“1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” [II Tm 3: 1-5]
Qual é um dos principais motivos de a santificação ser um assunto tão recorrente nas Escrituras e de ser tão insistentemente recomendada aos crentes?
Sem ela não se pode ver o caráter de Cristo na igreja, entre todos os seus professantes, quanto a serem gentis, amorosos, sinceros, humildes, mansos e tudo o mais que torna uma pessoa agradável a Deus.
O exercício da santificação é necessário especialmente, nestes últimos dias em que o caráter dos professantes é tão influenciado pela arrogância, prepotência, e toda forma de comportamento desaforado que há no mundo de hoje, desprovido de afeto natural, respeito mútuo, simplicidade e tudo o mais que é recomendável a Deus; mas o que se vê em seu lugar é tudo aquilo que foi profetizado por Jesus e pelos apóstolos, quanto à iniquidade que se multiplicaria nos últimos dias.
Quão distantes andam os líderes cristãos, em grande número, do que Jesus ordenou quanto ao que desejasse ser o maior, fosse o servo de todos.
Que não deveriam governar a igreja como os que governam o mundo, porém tudo o que eles desejam não é servir o próximo com humildade e amor, mas são cargos e mais cargos, posições de destaque entre aqueles que são considerados os grandes do mundo.
O caráter deles é mais político do que cristão, e são bem descritos pelos apóstolos Pedro e Judas em suas epístolas - e pensar que julgávamos que eles se referiam a um pequeno grupo de pessoas que se infiltraria na Igreja; mas não, tem a ver com a maioria daqueles que se fazem líderes sobre os professantes cristãos, especialmente nos últimos dias.
“1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.
2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade;
3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” (II Pedro 2.1-3)
“16 Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros.
17 Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo,
18 os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões.
19 São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito.” [Jd 16-19]
Não se pense que meras capacitações, habilidades, dons e talentos recomendarão alguém a Deus, pois é possível ter tudo isto e não ter amor, não ser conduzido pelo amor ágape divino em um viver verdadeiramente piedoso e santo.
Há, portanto este grande mistério e fascínio na santidade, porque os que são menos qualificados segundo o mundo, e não são dotados de grandes dons e talentos, são exatamente estes, por seu viver santo e piedoso, que são agradáveis e considerados grandes para Deus - porque são estes que nada buscam para si, senão somente o que é para a glória exclusiva de Deus, e não andam à cata da realização de sonhos e projetos mundanos, mas ao contrário, estão prontos a tudo renunciar e a tudo suportar e sofrer por amor a Cristo e ao evangelho.
“Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele”, [Fp 1: 29]
Agora, a desqualificação para o exercício do ministério evangélico, não se resume a todas as coisas que são publicamente reprováveis citadas anteriormente, como também àquelas que consistem em uma falta de obediência em submissão à Palavra e vontade de Deus, sobretudo naquilo que se refere à renúncia de nossos sentimentos, emoções e vontade quanto a objetos e pessoas amadas, como foi o caso com Abraão, que se dispôs a lhe oferecer o próprio filho em sacrifício, por temor e obediência ao Senhor, mas não raro, quanto falhamos nisto quando Deus requer o nosso Isaque.
É bem certo, que Ele nos provará nisto de diversas formas, para que seja revelado se O amamos de fato e Sua vontade, mais do que filhos, pais, e pessoas amadas, quando importa abrir mão deles ou contrariá-los, por escolhermos nos submeter àquilo que o Senhor espera e deseja de nossa parte, conforme o tem revelado em Sua Palavra.
Importa que o Senhor seja amado e obedecido acima de tudo e de todos, com espírito voluntário, grato e alegre. Aquele que não renuncia a tudo o que tem, não pode ser Seu discípulo.
Uma alma que não carrega a cruz escolhendo fazer a vontade de Deus, em vez de seguir seus próprios desejos e sentimentos, não está santificada, portanto não qualificada para o serviço divino.
Há uma razão prática e lógica, além de espiritual para tudo isso, porque Deus tem declarado que todas as almas lhe pertencem [Ez 18: 4], ou seja, Ele não é somente o criador de cada um de nós, como também é o mantenedor, e Aquele que cuida diariamente das suas criaturas. Então quando, por incredulidade não deixamos todos os nossos assuntos e amados em Suas mãos, mas nos deixamos dominar por nossos sentimentos e ansiedades em vez de descansarmos nEle, em Suas promessas, em Sua Palavra, nós O desonramos e tentamos assumir o lugar que pertence somente a Ele.
“5 Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.
6 Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” [Hb 13: 5, 6]