Tão grande e disseminada é a prática de grosseiros pecados por parte de toda a humanidade em nossos dias, que alguém pode dar-se por justificado diante de Deus pelo simples fato de não cometer tantos pecados quanto os demais.
Mas há um grande engano nisso, porque não é por esse meio que devemos nos julgar em nossa aprovação pelo Senhor, senão por termos de fato a fé que salva, justifica, e santifica, que nos une a Jesus Cristo, que é o autor e consumador de tudo aquilo que alcançamos por meio da fé.

Uma mera luta contra o pecado e para a obtenção de um viver virtuoso foi algo buscado por muitos filósofos pagãos, e que tendo alcançado em grande medida o objetivo deles, no entanto não lograram obter a salvação que é somente pela graça e mediante a fé em Jesus.
Se uma pessoa busca ser virtuosa, mas se não ama a Jesus e não é dirigida por Ele, de que lhe valerá toda a sua virtude no final? Há inclusive o risco de se tornar orgulhosa por conta dessa virtude, e a condenar aqueles que julga não serem tão virtuosos quanto ela. E não foi exatamente este o maior pecado dos escribas e fariseus dos dias de Jesus, que estavam cheios de justiça própria?

Se a nossa busca de um viver virtuoso não tem por objetivo glorificar a Deus e para servi-lo do modo pelo qual deve ser servido, em nada o nosso esforço nos recomendará a Ele.
Além disso, nenhuma virtude deve ser considerada isoladamente, de modo que os atributos de Deus encontram-se em perfeito equilíbrio nele, e nisso devemos imitá-lo, porque a santidade e a justiça sem a misericórdia e a longanimidade transformariam Deus em um déspota cruel.

Assim, importa ser zeloso, mas também paciente e bondoso; ser sincero e sério, mas também alegre; ser rigoroso, mas também cordial e gentil. E em todos os aspectos considerados deve haver a busca desse equilíbrio, senão as virtudes das quais possamos nos gabar, poderão até mesmo servirem para nos condenar.
Além disso, há uma aparente mortificação do pecado, que não é pertencente à verdadeira santificação operada pelo Espírito Santo, como por exemplo aquilo que procede de uma boa educação e de princípios de moralidade nos homens, que os restringe de muitos pecados grosseiros e escarnecedores; pode também proceder da mesma forma a partir do horror e do terror da consciência, quando isso se apodera de um homem, a quem Deus lança os flashes do fogo do inferno em sua face, isso pode fazê-lo se abster do pecado por um tempo, enquanto o horror está sobre ele. Pode também ser resultante do temperamento natural da pessoa, que a torna menos susceptível à ira, glutonaria, etc.

Há dessa forma muita confusão em mentes pouco esclarecidas que leva muitos crentes a pensarem que estão santificados por não errarem tanto quanto os demais.
Quem está santificado considera-se o principal pecador que há no mundo, porque seus olhos foram abertos para compreender o que é a sua condição interior, no que tange à sua antiga natureza que nele remanesce, e que somente pode ser submetida pelo poder de Jesus.

Sua luta contra o pecado não é apenas contra este ou aquele pecado, contra pecados pequenos ou grandes, mas contra o pecado como um princípio operante em seu ser, que demanda uma constante sujeição a Deus para que na comunhão com Ele, o pecado possa ser dominado, e em seu lugar, ser governado pela graça do Senhor.
E muito menos esta luta contra o pecado tem a ver com uma luta contra os descalabros praticados por governantes, porque agir falando contra o erro deles não me justifica diante de Deus, senão um caminhar em santidade na Sua presença, de maneira que se o juízo de Deus começa por sua própria casa, e julgará até mesmo o Seu povo, o que Ele não fará no dia do Juízo final contra estes que deveriam zelar pela justiça e pela verdade? Mas, como poderiam fazê-lo nos termos requeridos por Deus, quando não têm qualquer capacidade para isto, uma vez que não são nascidos de novo do Espírito Santo?

“Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?”
[I Pedro 4: 18]

“30 Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
31 Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” [Hebreus 10: 30, 31]
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 25/09/2021
Reeditado em 25/09/2021
Código do texto: T7350388
Classificação de conteúdo: seguro