Quando Deus ordena e exige para sermos santos, Ele nos ordena que sejamos o que não somos por natureza e por nós mesmos; e não apenas isso, mas que não temos o poder de atingir por nós mesmos, portanto tudo o que está absolutamente em nosso próprio poder, não é daquela santidade que Deus exige de nós, pois se podemos fazer isso por nós mesmos, não há necessidade nem razão pela qual Deus deveria prometer operá-lo em nós por Sua graça.

Agora, Deus multiplicou suas promessas para este propósito. Então, precisaremos lembrar apenas algumas delas, por exemplo, em Jr 31: 33; 32: 39, 40; Ez 36: 26, 27, 29.

Veja nestas passagens que é Deus dizendo, que é Ele próprio quem irá fazer toda essa obra relativa à nossa salvação, sem que sejamos consultados ou que tenhamos alguma participação colaborativa para que esta salvação (justificação, regeneração, santificação e glorificação) seja realizada.

Evidentemente, quando dizemos, sem a nossa participação, é no sentido de não haver qualquer poder ou mérito em nós mesmos, para produzir estas operações relativas à salvação, citadas anteriormente entre parêntesis.

Nossa participação é crer, obedecer, e agir de acordo com o novo coração que o Espírito Santo formou em nós, nos amoldando à sã doutrina segundo as graças do Espírito, que estão sendo amadurecidas em nossa nova natureza, desde o momento em que as recebemos, como a semente que vive eternamente em nossa primeira conversão a Cristo.

Estas graças que foram implantadas em nós, em forma de semente têm um princípio interno de vida, que está destinado a crescer até a plena maturidade, conforme teremos oportunidade de explicar mais detalhadamente depois. [I Pe 1: 23]

Toda a nossa santificação e santidade está incluída nessas promessas, porque ser santificado, ou ser santo, é ser purificado das contaminações do pecado, sejam elas quais forem.

É ter um coração inclinado, disposto e capacitado para temer sempre ao Senhor; e andar em todos os Seus caminhos e estatutos de acordo com uma conformidade interna habitual de toda a alma, à lei de Deus - Ele promete operar tudo isso diretamente em nós, e realizá-lo por Si mesmo. E nunca devemos esquecer que estando em Cristo, não estamos mais sob a condenação e maldição da Lei, por transgredir seus mandamentos, como na Antiga Aliança, pois na Nova, e pelo Seu sangue, Deus tem perdoado as nossas transgressões e nos renovado pelo Espírito Santo, sempre que somos sinceros e confessamos estas transgressões. Graças a Jesus Cristo pelo Seu sacrifício e pela aliança de graça que fez em nosso favor! 

É com fé nessas promessas, e para seu cumprimento que o apóstolo ora pelos Tessalonicenses que, "o próprio Deus de paz vos santifique completamente," pelo qual "todo o seu espírito, alma e corpo, possam ser preservados sem culpa para a vinda de Jesus Cristo."

Assim como é Deus, quem dá o crescimento à semente natural para que se desenvolva até que se torne um ser adulto que dê frutos, de igual modo é Ele quem dá o crescimento à semente espiritual que foi implantada em nós, pelo Espírito Santo, na regeneração. Então, não se encontra em nosso poder realizar o crescimento desta vida espiritual [I Co 3: 6], pois fomos salvos por Jesus para este propósito de sermos amadurecidos em santidade para vivermos eternamente com Deus.

A pessoa que negaria, que Deus nos ordena que sejamos santos por meio do dever, ou que Ele promete operar santidade em nós por meio da graça, pode rejeitar toda a Bíblia com tal pensamento, portanto devemos ter a devida consideração por ambos, se pretendemos ser santos.

Na santificação, como disse Jonathan Edwards: “Deus tudo faz, e nós fazemos também.” Ou seja, devem acontecer simultaneamente as coisas que pertencem exclusivamente à graça de Deus realizar em, e por nós; e de nossa parte, as nossas ações em obediência àquilo que a graça tem operado em nós.

Deus, que começou a boa obra do nosso amadurecimento até atingirmos a perfeição espiritual na glória, há de completá-la, conforme tem prometido e realizado, e daí os que somos maduros e espirituais em certa medida devemos ser pacientes e ajudar aqueles que ainda são fracos na fé, sabendo que Deus mesmo é quem lhes ensinará a caminharem de modo santo em toda a sua conduta através das experiências que terão que enfrentar neste mundo. E isto Ele fará no decorrer dos anos. Glórias ao Seu grande amor, bondade e misericórdia!