Não resta dúvida, que santidade é um dos temas centrais da Bíblia. A palavra “santo” ocorre mais de 600 vezes na Bíblia, e mais de 700 quando incluímos palavras dela derivadas como "santidade, santificar e santificação".
Não há como compreender a Bíblia sem entender que Deus é santo, e que esse Deus santo está determinado a criar um povo santo para viver com Ele, eternamente num santo céu. Todo o sistema de culto de Israel revolvia ao redor da santidade.
É por isso que existia um povo santo (os sacerdotes), com roupas santas, numa terra santa (Canaã), num santo lugar (tabernáculo/templo), utilizando utensílios e objetos santos, celebrando dias santos, vivendo norteado por uma lei santa, de forma que pudessem ser um reino de sacerdotes e uma nação santa.
Em seu sentido mais básico, santidade significa "separação". Trata-se de um termo relativo a espaço. Quando algo ou alguém é santo, é posto em separado.
No Discurso de Gettysburg (1863), Abraham Lincoln declarou o campo de batalha da Guerra Civil na Pensilvânia, “solo santificado”.
Graças a eventos significativos que ocorreram em Gettysburg, Cemetery Ridge e Little Round Top seriam para sempre separados, jamais sendo lugares comuns, mas de significado consagrado a comemoração especial.
O campo de batalha de Gettysburg seria solo sagrado, um lugar separado.
De forma semelhante Deus é santo, porque é transcendente e diferente de tudo que Ele mesmo criou.
Ele é separado e distinto, e não ordinário ou comum. Ele é Deus, e não há outro. (Is 45: 22) Somos chamados a ser santos, porque Deus é santo. (Lv 11: 44,45; 19: 2; 1 Pe 1: 15,16) Nosso Deus santo nos separou para vivermos de forma a refletir, embora de forma imperfeita, a Sua santidade.
JÁ, MAS AINDA CRESCENDO
É importante perceber bem cedo neste livro; e veremos isto reiteradas vezes nos capítulos seguintes que, num certo sentido, nós, os cristãos, já somos santos em Cristo.
Quando o cristão fala de “santificação”, geralmente quer dizer alguma coisa parecida com “o processo de crescer em piedade”.
Por séculos a fio, teólogos têm feito a distinção entre justificação – a declaração num momento da história de que somos justos, e santificação – o processo contínuo de nos tornarmos retos, justos.
Trata-se de uma forma clara de se falar, e é assim que usarei “santificação” nas páginas que se seguem. Mas, quando o Novo Testamento utiliza o verbo “santificar”, ou o substantivo “santificação”, constantemente se refere à obra salvadora de Deus já realizada em nós, que pertencemos a Cristo.
De acordo com Hebreus 10:10, fomos santificados de uma vez para sempre, através da oferta do corpo de Jesus Cristo (na cruz).
Em Atos 20: 32 e em 26: 18, os “santificados” aparentam ser sinônimo de verdadeiros cristãos. Em outros lugares, “santos” são aqueles que foram“ santificados em Cristo Jesus”. (1 Co 1: 2)
Assim sendo, Paulo pode equacionar ser santificado, como ser lavado e ser justificado (6.11). Quando somos unidos a Cristo pela fé, Ele se torna para nós, nossa sabedoria, justiça, santificação e redenção. (1: 30)
Nessa forma de pensar, todo cristão é santificado. Já fomos separados, não somos mais comuns, profanos.
Alguns teólogos chamam esse dom de "santidade", através de nossa união com Cristo, de nossa “santificação definitiva”. Mas, essa santificação definitiva não elimina a necessidade de “santificação progressiva”.
Em Cristo, cada crente possui a "de-uma-vez-para-sempre" santidade posicional, e por meio dessa nova identidade cada cristão recebe a ordem de crescer no processo de santidade contínuo pela-vida-toda. (Fl 2: 12-13)
Conforme explicou David Peterson, “Os crentes estão definitivamente consagrados a Deus de forma a viverem vida dedicada e santa, para a glória Dele”.
Em outras palavras, santificados é o que somos e o que devemos nos tornar.