Em seu livro A Redescoberta da Santidade, J. I. Packer afirma que o crente dos dias de hoje enxerga a santidade como algo obsoleto.
Ele cita três evidências diferentes:
(1) Não ouvimos mais falar de santidade em pregações e nos livros;
(2) Não insistimos que nossos líderes devam ser santos;
(3) Não tocamos na necessidade de santidade pessoal em nossa evangelização.
(Nota do Pr Silvio Dutra: É verdade, que o estado de santificação de cada pessoa que se santifica é algo que não é proclamado exteriormente, de forma visível, especialmente para os incrédulos, mas uma coisa é certa: aquele que estiver de fato santificado, sempre discernirá aqueles que estão ou não santificados, pois o homem espiritual discerne todas as coisas sem ser por ninguém discernido, senão pelo próprio Deus e pelos que são espirituais como ele.
Romanos 16: 25, 26 – se refere ao mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, que agora foi manifestado em Cristo.
Deus não se esconde ou se escondeu, mas se revelou de várias formas através dos profetas, de Jesus, e da Igreja. Ele apenas se mantém oculto e em silêncio, até que chegue o momento de manifestar o que foi antes revelado e profetizado, como foi o caso no dia de Pentecostes, a que pertence a conclusão do sermão de Pedro em Atos 2: 40.
Deus não pode se manifestar e se revelar diretamente ao mundo de ímpios, porque Ele é santo, e não seria discernido pelo ímpio pecador, portanto se revelando somente aos que se arrependem. (João 14: 22-26)
Deus também não aparece em forma visível aos homens, para que a fé na Sua Palavra e revelação anterior seja exercida, pois sabemos que somos salvos e aperfeiçoados somente pela fé, que é o único meio instituído por Deus desde a queda do homem no pecado no Éden, para a nossa reconciliação com Ele.
Assim, a santidade não é algo que possa ser discernido e visto por todos, porque a vida de Cristo está escondida em silêncio e em mistério, no interior daqueles que são salvos e se santificam.)
Essas observações me soam coerentes.
Mas, se não quisermos acreditar no que diz Packer, pense nas seguintes três perguntas de diagnóstico, com base em três textos das Escrituras:
. A Nossa Obediência é Conhecida por Todos?
Na maioria de suas cartas, Paulo fornece bastante encorajamento às igrejas que fundou. Ele, via de regra começa dizendo algo assim:
“Sou tão grato por vocês. Vocês são demais. Penso em vocês o tempo todo e quando o faço, isso me faz louvar a Deus”.
Ele era um papai espiritual orgulhoso dos filhos, mas não distribuía adesivos de parachoque que diziam:
“Meu cristão é um santo do hall dos melhores alunos na Escola Apostólica dos Dotados”.
Não precisava disso. Os outros percebiam sem que ele o dissesse.
Em Romanos 16: 19, por exemplo, Paulo declara:
“a vossa obediência é conhecida por todos”.
Mas, reconheçamos que reputações podem não corresponder à verdade (Ap 3: 1), e os crentes de Roma tinham sua própria cota de problemas a resolver.
Mas essa recomendação final da carta, exige que façamos a seguinte pergunta: Nossa igreja é conhecida pela obediência?
É o que outros cristãos pensam quando contemplam sua vida?
É aquilo pelo que você gostaria de ser conhecido?
“Criativo”, “relevante” ou “transformador de mundo”, talvez soe melhor do que a velha obediência, que parece tão sem graça. O entre aspas é uma ironia, pois é sabido que são estas coisas aspadas que estão em destaque na Igreja atual e não a obediência a Deus e à Palavra para a santificação.
Os Puritanos me desafiam nessa questão. Sei que o termo “puritano” pode sugerir um eterno estraga prazeres, que “tem uma furtiva desconfiança de que alguém, em algum lugar, está se divertindo”.
Mas, os verdadeiros Puritanos não eram assim. Eles desfrutavam das boas dádivas de Deus, enquanto ao mesmo tempo buscavam a santidade dentre os dons mais especiais de Deus.
É por isso, que um teólogo descreveu o Puritanismo, como movimento Reformado de santidade. Eles eram falíveis, mas cristãos que criam nas Escrituras, apaixonados em sua busca de Deus e de santidade.
A espiritualidade Puritana não se alicerçava em dons espirituais, em experiência de per si, ou em se perder no mistério do desconhecido.
A espiritualidade Puritana dizia respeito a crescer em santidade. Tratava-se de cristãos tornando-se visivelmente santos.
É por isso que definiram teologia, como sendo “a doutrina do Deus vivo” (William Ames) ou “a ciência do viver de modo bem-aventurado para sempre” (William Perkins).
A paixão e as orações deles diziam respeito à santidade.
Será que podemos afirmar, que nossa vida e a vida de nossas igrejas são marcadas pelo mesmo desejo?