“Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”. 

“Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos”.

“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”.

“Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma”. [Jr 32: 38-41]

 

Tão forte foi a influência da filosofia, da psicologia e outras ciências chamadas sociais de nossos dias, sobre o ensino e prática da igreja cristã, que o genuíno evangelho de Jesus ficou bastante desfigurado, e suas doutrinas essenciais têm sido esquecidas ou mal aplicadas, como a da santificação pelo Espírito Santo.

 

Tão disseminada é a prática generalizada de todas as formas de pecado, com grande aceitação pela sociedade em nossos dias, que tal banalização influenciou o comportamento de muitos crentes, que não para o bem de suas vidas espirituais, consentem com coisas que são verdadeiras abominações para Deus, sem que sequer percebam que Ele jamais passará por alto tais transgressões ou deixará de atribuir a elas o devido julgamento para que sejam corrigidos, ainda que sob a imputação de graves dores.

Seria bom sempre dar uma passada de olhos no Sermão do Monte, bem como em todo o ensino de Jesus e dos apóstolos sobre a forma como o pecado é visto por Deus, a ponto de até mesmo o fato de alguém chamar seu irmão de louco já o torna, por este ato isolado, réu do inferno de fogo eternamente. Não foi por brincadeira que Jesus disse que caso alguém se sentisse desejoso de praticar determinado pecado, ainda que sem a sua prática consumada, melhor seria para tal pessoa arrancar o olho direito ou o braço direito, do que ter todo o seu corpo lançado no inferno. Mas como todas estas ameaças verdadeiras e que terão cumprimento a seu tempo, são vistas até mesmo por muitos crentes?

Onde está o temor devido a Deus, por Seus filhos, de modo que estejam ligados a Ele, sem nunca se apartarem dEle, conforme o desejo e promessa feita pelo Senhor?

Isto não deixará de ter sua aplicação, ainda que no porvir, porque fiel é o que prometeu e poderoso para cumprir; mas quanto se tem visto disso na prática cristã moderna, quanto àqueles que andam no mesmo espírito com o Senhor, em plena conformidade com a Sua vontade?

 

Jesus definiu claramente, que O amamos se guardarmos os Seus mandamentos.

É através da operação da graça de Jesus em nós, pelo poder do Espírito Santo, que a força do pecado é enfraquecida e seu domínio é destruído; e nossa luta contra cada pecado para submetê-lo a esta destruição pela graça, é o que a Bíblia chama de mortificação das obras do corpo, ou do pecado propriamente dito.

Mas, não se deve entender o uso desta palavra mortificação, como sendo a morte completa que leva o pecado à extinção, ou que seja aniquilado para nunca mais se levantar contra nós, porém deve ser entendida como sendo a subjugação e enfraquecimento de nossas corrupções, pois embora o ser do pecado permaneça, ainda assim o poder de comando do pecado é retirado, e quem passa a reinar no crente que se santifica é a graça - tanto que a palavra para “mortificar” no texto original grego, não signfica morte por aniquilação, mas por perda de vigor e predomínio.

 

É isso que sucede a cada pecado que é mortificado pelo crente, através do Espírito Santo. Somente o pecado é o que faz separação entre nós e Deus, e assim, o problema do pecado deve ser resolvido pela sua mortificação contínua, para que possamos permanecer em comunhão com Deus.

A mortificação do pecado é necessária, porque a graça não pode viver em nossa alma, a menos que o pecado e a corrupção estejam mortos ali; antes que possa haver a vida da graça, deve haver a morte do pecado, como se vê:

“Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus”.  [Rm  6: 11]

 

Se as corrupções vivem, a graça não pode viver em nosso coração, de modo que devemos levar o pecado a sério para mortificá-lo, pois sem isto não podemos ter uma vida abençoada pela graça, operando em nós alegria, amor, e paz.

Como bem se diz, que se o pecado não morre, o pecador deve morrer; se Deus não matar nossos pecados, o pecado mata a nossa alma, ou seja, ele retirará de nós todo o vigor e vitalidade espiritual, e estaremos como mortos, como aqueles que vivem somente na carne - esta foi a condição referida por Jesus, à Igreja de Sardes, no livro de Apocalipse.

Podemos saber, que estamos sendo impulsionados pelo Espírito Santo a mortificar nossos pecados, quando somos muito cuidadosos em evitar todas as ocasiões para a prática do pecado. Quando estamos sendo santificados nos ocupamos desta mortificação, não apenas temendo um pecado absoluto, mas também qualquer coisa que possa ser uma provocação, ou entrada para um pecado específico.

Depois de muita vigilância e oração, para se manter em santidade de vida, se formará em nós um hábito de santificação, que como qualquer outro hábito sempre nos manterá aplicados a este dever de mortificar todo e qualqur pecado.

 

A mortificação operada pelo Espírito Santo, não somente nos levará a evitar o pecado, como até mesmo a odiá-lo, e a não lhe dar qualquer receptividade, ainda que seja na fase inicial de qualquer tentação, pois o Espírito Santo sempre ativará a nossa consciência para identificar o perigo, como também, a nos capacitar em graça a vencê-lo.

Mas, lembremos sempre que a mortificação do pecado não é um fim em si mesma, nem responde ao propósito principal de Deus em nossa salvação, pois é somente o meio necessário para que possamos manter nossa comunhão com Ele.

Não se trata, de se limpar para nenhum propósito como, por exemplo, viver para nós mesmos e por nossa própria conta, mas é para ser trabalhado ao lado de uma natureza que foi regenerada, que nos tornou coparticipantes da própria natureza divina, de modo que O sirvamos com um coração voluntário, alegre, e disposto para toda a obediência à Sua vontade.

 

Em resumo, devemos responder ao fim para o qual fomos criados, que é o de sermos perfeitos em santidade, em todo o nosso ser e procedimento.

Se fôssemos purificados de nossos pecados e não respondêssemos ao amor de Deus, de nada nos aproveitaria, assim como se expressa o apóstolo no texto de I Coríntios 13.

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/10/2021
Reeditado em 16/11/2021
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