“Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.  Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo sacerdote tivesse o que oferecer.  Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei, os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte. Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.” [Hb 8: 1-6]

 

O pacto de obras feito com base na obediência do próprio homem aos mandamentos de Deus, firmado com e a partir de Adão, que foi confirmado e continuado na Aliança da Lei com a mediação de Moisés, não foi estabelecido para que através dele o homem alcançasse a vida eterna e a glória no porvir, pois isto somente é possível pela graça e mediante a fé em Jesus, de modo que em tudo o Pai seja glorificado no Filho [Jo 14: 12,13].

Por isso, Jesus não foi designado para nós como um Mediador nos mesmos termos em que Moisés fora na Antiga Aliança, pois Moisés não tinha poder de si mesmo para realizar toda a vontade de Deus sendo aplicada naqueles que lhe prestam culto. Jesus é o único Mediador eficaz que pode unir o pecador a Deus fazendo tudo o que é necessário como Profeta, Sumo Sacerdote e Rei para tal propósito.

Jesus é totalmente necessário para nós, porque nenhum outro poderia se apresentar em nosso lugar com uma obediência perfeita ao Pai, inclusive com relação a todas as exigências da Lei e da Sua justiça.

Se Deus exigia perfeição no cumprimento da Sua vontade na dispensação da Lei, de quanto maior é a Sua exigência quanto a isto na dispensação da graça, pois que glória Ele teria em caso contrário?

 

Esta glória deveria ser maior na graça do que na antiga dispensação, conforme se vê nos argumentos do apóstolo, ao comparar o ministério da morte e da letra, com o do Espírito e da vida. 

"E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus"; [II Co 3, 4]
 

Que nenhum crente então, se abençoe no seu íntimo vivendo de modo descuidado diante das ordenanças do Senhor, porque apesar dEle responder por nossas deficiências com Sua perfeição, segundo os termos do Evangelho, todavia não tira de nós a obrigação de buscarmos ser perfeitos como o próprio Deus é perfeito.

Ele nos tem justificado por graça e mediante a fé nEle, mas impõe o dever que temos de buscar com diligência a santificação com vistas ao grande alvo da perfeição absoluta, ainda que esta venha a se cumprir totalmente, somente na glória do porvir.

 

Sempre foi do propósito de Deus Pai, que Deus Filho fosse estabelecido como cabeça de toda a criação, com toda a autoridade recebida dEle sobre os céus e sobre a Terra. Não é difícil então, entender que não se pode estabelecer contrastes entre Jesus, que é Deus, Criador e sustentador da criação, e anjos e homens, que são criaturas.

É apenas para fins didáticos que o autor de Hebreus O contrasta com os anjos e com Moisés, por exemplo; não para demonstrar o quanto é maior do que eles, mas para afirmar Sua completa soberania sobre tudo, à exceção apenas de Deus Pai. 

Jesus é onipotente, onisciente e onipresente, e capaz de atender por Sua completa  plenitude todas as necessidades de todos os que lhes foram confiados pelo Pai.

Toda a vontade de Deus é realizada somente através dEle e da Sua mediação, e Ele tem todo o Seu prazer em fazer tal vontade, não para a Sua própria glória, mas a do Pai.

Uma das provas de que Seu ministério está relacionado, sobretudo às coisas que são espirituais e celestiais foi determinado desde o princípio, que ao assumir a natureza humana Ele não procederia da tribo de Levi, à qual pertenciam todos os sacerdotes que ministravam no Velho Testamento, mas de Judá, uma vez que Seu sumo sacerdócio não é medido no tempo, e não tem princípio nem fim; por isso Melquisedeque era um sumo sacerdote não pertencente a qualquer tribo de Israel,  do qual não se fala de ascendentes ou descendentes, para prefigurar o único e grande sumo sacerdote eterno da nossa fé.

"11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?

12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.

13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;

14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.

15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,

16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.

17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque." (Hebreus 7.11-17)

 

A mediação de Cristo, e em particular a sua satisfação é a grande e fundamental razão para a santidade em nós, a saber, a santidade do próprio Deus, que não pode ter influência sobre nós, sem supor e ter fé nessa mediação.

 

"Nosso Deus", diz o apóstolo, "é um fogo consumidor."

O que então?

O que se segue, como nosso dever sobre isso?

"... retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e temor;" [Hb 12: 28, 29]

A graça que nos é oferecida e que em nós opera por meio da fé em Jesus, é o que deve ser retido para servirmos a Deus.

Não há razão mais forte do que esta, não há motivo mais poderoso para adesão a Ele em santa obediência. 

Daqui resulta também, que a nossa santidade sob a Nova Aliança, mesmo que tenha a mesma natureza geral e fim principal que aquela que foi exigida no pacto de obras com Adão, e permanece para todos aqueles que estão ainda sob a Lei, por não estarem na graça de Cristo tem uma fonte especial que aquela aliança não tinha.

A justiça de Deus, que exige a morte do pecador, só pode ser satisfeita, como também a realização da nossa remoção de debaixo da maldição da Lei, por meio da fé em Cristo.

Assim, a nossa justificação decorre não diretamente de nossa própria obediência perfeita à Lei a qual, a propósito é impossível, mas da obediência de Jesus.

Assim, devemos ser santos, porque Deus é santo.

O Espírito Santo se entristece no crente quando este se deixa vencer pela lei do pecado, uma vez que caso ele estivesse se exercitando diariamente na piedade, não permaneceria debaixo do domínio do pecado, senão do da graça. O prazer do Espírito Santo é glorificar a Jesus, e Ele somente pode ser glorificado por meio da nossa adoração em espírito e em verdade, pela nossa oração com fervor no Espírito, e com a meditação e prática da Sua Palavra, pela qual somos santificados.

A lei da graça está sendo implantada por Deus na mente do crente à medida que ele cresce por meio da graça e do conhecimento de Jesus. O fato de a lei do pecado guerrear contra a mente do crente, para colocá-la fora de combate, para que não decida segundo a lei da graça na qual ele aprendeu a ter deleite e temor de Deus para que não peque, por agir atuando principalmente nas imaginações, pensamentos, vontade, emoções, afetos e sentimentos do crente, para levá-lo a desejar coisas que sabe que Deus condena, ou que seja duvidoso ou ignorante ainda quanto àquilo que Ele não aprova, e que por fim, pela não interferência da mente, acabe praticando aquilo que ele não gostaria de praticar, por sentir o Espírito Santo se entristecendo nele, por estar permitindo que a batalha contra o pecado seja perdida.

Mas graças a Deus por Jesus Cristo, e a nova aliança que fez através dEle, pela qual podemos nos recuperar, segundo a lei do evangelho, que nos oferece a oportunidade da conversão pelo arrependimento, para sermos restaurados e renovados, de modo que ainda que haja muitas falhas em nossa adoração e serviço ao Senhor, todavia, em Cristo, Ele se determinou e prometeu perdoar todas as nossas transgressões e esquecer todos os nossos pecados, desde que nos entristeçamos e nos humilhemos por causa deles, e que busquemos sinceramente o perdão que há em Jesus para sermos renovados pelo Espírito Santo.

 

 

 

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/12/2021
Reeditado em 15/03/2022
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