“Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal. O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará”. [I Ts 5: 16-24]

 

 

Regozijar-se sempre, orar sem cessar e em tudo dar graças não é propriamente uma ordenança, mas um lembrete sobre a condição normal em que devem ser achados todos aqueles que se encontram em Cristo, porque foi para a liberdade que Ele os libertou; a liberdade de serem filhos amados de Deus que tudo faz para o bem deles, de maneira que tudo coopera para o seu crescimento espiritual e deleite - e mesmo quando sob duras provações, o propósito divino é o de que exerçam fé na Sua completa fidelidade, de maneira que tenham a experiência de que Ele nunca os deixará ou abandonará, antes, cumprirá todas as boas promessas que lhes tem feito em Jesus Cristo.

Não podemos avaliar a profundidade do amor e da graça de Jesus para conosco, de maneira que Deus nunca deve ser julgado pela impiedade que há no mundo, nem mesmo quando de forma isolada e breve visitou com juízos a iniquidade de nações que havia sido completada para além do limite da Sua longanimidade, como foi o caso, por exemplo, de Sodoma e Gomorra - mas, desde que Jesus inaugurou com sua morte uma nova dispensação de graça, Deus tem suportado com muita longanimidade a maldade dos ímpios, e adiado o julgamento deles e de nações para o grande dia do juízo final, dando-lhes assim, a oportunidade para que se arrependam de suas más obras antes daquele dia.

Todos os registros de juízos contra pessoas e nações, relativos ao Velho Testamento são suficientes para comprovar que existe um Deus justo, que por fim há de julgar toda a carne, de maneira que não sejamos confundidos pela própria bondade e longanimidade de Deus na presente dispensação da graça, julgando que Ele não se importa com a iniquidade, e que  assim, não haveria razão para ser temido por nós.

 

Deus não exige nada que devemos comprar, ou merecer para nós mesmos vida e salvação, pois;

"Porque pela graça sois salvos, mediante  a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém  se glorie". [Ef 2: 8, 9]

Deus não nos salva, nem pelas "obras de justiça que temos feito", mas "de acordo com sua misericórdia," [Tt 3: 5] - de modo que, embora de um lado, o "salário do pecado seja morte"; a justiça sendo proporcional entre o pecado e a punição, nada há entre nossa obediência e nossa salvação, portanto, "a vida eterna é o dom de Deus por Jesus Cristo nosso Senhor", [Rm 6: 23]

Deus não requer nada de nossas mãos sob esta noção, ou consideração, nem é possível que em nossa condição tal coisa nos seja exigida, porque tudo o que podemos fazer é devido antecipadamente e por outra forma; assim não pode ter perspectiva de merecer o que está por vir.

Quem pode merecer qualquer coisa, simplesmente cumprindo seu dever?

 

Nosso Salvador prova tão claramente o contrário, que ninguém pode duvidar mais do que podem duvidar de sua verdade e autoridade. [Lc 17: 10]

Nem podemos fazer nada que seja aceitável para Ele, exceto o que é trabalhado em nós por Sua graça; o que destrói toda a natureza do mérito. 

Tampouco há proporcionalidade entre nossos deveres e a recompensa do desfrute eterno de Deus, porque estes deveres são inteiramente fracos, imperfeitos e contaminados com pecado, de modo que nenhum deles é capaz de ter qualquer fim ou propósito, para nossa justificação por Deus.

Além disso,  no rigor da justiça divina, todos eles estão infinitamente aquém de merecer uma recompensa eterna, por qualquer regra de justiça divina.

 

Se alguém disser, “Este mérito pelo nosso trabalho não depende, nem é medido por justiça estrita, mas totalmente pela condescendência graciosa de Deus, que designou e prometeu recompensá-los" - eu respondo, primeiro que isso destrói perfeitamente toda a natureza do mérito, porque a natureza do mérito consiste inteiramente e absolutamente nisto: para aquele que trabalha, a recompensa não é computada pela graça, mas pela dívida.

Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.  [Rm 4: 4]

 

Estes dois são contrários e inconsistentes, pois o que é "pela graça, não é mais das obras, caso contrário a graça  não é mais graça”.

E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. [Rm 11: 6]

A profundidade desta verdade da salvação ser inteiramente por graça, deve receber a devida consideração de nossa parte, de modo que ao não justificarmos nunca o pecado, entretanto não podemos negar o poder da graça em justificar e manter  ligado a Deus o pecador que se converte e se arrepende do pecado.

Veja o caso do pecado que é deliberado, conforme citado em Hebreus 10: 26. "se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados."

Nós já o comentamos na parte 6, do nosso estudo. Agora, é necessário acrecentar que alguém pode estar pecando conscientemente por motivo de vício ou fraqueza para determinados pecados, mas não estar ainda devidamente consciente do quanto seu pecado é abominável para Deus, e que o pratica sem qualquer intenção de afrontar a justiça e a santidade divina.

Cremos que mesmo neste caso, enquanto a pessoa estiver confessando suas faltas, se arrependendo com sinceridade, e voltando-se para o Senhor em busca de perdão, haverá grande esperança para a mesma.

 

Nós amamos a Deus e ao nosso irmão, porque Deus, pela graça nos amou primeiro, e esta graça está em perfeita consonância com o amor, porque o amor nada cobra para se manifestar em relação a outrem.

Veja qual é o caráter da relação familiar entre pais e filhos, e a que existe nos tratos comerciais. Quão diferentes são em sua natureza, e o que as distingue é justamente o amor que há na família; por isso Deus a criou, para que fosse um tipo do amor que há na família eterna, que é formada pela união da Igreja com Cristo. 

Aqueles que queriam encontrar nosso mérito na graça de Deus, esforçam-se para unir e reconciliar as coisas que Deus tem separado eternamente, e oposto uma à outra. 

Assim, Deus não está na obrigação de nos recompensar, por qualquer dever que realizemos por Sua pura graça, mas faremos bem em atender à Sua ordenança através do profeta, para que não nos gloriemos em nada de nós mesmos, mas somente a avançar em conhecê-Lo em Seu caráter, atributos e virtudes, e assim sermos como Ele é:

23 Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas;

24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.  [Jr 9: 23, 24]

 

Esta advertência e mandamento deveriam ser bem observados em nossos dias, em que tantos ignoram qual seja o grande propósito de Deus para suas vidas, que é eminentemente de caráter espiritual e santo, e pouco ou nada tem a ver com as “bênçãos” terrenas e passageiras pelas quais eles tanto se empenham em buscar, e acabam atrapalhando ou impedindo que alcancem o verdadeiro conhecimento de Deus que é espírito.

31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?
32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;
33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 
[Mt 6: 31-33]
 

19 Não acumuleispara vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;
20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;
21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
[Mt 6: 19-21]

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.

2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;

3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. [Cl 3: 1-3]
 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 25/10/2021
Reeditado em 30/11/2021
Código do texto: T7371463
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