“Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância”;
“pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”,
“porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.”
[I Pe 1: 14-16]
Não há dever em que a Bíblia mais insista, do que o de sermos santos, assim como Deus é santo; porém por mais testemunhos e exemplos de vidas santificadas que encontramos na Bíblia, a santidade tem sido não apenas negligenciada por muitos, como também distorcida quanto ao seu real significado.
Grande perigo há nisto, porque sem santificação ninguém verá o Senhor.
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”, [Hb 12: 14]
Foi para o propósito mesmo de nos santificar, que Jesus veio a este mundo e assumiu a nossa natureza humana para que pudéssemos ser justificados, e a nossa culpa relativa ao pecado ser expiada em Seu sangue, para que por meio de Sua força e vida ressurreta pudéssemos ser habilitados a ser santos, conforme requerido pela justiça de Deus.
Nenhuma pessoa possui de si mesma a força, a capacidade, e a habilidade para se santificar e alcançar a verdadeira santidade, conforme se encontra na pessoa do próprio Deus.
Se Adão, antes da queda tinha força e capacidade por sua própria justiça, para guardar os mandamentos de Deus e apresentar-se puro e santo diante dEle, todavia, ele e toda a sua descendência perderam essa capacidade de atender à exigência da Lei de Deus, para que seja obedecida perfeitamente; então Deus introduziu uma nova aliança, para que através da mesma e nos termos do evangelho, com o perdão de todos os pecados daqueles que creem, pudessem pela força e justiça do próprio Cristo, mediante concessão da Sua graça a eles, atender às demandas da Lei, tornando-se agradáveis a Deus.
Mas, o que se requer de todos os crentes, é que sejam perfeitos assim como o Pai é perfeito; que eles não deixem de cumprir e ensinar, sequer um jota ou til da Lei.
É na diligência em buscar com sinceridade este alvo, com base na fé em Jesus, para lhes suprir com força e graça para tal, que são considerados santificados por Deus.
Onde há negligência, há rebelião contra a vontade do Senhor e um andar desordenado perante Ele, que não pode agradá-Lo de modo algum, pelo que, para um viver vitorioso na graça, nem mesmo o sacrifício de Jesus se mostrará eficaz para os tais que andam desse modo, sem que se arrependam e se convertam de fato, ao Senhor.
A presença do Espírito Santo e um andar nEle, pelo crente, infundirá em seu coração temor ao Senhor e à Sua Palavra, amor a Ele e a todos os Seus mandamentos, pois a inclinação do Espírito naqueles que não O entristecem com seus pecados confessados e abandonados é para a vida e paz, produzindo comunhão com Deus, e com todos os demais crentes que são assim santificados.
“... Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” [II Timóteo 2: 22b]
Mas, alguém indagará se é então, por se guardar toda a Lei perfeitamente, que somos aceitos por Deus. A Bíblia responde, que ninguém é capaz para isto por si mesmo, e ainda que receba a graça do evangelho por uma conversão genuína, ainda estará sujeito à ação dos resquícios do pecado que residem no velho homem, dos quais devemos diligentemente procurar nos despojar.
É nesta posição permanente de luta contra todo pecado, para o propósito de estarmos em comunhão com o Senhor, que somos considerados por Ele, como tendo cumprido a Sua vontade, segundo os termos que tem estabelecido no evangelho, de ser gracioso e misericordioso para com todos os que choram e lamentam por seus pecados, com o sério propósito de mortificá-los.
Assim, a honra e obediência que é devida à Lei não é removida, pois Jesus a cumpriu perfeitamente, para poder responder por nossas eventuais falhas, não deliberadas no seu cumprimento - mas destas coisas falaremos mais detalhadamente, em nossos estudos posteriores.