"Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma," I Pedro 2.11

Veja que o princípio do pecado, ou lei do pecado, operando nas afeições, entram em guerra contra a alma do crente, porque sua vontade não é pecar, e a vontade é uma faculdade da alma, que sendo assim atacada pode sugestionar a mente a decidir que a alma ou corpo pratique aquilo que o pecado está sugerindo que faça. A ordem divina pelo apóstolo é que nos abstenhamos de obedecer a tais comandos da carne, que aqui não deve ser entendido como o corpo físico, mas como a natureza decaída ou velho homem que remanesce no crente, apesar de estar sob a sentença de condenação e morte da cruz de Jesus. E o melhor modo de se fazer tal combate é o crente cumprindo o que Pedro diz no início de sua segunda epístola quanto ao acréscimo de uma graça a outra (amor, alegria, paciência etc) através do seu exercício constante em piedade, para com isso obter crescimento na graça e no conhecimento de Jesus.

 

"3 Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário;

4 seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus." I Pedro 3.3,4

O homem interior do coração é uma referência à nova criatura gerada pelo Espírito Santo, que deve ser revestida de um espírito manso e tranquilo, que é a condição interior de quem tem vida e paz por se inclinar para o Espírito, e não para a carne.

 

"1 Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida,

2 para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos," II Pedro 3.1,2

Apesar de a mente do crente ter recebido da parte de Deus a sua lei e vontade ali implantadas pelo Espírito Santo na conversão, pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tito 3.5), em cumprimento à promessa que Ele fez em Ezequiel 36.34-36, há necessidade de um permanente contato do crente com a Palavra revelada por Deus nas Escrituras, tanto pelo ensino dos profetas no Velho Testamento, quanto dos apóstolos no Novo, porque necessita ser continuamente lembrada, uma vez que esta renovação (mudança) de mente é algo progressivo, de fé em fé e de graça em graça, e por isso é que a santificação também é progressiva. Quem deseja uma transformação rápida ou imediata estará tentando fazer algo que se encontra fora da realidade e dos planos de Deus, pois isto é para durar por toda a vida.

 

"15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;

16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo." I João 2.15,16

A rejeição ou negligência das coisas que são espirituais e celestiais relativas ao reino de Deus, em prol de um apego e afeto desordenado às coisas que são naturais e terrenas, impede a comunhão com Deus, porque não se pode servir a dois senhores distintos (um que é espírito e celestial e outro que é terreno e mundano) ao mesmo tempo. A cobiça e a soberba, e a inclinação para o que é da natureza decaída no pecado, que são inerentes ao mundo, representam um agravante para impedir a nossa comunhão com o Senhor.

O apóstolo Tiago descreve esta condição citada pelo apóstolo João com as seguintes palavras:

"13 Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.

14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.

15 Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tiago 1.13-15

 

"De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?" Tiago 4.1

“Carne”, neste sentido usado por Tiago e por diversas vezes pelo apóstolo Paulo em suas epístolas, é uma referência, não ao corpo físico, mas à natureza decaída no pecado ou velho homem. O que está em foco é a lei do pecado, ou princípio pecaminoso que opera no ser humano, que pode ser somente vencido pela graça de Jesus. Os prazeres militam na nossa carne contra o nosso espírito e alma, e principalmente contra a nossa mente, pois houve no crente a implantação de um novo princípio santo e gracioso desde a sua conversão a Cristo. Então a lei do pecado gerando afeições carnais e mundanas pelo engano da mente, pode levar o crente a amar o mundo e a se afastar de Deus. A cura desse estado demandará confissão, arrependimento, conversão e abandono do pecado, sempre que for necessário, para que a obra divina de nossa continuada renovação pelo Espírito Santo possa ter prosseguimento até o dia da nossa morte.

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/12/2021
Reeditado em 17/03/2022
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