Entre os cristãos mais liberais, a busca da santidade pode ser suspeita, porque taxar-se qualquer comportamento como “ímpio” soa como atitude condenatória e intolerante.
Se tivermos de ser (igreja) “sem mácula, nem ruga” (veja Ef 5: 27), precisaremos saber discernir que tipo de atitude, ação e hábitos são puros e quais são impuros. Esse classificar é propício para nos deixar encrencados diante dos defensores do pluralismo.
Entre os cristãos conservadores existe, por vezes, uma concepção equivocada de que se formos verdadeiramente centrados no Evangelho, não teremos de falar em regras, imperativos ou empenho moral.
Somos tão determinados em não confundir indicadores (o que Deus já fez) com imperativos (o que nós deveríamos fazer), que acabamos desconfiados quanto a permitir que mandamentos bíblicos nos conduzam de forma constrangedora, à convicção de pecado. Tememos palavras como diligência, esforço, e dever.
Pastores de hoje já não sabem pregar as boas novas em seus sermões, e ao mesmo tempo exortar vigorosamente os frequentadores das igrejas, a se purificarem de toda corrupção do corpo e do espírito (2 Co 7: 1).
Sabemos que o legalismo (salvação por meio da guarda da lei), e o antinomianismo (salvação sem a necessidade de se guardar os mandamentos) estão ambos errados, mas o antinomianismo soa como um perigo mais seguro de se correr.
Existe, igualmente a realidade que santidade é tarefa árdua, e é tão comum sermos preguiçosos. Gostamos de nossos pecados, e morrer para eles é muito doloroso.
Praticamente, tudo é mais fácil que o crescer em santidade; por isso tentamos e fracassamos, tentamos e fracassamos, e acabamos desistindo.
É mais fácil assinarmos um abaixo-assinado, queixando-nos da desumanidade do homem, que amarmos o próximo como a nós mesmos.
Uma coisa é sairmos da faculdade prontos para transformar o mundo; e, é outra completamente diferente sermos resolutos na oração para que Deus nos transforme.
Por fim, muitos cristãos simplesmente abriram mão da santificação.
É comum eu ouvir crentes dizerem, que duvidam que a santificação seja uma possibilidade, e não é somente porque o processo é difícil.
Se nossos melhores esforços não passam de trapos de imundícia (Is 64: 6), porque devemos esquentar?
Muitos pensam: somos todos pecadores incorrigíveis.
Nada fazemos que agrade a Deus.
Ninguém é realmente humilde, ou puro, ou obediente. A busca da santidade só nos deixará sentindo mais culpados. Aí concluímos que tudo que podemos fazer de fato, é nos apegar a Cristo.
Somos amados graças à justiça imputada de Cristo, mas obediência pessoal que agrada a Deus, essa é simplesmente impossível.
Muitos “buscam santidade”; celebrando seus fracassos como oportunidades para exaltar a graça de Deus.
Todavia, a verdadeira santificação é um programa para toda a vida, de um crescimento progressivo em vencer, e se despojar do pecado, como também crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, numa luta incansável contra todo e qualquer pecado, em plena vigilância e contínua oração, para não ceder a qualquer tentação.
E, se houver falhas no percurso, estas serão confessadas e abandonadas por meio da fé, no poder do sangue remidor e purificador de Jesus Cristo.