esta é a nossa forma de sermos livrados: é o dia do nosso julgamento e quem sabe o que será a sua noite? (Esta é a condiçao em que a Inglaterra e toda a Europa se encontram em nossos dias.)

Há julgamentos que são merecidos e ameaçados, mas não decretados e determinados, que podem ser absolutamente desviados. Esse tipo de julgamentos é frequentemente mencionado na Escritura; e assim também há libertações frequentes deles, pelos caminhos e mecanismos da nomeação de Deus. E a respeito deles podemos observar, -

1. Que esta ameaça de julgamentos próximos, que ainda podem ser evitados, é uma declaração da regra ordinária de divina justiça, de acordo com a qual uma nação ou povo, sem uma interposição de misericórdia soberana, deve ser destruído. Deus não ameaça, ele não dá avisos, sinais ou indicações de julgamentos próximos, senão quando eles são merecidos e podem ser justos, são executados; nem existe uma regra conhecida da Palavra para dar uma garantia ao contrário. Tudo o que pode ser dito é: "Quem sabe, que o Senhor pode se arrepender e se virar do fervor da sua ira?"

2. A ameaça destes juízos é uma ordenança de Deus, para nos chamar para o uso de meios pelos quais podem ser prevenidos (arrependimento, confissão, conversão etc). Ele prega nossa destruição, para que não possamos ser destruídos; como foi no caso de Nínive. E este é o único sintoma pelo qual descobrimos e discernimos a natureza dos julgamentos ameaçados iminentes. Se a consideração deles for uma ordenança de Deus, movendo-nos para o uso diligente dos meios pelos quais eles podem ser prevenidos, o desígnio de Deus é o de operar libertação na questão. Se não o fizer, eles são inevitáveis. Deus ainda mantém a balança na mão, e não sabemos de que maneira nós nos inclinamos nos pratos da balança. O melhor prognóstico que podemos tomar, é a condição de nossos próprios corações sob as ameaças deles. Aqui reside o julgamento desta terra e nação neste dia; o julgamento é merecido, o julgamento é ameaçado, o julgamento está se aproximando, - as nuvens são o pó de seus pés. Se todos os tipos de homens não se voltarem para Deus por arrependimento, se não nos humilharmos por nosso desprezo do evangelho e indignação contra ele, - se não deixarmos nossos pecados provocadores, - o mal nos alcançará, e não devemos escapar. E, no entanto, por outro lado, por uma boa aplicação ao que mantém a balança em sua mão, a misericórdia triunfa sobre o juízo, e podemos ser livrados.

Nota do Tradutor: A Inglaterra está quase que inteiramente apostatada e com ela toda a Europa, e esta é a razão de as nações no mundo inteiro estarem sendo entregues por Deus ao juízo de serem governadas por pessoas que são  idólatras ou ateístas, e que não amam ao Senhor e os Seus mandamentos. Este é um sinal em todo o mundo de um grande juízo divino que já está decretado sobre todas as nações, e para isto não haverá livramento, senão apenas para aquelas pessoas que se arrependerem de per si e se voltarem para o Senhor em obediência à Sua vontade. Veja que não há na Bíblia para o tempo do fim, promessas de livramento para nações como um todo, que se arrependerem, exceto única e exclusivamente para Israel que por fim receberá a Jesus como o Messias.

 


 

John Owen
Enviado por Silvio Dutra Alves em 05/10/2022
Reeditado em 14/12/2022
Código do texto: T7621083
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