Afeto Natural

 



Ter falta de afeto natural é uma das graves condições pecaminosas alinhada dentre outras, pelo apóstolo Paulo em seu texto, no qual profetiza sobre os tempos difíceis dos últimos dias.
"Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis",
"pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes",
"desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem", 

"traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus",
"tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes"
.  [2 Tm 3: 1-5]


Mas, quando este afeto natural, que consiste no direcionamento e demonstração de nosso amor ao próximo e a todas as criaturas torna-se irregular, sendo maior do que o nosso amor a Deus, ou que nos impeça de amá-Lo acima de tudo e todos, ele próprio se transforma em algo pecaminoso, pelo mal uso que fazemos de nossas afeições, pelos mais variados motivos como, por exemplo, tornar aquilo que amamos em um objeto de idolatria ou, então o nosso afeto ser dirigido por motivos egoístas e interesseiros, por bajulação, por autocomiseração, inveja, ciúme, etc.

Se é esta a nossa condição em relação ao que é natural, quanto pior é ela em respeito ao que é espiritual, porque se não temos controle sobre aquilo que conhecemos, e que nos é dado conhecer por nossas próprias faculdades naturais; qual seria o controle que poderíamos ter sobre aquilo que é invisível, espiritual, divino, celestial, que somente pode ser conhecido e vivido por nós, caso nos seja revelado pelo Espírito Santo!
O homem que é somente natural não está dotado da natureza espiritual, que é recebida do Espírito Santo, e assim não é capaz de nenhum modo para as coisas que são espirituais.
Agora, mesmo os crentes que são dotados de ambas as naturezas, caso não sejam santificados pelo Espírito Santo, andando nEle, por meio da fé em Jesus Cristo, em vez de desenvolverem o fruto do Espírito, o que se verá neles será as obras da carne, descritas pelo apóstolo em Gálatas 5.
Vemos assim, que a piedade é para tudo proveitosa, e se fundamenta na disposição adequada que é criada em nós pelo Espírito Santo ao nos santificar, pois dependemos disso como, por exemplo, para que o nosso afeto natural seja manifestado do modo que é agradável a Deus e à Sua vontade, pois sempre decidirá por aquilo que é prescrito por Ele, em Sua Palavra, e não por nossos possíveis sentimentos irregulares.

Uma alma assim santificada aplicará a disciplina de Deus com longanimidade, e doutrina a seus filhos, e não os poupará por um afeto irregular a pretexto de não contrariá-los, e também não os provocará à ira ao agir por pura imposição de sua própria vontade a eles, fora da conduta que é exigida de Deus para que todos os nossos atos sejam graciosos e gentis, sempre almejando o bem do nosso próximo.
Como poderíamos suportar ofensas sem sentimentos de vingança, dispostos a perdoar setenta vezes sete?
Como poderíamos amar nossos inimigos, e orar em favor dos que nos amaldiçoam?
Como poderíamos estar sujeitos aos nossos superiores, ainda que sejam perversos, suportando injustiças por amor a Deus, caso o Espírito Santo não repousasse sobre nós, controlando todo o nosso ser, em santificação, conforme palavras do apóstolo Pedro em sua primeira epístola?

Assim, para estes e muitos outros propósitos úteis, dependemos da santificação do Espírito Santo, conforme somos instruídos pela Palavra como, por exemplo; a termos todas as nossas relações em boa ordem, sendo as esposas submissas a seus maridos, e estes amando-as e provendo para elas, e ambos trazendo os filhos em sujeição ao Senhor; os filhos sendo obedientes a seus pais, os servos sujeitos a seus senhores, e estes agindo com justiça em relação aos seus servos.
Lembremos sempre, que não podemos santificar a nós mesmos, assim como não podemos ser justificados, ou regenerados, ou glorificados sem que Deus o faça por nós, segundo a nossa fé em Jesus Cristo, e pelas operações diretas do Espírito Santo.

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/10/2021
Reeditado em 28/10/2023
Código do texto: T7363793
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