“Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um".

"Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.” [Atos 20: 31,32]

 

Se alguém perguntar como podemos saber se as graças da santidade (que esperamos estar em nós), e os deveres que procedem delas são frutos e efeitos de eleição; vendo que apenas esses frutos são genuínos e duráveis - eu respondo que pode ser feito de três maneiras:

[1.] Por seu crescimento e aumento.

Em casos normais, reservando as estações das tentações e deserções predominantes, esta é a melhor evidência disso.

Águas que procedem de uma fonte viva aumentam em seu progresso, por causa dos suprimentos contínuos que elas têm de sua fonte, enquanto outras que têm apenas começos ocasionais, de pancadas de chuva ou semelhantes, continuamente apodrecem até secarem.

As graças que vêm desta eterna fonte têm suprimentos contínuos dela, de modo que elas constantemente aumentam e prosperam. Onde o Espírito de santificação está presente, em razão do propósito da eleição, é "uma fonte de água jorrando para a vida eterna". [João 4: 14]

A quietude e satisfação dos professantes de Cristo, sob uma decadência da graça, é uma segurança que arruína a alma, e não tem nada de paz espiritual.

 

[2.] Podemos discerni-lo quando somos grandemente estimulados a agir diligentemente no exercício da graça, a partir do senso daquele amor eletivo do qual toda graça continua.

É a natureza dessa graça, que é fruto da eleição afetar grandemente o coração e a mente, com o senso do amor que está nesta graça. Então, o apóstolo diz expressamente, que uma graça excita e incita outra, no sentido do amor de Deus, que as põe a trabalhar. [Rm 5: 2-5]

Assim, de Deus diz-se que, "atrai-nos com bondade amorosa", porque "ele nos amou com um amor eterno". [Jr 31: 3]

Ou seja, Ele nos dá uma sensação de Seu amor eterno, para assim nos atrair a Ele na fé e obediência. Esses princípios de deveres em nós, que são excitados apenas pelo temor, admiração, esperança e zelosa observância de uma consciência desperta, dificilmente em qualquer momento evidenciará este extrato celestial, para um entendimento espiritual.

Essa graça que procede de um amor especial, levará consigo um sagrado despertar para a sensação desse amor, e assim ficar excitado com seu devido exercício.

Nós fazemos o que podemos para nos matar de fome e nossas graças, quando não nos esforçamos para supri-las pela fé, daquela fonte de amor divino da qual elas continuam.

 

[3.] Visto que somos escolhidos em Cristo, e predestinados a ser como Ele, aquelas graças de santidade, que são mais eficazes em nos trabalhar em direção à conformidade a Ele, terão os caracteres mais evidentes e legíveis do amor eleitor divino sobre elas.

Essa graça que nos torna semelhantes a Jesus Cristo é certamente, de um fonte eterna. Deste tipo são; mansidão, humildade, abnegação, desprezo do mundo, prontidão para ignorar os erros, para perdoar os inimigos, para amar e fazer o bem a todos - coisas que, de fato, são desprezadas pela maioria, e devidamente consideradas por apenas alguns.

 

Fomos eleitos para a santificação, ou seja, para ser espirituais e não carnais.

Agora, como nós podemos saber se nossos pensamentos sobre coisas espirituais são pensamentos verdadeiramente espirituais?.

1. Muitos ouvem a pregação do evangelho com alegria e boa vontade, o que vemos diariamente nas multidões.

Mas, muito destas coisas pregadas podem estar sem o efeito de produzir pensamentos nas mentes de tais pessoas sobre as coisas espirituais da Palavra; porque tais pessoas não foram transformadas em pessoas espirituais.

A causa desta falha é apontada por Jesus:

“O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria";

"mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza”. [Mt 13:20, 21]

 

Os bons pensamentos que eles não têm procedem de qualquer princípio neles - nem seus afetos, nem seus pensamentos sobre estas coisas espirituais não têm qualquer raiz interna que eles deveriam cultivar.

Eles têm pensamentos de coisas espirituais continuamente sugeridas a eles, e as recebem mais ou menos, e logo depois perdem todo o senso disto, de todos os pensamentos sobre as coisas do evangelho que ouviram.

Quando a doutrina da palavra cai sobre tais pessoas como águas de chuvas, forma um curso d'água, às vezes grande, às vezes pequeno em seus pensamentos, sobre coisas espirituais, mas não têm neles a fonte de água viva que salta para a vida eterna - portanto, depois de um algum tempo que suas mentes são secadas de tais pensamentos, nada permanece deles, mas somente pedras e terra, onde antes havia um córrego de águas.

 

Agora, naqueles que têm o Espírito Santo, e são espirituais, tais coisas são como a comida espiritual da alma, por meio das quais seu princípio de vida e graça é mantido e fortalecido.

Esta administração propicia o exercício da graça atingindo o próprio objetivo da fé, gerando amor, temor, confiança, e reverência na alma.

Os pensamentos que, sob a administração da palavra procedem de um princípio interno da graça, são sugeridos exteriormente à mente pela palavra pregada, porque:

(1) Eles são ações especiais da fé e amor, às coisas que são pregadas.

(2) Eles são acompanhados com desvanecimento de alma, enquanto surgindo do amor que experimentam.

(3) Eles são meios de crescimento espiritual.

Assim alguns dizem que o crescimento natural dos vegetais não se dá através de movimento insensível, mas por surtos e erupções sensíveis de aumento. Assim também se dá com o crescimento espiritual que é estimulado por esses pensamentos.

 

2. O dever da oração é outro meio de igual natureza.

O seu fim principal é estimular, incitar, e conduzir adiante o princípio da graça, de fé e amor no coração, até um exercício devido de pensamentos santos sobre Deus e coisas espirituais, produzindo afetos satisfatórios por meio disto.

Aqueles que não projetam este objetivo na oração não sabem o que é orar.

Agora, todos os tipos de pessoas têm frequentemente oportunidade para se unirem com outros em oração, e muitos estão debaixo da convicção que é seu próprio dever orar diariamente, seja em suas famílias ou publicamente.

É duro conceber como os homens, constantemente podem se unir com outros em oração, muito mais para pedir do que para serem renovados espiritualmente, com pensamentos sobre coisas espirituais, para que o próprio Deus se manifeste a eles e neles.

É até possível, que eles não tenham qualquer raiz ou fonte viva neles, mas tenham somente impressões ocasionais em suas mentes, sobre o desempenho externo do dever.

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/01/2022
Reeditado em 03/08/2022
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