É preciso deixar claro, uma coisa do princípio: enfatizar a necessidade de santidade pessoal não deveria minar de forma alguma, nossa confiança na justificação somente pela fé.

Os melhores teólogos e as afirmativas teológicas de maior peso, sempre enfatizaram a natureza escandalosa do evangelho da graça, e a necessidade indispensável de santidade pessoal.

Fé e boas obras são ambas necessárias, mas uma é a raiz, e outra é o fruto.

Deus nos declara justos, exclusivamente por causa da justiça de Cristo a nós creditada. (imputada)

"Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus".  2 Co 5: 21
 

Nossa inocência aos olhos de Deus não é, de forma alguma alicerçada em obras de amor, ou atos de caridade.

Enquanto um Católico Romano possa responder à pergunta:

“O que preciso fazer para ser salvo?” Afirmando, “Arrependa-se, creia e viva em caridade”. O apóstolo Paulo responde à mesmíssima pergunta com:

“Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. (At 16: 31)

Acertar as contas com Deus depende exclusiva e somente da fé.
Mas, há mais a ser dito acerca dessa fé. A fé que liga você a Cristo e o torna reto diante de Deus, é uma fé que opera pelo amor. (Gl 5: 6)

 

No último dia, Deus não nos absolverá com base em nossas boas obras terem sido boas o suficiente, mas procurará evidências de que nossa boa confissão não foi falsa. É nesse sentido que precisamos ser santos.
Não há qualquer elemento não-Protestante, no enfatizar a necessidade de santidade pessoal; por exemplo, a Confissão Belga (1561) declara:

“não baseamos nossa salvação nas [boas obras]”.

Somos justificados por fé somente, independentemente das obras.
Mas, a Confissão também declara que “é impossível que essa fé santa seja infrutífera num ser humano, uma vez que não falamos de uma fé vazia, mas sim daquilo que a Escritura chama de ‘fé que opera pelo amor”.

Semelhantemente, o Catecismo de Heidelberg (1563) ensina que somente a verdadeira fé em Jesus Cristo pode nos tornar retos diante de Deus. Tudo que precisamos fazer é aceitar esse dom de Deus, com um coração que crê.

E, ainda assim, não há hesitação ao salientar posteriormente, a necessidade de santidade: “Podem os que não se voltam para Deus, de seu coração ingrato e caminhar impenitente, ser salvos"?

De forma alguma.

"A Escritura nos fala que nenhuma pessoa incasta, nenhum idólatra, nenhum adúltero, nenhum ladrão, nenhuma pessoa cobiçosa, nenhum beberrão, caluniador, assaltante, ou coisa semelhante haverá de herdar o reino de Deus”.

Afirmações assim, poderiam facilmente ser multiplicadas praticamente de qualquer declaração doutrinária que brotou da Reforma.
 

Em tudo isso, vale repetir que Deus é quem está operando em nós, dando-nos o desejo e a capacidade de obedecer; nada ganhamos por merecimento, tudo nos é prometido.

Mas, não fique com tanto medo da justiça por meio de obras, de forma a empalidecer aquilo que a Bíblia retrata em cores tão vivas.

Somos salvos pela graça, mediante a fé. (Ef 2: 8)

Nós fomos criados em Cristo Jesus, para as boas obras. (Ef 2:10)

Qualquer evangelho que tem o sentido de salvar as pessoas, sem também as transformar é um convite à crença fácil. Se você acha que ser um cristão, nada mais é do que fazer uma oração ou filiar-se a uma igreja, então você já confundiu a graça genuína com a graça barata. Os que são justificados serão santificados.
Não há como negar ou duvidar daquilo que Deus disse; é claro em praticamente cada página da Bíblia: somos ordenados a ser santos, fomos salvos para ser santos, e, aliás, precisamos ser santos se quisermos herdar a vida eterna.

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/01/2022
Reeditado em 14/03/2023
Código do texto: T7439368
Classificação de conteúdo: seguro