Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos",
"dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação".
"E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu".
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo",
"e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida".
"Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão".
"Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo".
"Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados". 
 (Hb 2: 11-18)

 

"A descendência de Abraão" citada no texto, que é socorrida por Jesus, se refere  aos descedentes espirituais de Abraão, a saber, aos crentes, pois foi a estes que foi dirigida a promessa de Deus, de serem abençoadas em Abraão, no seu descendente, que é Cristo, todas as nações da Terra.

Nossa abençoada Cabeça, Cristo, não é apenas pura e santa, mas também é graciosa e misericordiosa, e não irá cortar rapidamente um membro de seu corpo só porque ele está doente ou tem uma ferida nele. Ele mesmo passou por seu curso de tentações, e está agora acima do alcance de todas elas.

Ele, portanto, rejeita e despreza aqueles que ainda são tentados, que trabalham e sofrem sob suas tentações?

Isto é bem diferente; de modo que, devido ao seu próprio estado atual, suas compaixões abundam excessivamente para todos os que são tentados.

Jesus estava absolutamente livre do pecado em todas as suas tentações e sofrimentos, mas nós não estamos; Ele está longe de nos rejeitar por causa disso, enquanto nos esforçamos pela purificação, que atrai sua compaixão para conosco. Em resumo, Ele não nos une a si mesmo porque somos perfeitos, mas para que à sua maneira e no seu tempo, Ele possa nos tornar perfeitos; não porque estejamos limpos, mas porque Ele pode nos purificar, pois é o sangue de Jesus Cristo, com quem temos comunhão, que nos limpa de todos os nossos pecados.

 

A purificação original e contínua de nossa natureza pelo Espírito de Deus, e sangue de Cristo é indispensável. Onde esta obra não é feita não há, nem pode haver nada daquela santidade que o evangelho prescreve - a menos que a purificação do pecado pertença necessariamente à santidade da nova aliança, tudo que Deus nos ensinou sobre isso no Antigo Testamento e no Novo seriam coisas fanáticas, noções entusiásticas e sonhos ininteligíveis. 

Basta irmos ao Sermão do Monte, e colocar as prescrições de Jesus em comparação com a mera virtude moral, e logo veremos que nesta última, pouco ou nada do que ali se descreve pertence à mesma; por exemplo, humildade de espírito se reconhecendo inteiramente pobre e miserável quanto a necessitar de tudo da parte de Deus; mansidão em receber e praticar a Palavra de Deus; choro e lamento constante por causa do pecado para ser perdoado por Deus; ter fome e sede da justiça do reino dos Céus, para que sejamos justificados de nossos pecados; ser misericordioso assim como Deus é misericordioso; ser limpo de coração sempre buscando ser purificado de todo pecado e injustiça; ser pacificador, buscando anunciar e viver na paz do Senhor, estando reconciliado com Deus; regozijar-se e ser paciente nas perseguições sofridas por amor à verdade; isto se refere apenas à parte das bem-aventuranças, porém muito mais há para ser observado e cumprido nos capítulos 5 a 7 de Mateus.

 

Além disso, deve ser considerado que a mera virtude moral nada prescreve em termos de nos negarmos a nós mesmos, de carregarmos diariamente a nossa cruz, de adorarmos a Deus em espírito e em verdade, de não resistirmos aos perversos, de orarmos em favor dos que nos amaldiçoam e perseguem, etc.

De modo que, não devemos nos enganar quanto àqueles que são moralistas, sem Cristo reinando em seus corações, e que haja algo da santidade verdadeira neles.

Em muitos, somente a ordem, a cerimônia, a música e outros estímulos dos afetos carnais nos cultos de adoração causam grande impressão neles, mas os de afetos espiritualmente renovados, não se preocupam com essas coisas; portanto duas pessoas podem atender ao mesmo tempo às mesmas ordenanças do culto divino, com igual prazer, mas em princípios muito distintos. 

 

2. Os homens podem se deleitar no desempenho dos deveres externos do culto divino, porque neles cumprem e dão algum tipo de satisfação às suas convicções. Quando a consciência é despertada para um senso da necessidade de tais deveres, ou seja, daqueles em que consiste o culto divino, não dará à mente nenhuma paz restaurada na negligência deles; logo muitos não omitirão o dever de orar todas as manhãs, que ainda estão resolvidos a viver em pecado o dia todo.

 

Outros acham que seus problemas são aplacados neles, como os doentes encontram bebendo água fria com febre, cujas chamas são aplacadas por ela por algum tempo, ou esses deveres, para eles, são como sacrifícios pelo pecado sob a lei.

Eles deram alívio a um culpado, mas como o apóstolo diz, eles não tornaram os homens perfeitos, não extinguiram totalmente uma consciência condenando-os pelo pecado.

Atualmente, na primeira omissão do dever, a sensação de pecado voltou novamente para eles; e não foi apenas como o ato, mas como a própria pessoa foi condenada pela lei. Então, os sacrifícios foram repetidos para uma propiciação renovada, o que deu às pessoas carnais tanto prazer e satisfação nesses sacrifícios, que confiaram neles para justiça, vida e salvação.

Assim é com as pessoas que são constantes em deveres espirituais meramente por convicção. O desempenho desses deveres dá-lhes um alívio e facilidade presentes; embora não cure suas feridas, alivia sua dor e dissipa seus medos atuais.

Ninguém pode dizer com maior êxtase de admiração:

“Quão amáveis são os teus tabernáculos, ó Senhor dos exércitos!” Sl 84:1,2, do que aqueles cujas afeições são renovadas.

 


 


 


 


 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/01/2022
Reeditado em 14/06/2022
Código do texto: T7439230
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