“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine".

"Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei".

"E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” [I Coríntios 13: 1-3]

 

Os crentes coríntios eram carnais em grande número, e ainda assim se gloriavam nos muitos dons espirituais sobrenaturais do Espírito Santo que Deus distribuiu abundantemente a eles (profecia, visões, curas, outras línguas, etc).

Mas, o apóstolo Paulo lhes mostrou que isto não era uma evidência segura de salvação, pois é possível possuir tais dons, como foi o caso de Judas e tantos outros, que ainda assim não haviam sido convertidos de fato a Deus.

Ele lhes mostra então, em I Coríntios 13, quais são as evidências seguras de uma conversão que são pertencentes ao fruto do amor divino, e não propriamente aos dons sobrenaturais extraordinários do Espírito.

 

Poucos se dão conta, de que todo o texto de I Coríntios 13 se refere não a um tipo de amor natural, fundado em mero afeto natural, mas ao amor de comunhão espiritual e celestial no Espírito Santo, que é o grande  supremo propósito de Deus em nossa salvação, uma vez que somente o amor permanecerá depois que a fé e a esperança nos conduzirem à glória celestial, e já não serão mais necessárias, pois conheceremos como somos conhecidos por Deus.

Em Romanos 8: 12, lemos que não somos devedores à carne, como se fôssemos constrangidos a viver segundo a carne, a qual se opõe e luta contra o Espírito Santo. Ora, se é somente andando constantemente no Espírito que podemos ter uma vitória satisfatória sobre a carne, concluímos que onde isto não está presente na vida do crente, é impossível, enquanto nesta condição, que ele possa ter uma real comunhão com Deus e seus irmãos em Cristo, que estão andando de fato, no Espírito - comunhão esta que pode ser evidenciada e medida pela força, amor, alegria e paz sobrenaturais, celestiais e divinos que sentimos quando há um encontro de dois ou mais crentes cheios do Espírito.

Daí, importa que sejamos de fato, crentes espirituais e não carnais, por uma transformação real, segundo a renovação da nossa mente, não sendo mais conformes a este mundo, ao qual não pertencemos, e para o qual morremos em Cristo.

 

Dons sobrenaturais (curas, profecia, línguas, etc), de uma maneira especial são do Espírito Santo, portanto devem ser muito estimados. Eles também são frequentemente úteis na, e para a igreja, porque "a manifestação do Espírito é dada aos homens para um fim proveitoso." [1 Co 12; 7]

Só com a ajuda destes dons, que os homens oram, pregam e mantêm a comunicação espiritual entre aqueles com quem conversam. E, se as circunstâncias permitirem, esses dons colocam várias pessoas em posição de desempenhar frequentemente essas funções; então eles sustentam uma eminência na profissão cristã.

No entanto, quando tudo estiver feito, esses dons espirituais sobrenaturais (línguas estranhas, curas etc.) não têm nada da verdadeira santificação neles

Eles podem ser encontrados mesmo onde não há nada de santidade em tudo.

Na verdade, esses dons espirituais não são apenas consistentes com a santidade, mas são subservientes a ela; eles são excelentes promotores de santidade nas almas que são realmente graciosas.

No entanto, eles podem existir sozinhos, sem a graça; assim eles estão aptos a enganar a mente com a pretensão de ser e fazer o que o que a santidadae não é, nem pode ser ou fazer, pois na medida em que a sua residência está apenas na mente renovada, e não na vontade ou nas afeições influenciadas ou restringidas pela luz, esses dons não renovam ou mudam a própria mente, de modo a transformá-la na imagem de Deus - nem dão à alma, uma inclinação geral para todos os atos e deveres de obediência, mas apenas uma prontidão para aquele dever de que consiste particularmente o seu exercício, portanto eles correspondem a nenhuma propriedade de verdadeira santidade; e raramente vimos isso revelado.

O fruto do Espírito Santo pela santificação em amor deve ter a preferência do crente, porque é nisto que está a preferência de Deus. Daí o apóstolo incluir o fruto do Espírito relativo ao amor em I Cor 13, entre os capítulos 12 e 14 que se referem aos dons do Espírito.

 

Quando somos atingidos em cheio pela tribulação e aflição, os dons serão de pouco valor para nos manterem firmes na fé, no Senhor, e manter o bom ânimo, alegria, gratidão, e paz que Ele requer de nós em todas as circunstâncias.

Será pela colocação da fé comum em exercício, que a alma poderá ser mantida quieta, aguardando em silêncio a libertação que vem do Senhor; para isto é necessário ter a mente renovada, especialmente para se firmar nas boas promessas do Senhor para nos guardar nos momentos de tribulação.

Sem estarmos confirmados na fé em crescimento espiritual, seremos lançados de um lado para o outro como um navio sem leme nas ondas do mar, e como aquele que edificou sua casa espiritual sobre a areia. 

Por isso, mais do que ter somente dons extraordinários sobrenaturais espirituais, que por si só não são capazes de formar em nós, uma mente renovada pela graça, na qual esteja profundamente implantada a lei de Deus, com transformação de nossos padrões de pensamento, atitudes e comportamento, fazendo-nos aderir à vontade do Senhor em obediência amorosa, necessitamos aprender por experiência prática, a ter intimidade espiritual com Deus, em plena percepção do seu grande amor por nós, como se vê em Efésios.

4 "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou",

5" e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos". [Ef 2: 4, 5]

 

Sabendo que foi por amor que Ele nos enviou o Seu Filho Unigênito amado, para que pudéssemos participar em unidade desse mesmo amor.

8 "Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador".

9 "Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade." [Is 63: 8, 9]

 

O estado de miséria e angústia em que Seu povo se encontra sob o pecado, angustia o coração de Deus, assim como um pai que se angustia com os sofrimentos de seu filho; por isso Deus sofreu em Si mesmo, as dores terríveis do sofrimento que seria necessário para nos livrar do pecado e suas consequências, na pessoa de Seu Filho Amado, e assim, sendo remidos e salvos por meio dEle podemos ter paz, alegria, e um estado e futuro venturoso juntamente com Ele, que nos leva a superar todos os sofrimentos com exultação, gratidão, e alegria.

Então, já não há mais um motivo de sofrimento por conta da miséria do pecado, mas por conta do amor, e este tipo de sofrimento é abençoado e santificado.

Assim, sendo justificados pela graça, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a Sua própria justiça, que não é segundo a Lei, mas segundo a graça.

3 "Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus".

4 "Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê".

5 "Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela".

6 "Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo";

7 "ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos".

8 "Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos".

9 "Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." [Rm 10: 3-9]

 

"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado." [Gl 2: 16]

 

Vemos portanto, que por quaisquer obras, seja da Lei, ou de obediência aos mandamentos do Evangelho, jamais poderíamos ser salvos, senão pela graça e mediante a fé, com fundamento no amor de Deus pelos eleitos.

Foi por esse amor que Ele formou a nação de Israel, para que através deste povo nos revelasse a Sua pessoa e vontade, e a nossa condição miserável sob o pecado, então pela Bíblia somos ensinados sobre a justificação, regeneração, e santificação que foram providos para nós em Jesus, e na obra que Ele realizou em nosso favor, pois sem isto não podemos participar do amor de Deus e sermos agradáveis ao Seu coração, dando-lhe causa para alegria e contentamento. 

A justificação, pela qual somos perdoados e reconciliados para sempre com Deus.

A regeneração, que consiste em nossa transformação em novas criaturas, e;

A santificação, pela qual este trabalho de transformação é aperfeiçoado.


 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/01/2022
Reeditado em 02/08/2022
Código do texto: T7439277
Classificação de conteúdo: seguro