Sinais e Ameaças de Julgamentos  de um Povo, Igreja ou Nação – Parte 3

Por John Owen (1616-1683)

Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra

 

Mas, o dia da desolação dos israelitas que haviam negado a Jesus se aproximou continuamente, e quando o apóstolo escreveu sua Epístola aos Hebreus, estava falando da entrada do juízo que viria  sobre eles, pelos romanos em 70DC. "Vede o dia se aproximando". Hb 10:25

Portanto, podemos aprender:

(1.) Que na aproximação de julgamentos desoladores em uma igreja ou nação provocadora e pecadora, Deus tem o prazer de dar sinais e insinuações anteriores de seu descontentamento, tanto pelas obras da Providência, quanto pela regra de sua Palavra. Tais eram aqueles que foram citados aqui, por nosso Salvador, em Lucas 13: 1-5.

Isto, digo, é o processo ordinário da Providência divina; e, pode ser que nenhuma nação pagã ou cristã pereceu sem perigo, sem advertências divinas de sua desolação próxima.

Alguns, de fato parecem ser tirados com uma ação surpreendente, quando Deus ameaça, Salmo 58: 9-11 - mas, isso é proveniente da própria segurança carnal deles, e não por falta de avisos.

Assim, o velho mundo antes do dilúvio tinha advertências suficientes de sua destruição, pela pregação de Noé e pela construção da arca, pela qual ele "condenou o mundo", Hebreus 11: 7, ou os deixou inescusáveis para a vingança divina.

No entanto, eles não notaram essas coisas, mas ficaram surpresos com o dilúvio, como se nunca tivessem ouvido, nem visto nada que devesse dar-lhes aviso disso, como nosso Salvador declara, em Mateus 24: 38,39.

E, quando chegar a hora da destruição de Babilônia, ela deve dizer naquele mesmo dia em que seus juízos vierem sobre ela: "Eu me sento como uma rainha, e não vejo tristeza", apesar de todas as advertências no despejo das taças de julgamentos anteriores. Apocalipse 18: 7, 8

 

(2.) É o auge da segurança carnal em tal época e ocasião, negligenciar a consideração de providências extraordinárias, ou mal interpretá-las como qualquer coisa, exceto sinais de julgamentos divinos que se aproximam, se não forem impedidos.

Nada pode ser questionado aqui, sem uma acusação da sabedoria divina de nosso Senhor Jesus Cristo, na interpretação e aplicação que ele faz desses acidentes. Sem dúvida, foram negligenciadas e desprezadas pelas coisas mais comuns; considerar uma grande notícia de tais ocorrências é estimado como fraqueza, covardia ou superstição.

Assim é por muitos neste dia, em que todas as coisas como veremos depois, estão cheias de sinais de desagrado divino, mas as coisas virão em breve para outra conta. Enquanto isso, é seguro seguir este exemplo divino, de modo a descobrir avisos sagrados em tais ocorrências providenciais.

 

(Nota do Tradutor: Aquele que tem o poder e governo em suas mãos não é o povo, conforme o dito popular nos modernos regimes democráticos. Quem detém de fato o poder não é sequer quem é escolhido para presidir, mas os que têm maior peso nas canetas que trazem em suas mãos nos demais poderes que compõem a balança de pesos e contrapesos (judiciário, legislativo, etc.), e mesmo nestes há aqueles cujas canetas são mais pesadas do que as dos demais, conforme temos observado no mundo e na própria nação brasileira.

É preciso exercer efetivamente o poder executivo, uma vez que se tenha sido indicado para ocupar a posição de poder, senão este será impedido por outros de atuar. Mas, quão difícil e até impossível isto se torna, quando a mão que segura as dos que possuem as canetas de veto ou sanção dos atos do Executivo é a dos dominadores globais que são o poder oculto, especialmente os megafinancistas, pelo qual o mundo é regido.

Se o legislativo aprova leis que sejam contrárias aos valores morais, e se estas são sancionadas pelo judiciário, o executivo fica de mãos amarradas e tem que se render a elas, mesmo que contrariem a maioria da população.

Sabemos que os globalistas em todo o mundo têm corrompido tais valores, e imposto práticas anticristãs em seu lugar, e os que se levantarem contra tal imposição serão penalizados.

Então, é vã a esperança de um governo de justiça no mundo, antes que Jesus volte com poder e grande glória.

Como Jesus diz que o Seu Reino não é deste mundo, assim como Ele não é do mundo, tanto quanto os crentes não são, então não se deve pensar que haja qualquer expectativa da parte de Deus, em reformar o mundo como um todo até a perfeição moral e espiritual, para que Jesus possa retornar com poder e glória para reinar sobre todas as nações da Terra.

Antes, Ele tem um juízo vingador sobre aqueles que de antemão preparou como vasos de ira, para que neles manifeste os seus justos juízos condenadores da impiedade em que viveram, para que estabeleça o Seu reino eterno com os vasos de misericórdia, que também de antemão preparou, para mostrar Sua bondade e amor para com eles, perdoando-lhes todos os seus pecados. (Romanos 9)

Então, importa conhecer este caráter de justiça e juízo de Deus, ao lado de Sua misericórdia, conforme Ele se expressa em Sua Palavra, que é da Sua vontade que assim o conheçamos: "mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jeremias 9: 24)

 

Os juízos do Senhor consistem nas ameaças e penalizações, que Ele fixou para as transgressões de Suas leis e estatutos. Assim, pouco ou nada tem a ver com os julgamentos de tribunais terrenos, em que a pena é determinada pela transgressão não da lei de Deus, mas das leis de cada nação.

Além disso, deve ser considerado que o modo e o tempo da fixação das penas determinadas por Deus são diferentes daqueles dos tribunais terrenos. Deus é longânimo e tem fixado um Dia de Juízo Final, quando todos terão que prestar contas diante dEle de todos os seus atos realizados enquanto viviam na Terra.

Devemos então, conhecer quais são os juízos do Senhor e a sua forma de aplicação, a bem de nossas almas. Estes juízos são ensinados na Bíblia, e podem ser vistos sendo aplicados na história da humanidade, de modo que venhamos a temer o Senhor, e amar Suas leis e estatutos com um coração voluntário, que é a única maneira de agradá-Lo, para que nossa obediência a Ele e Sua vontade seja de fato verdadeira.

 

Quando  Deus buscou separar um povo para Si, Ele não procurou uma nação forte e poderosa para lhe dar alguns mandamentos para que fossem observados, mas, começou a formar um povo a partir de um homem (Abraão), ao qual deu mandamentos, estatutos e juízos para serem guardados por todos os seus descendentes, que seriam trazidos à existência a partir de Isaque e Jacó, respectivamente, seu filho e neto. Isto prefigurava a formação de uma outra nação espiritual que seria composta por pessoas de todas as partes do mundo, por meio da fé em Jesus Cristo. Por meio de Um, um povo numerosíssimo seria trazido à existência. E este povo, seria lavado de seu pecado no sangue de Jesus, e receberia uma nova natureza para serem santificados por meio da operação do Espírito Santo e aplicação da Lei em suas mentes e corações.

Este povo de Deus é formado de forma separada e recebendo mandamentos específicos para guardar, de modo que se diferenciem dos modos e costumes mundanos das nações. A não do Senhor deve ser em essência uma nação santa (pura e separada, que reflita o caráter do próprio Cristo).

A  Lei é a prescrição do que se deve fazer ou não fazer. Os juízos são as ameaças, penalidades e cominações quanto à desobediência da Lei.

Como Juiz que é, Deus prescreveu leis e estatutos (que regulam as leis), e também juízos para serem observados, temidos e cumpridos, de forma voluntária e com um coração puro, como podemos ver nas passagens bíblicas que destacamos a seguir:

Gên 18.19; Êx 12.12; 28.30; Lev 18.4,5; 19.15, 35, 37; 20.22; 25,18; 26.15...43; Nm 36.13; Dt 1.17; 4.1,5,8; 5.31; 7.12; 11.1; 26.16; 2 Sm 22.23; 2 Reis 17.37. Esdras 7.10; Salmo 19.9; 97.2; 119.7, 52; Pv 19.29; 21.3; Isaías 5.7; 26.9; 66.16; Jer 8.7; 9.24; 23.5; 25.31; Ez 5.8; 11.12; 36.27; 37.24; Joel 3.2; Amós 5.15; Mq 3.8; Mt 10.15; 11.22; 12.18,20; 23.14; João 5.24,29; 16.8,11; Atos 24.25; Rom 2.2,3,5. 5.18; 11.22; 2 Tes 1.5; Hb 9.27; Tg 2.13; 3.1; I Pe 4.17; II Pe 2.9; 3.7; Apo 19.2.

No Velho Testamento é usado para juízo a palavra hebraica mishpat, que significa julgamento, condenação do erro, sentença de um juiz, punição segundo a sentença, etc, e a sua equivalente no Novo Testamento é a palavra grega krino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John Owen
Enviado por Silvio Dutra Alves em 05/10/2022
Reeditado em 15/10/2022
Código do texto: T7621067
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