Santidade

Parte 14


 

Meus amados, nós temos falado muito sobre o que devemos fazer para que estejamos santificados, mas há algo que nunca podemos esquecer, que é a grande e essencial verdade de que é Jesus que faz infinitamente mais para que possamos ser santos.
A Bíblia e a história da Igreja estão repletas de exemplos quanto ao grande poder exercido por Jesus para a transformação de todo tipo de pecadores e solução de quaisquer problemas que eles possuíam em suas vidas.
Um dos exemplos mais marcantes é o da conversão do endemoninhado gadareno.
Aquele homem vivia entre os sepulcros e mesmo quando amarrado com correntes de ferro ele as quebrava, porque havia nele uma legião de demônios terríveis que o tornavam violento e excessivamente agresssivo.

 

Ninguém se disporia a crer que haveria algum tipo de cura para tal pessoa, mas Jesus não somente se compadeceu dele como se dispôs a curá-lo.
Jesus, para testemunho do que seria feito, para os apóstolos e para as gerações futuras, perguntou o nome aos demônios, e estes declararam ser legião porque eram muitos. Isto foi para demonstrar a dimensão da libertação que ele faria, para que nenhum de nós duvide no presente de que é de fato todo-poderoso para nos libertar, curar, transformar, enfim expulsar de nós todo tipo de mal e poder das trevas para que sejamos curados.
Mas, aquela cura tinha muito mais em vista, porque o que era endemoninhado se tornou missionário em toda a Decápolis e foi o agente da salvação de muitos outros.

 

Ora, o que há de lastimável é que muitos que são psicopatas e portadores de enfermidades do espírito, da alma e do corpo, mesmo tendo consciência de sua condição, e de quem é Jesus, pelo que se dá testemunho dele nas Escrituras, e pelo que vêm de suas operações transformadoras nas vidas de muitos, ainda assim não creem nele e que seja poderoso ou interessado para também transformá-los.
Eles enxergam seus problemas e vícios como sendo muito maiores do que Jesus, e assim trazem grande desonra para o Seu grande nome, e não são curados.
Mas, o que era endemoninhado em Gadara, que não tinha consciência e conhecimento de coisa alguma a respeito de Jesus, não somente creu imediatamente nEle, como se determinou a segui-Lo juntamente com os apóstolos.

Vendo sua sincera disposição e sabendo de sua vocação, o Senhor tinha outros planos para ele, e ele obedeceu o seu Mestre indo para a chamada região das dez cidades para ser ali um missionário.
Sua vida transformada seria um grande testemunho do poder de Jesus, para curar qualquer tipo de enfermidade ou possessão maligna, como para transformar o caráter de um pecador, no de um verdadeiro santo.

 

Os detalhes das muitas lutas que ele teve que empreender para se santificar não são relatados nas Escrituras, mas podemos imaginar o quanto deveria ser tentado a descrer que havia sido realmente transformado, por conta de algum pecado remanescente, como é comum ocorrer com todos os crentes, mas ele permaneceu firme na fé, e não descreu, porque o mesmo poder que o havia transformado no princípio, ainda se manifestava nele, dando-lhe continuadas libertações de todo tipo de laço pecaminoso com que sua própria antiga natureza procurava lhe enredar, bem como de toda tentação externa vinda da parte do mundo e do diabo.
Maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo.
Jesus tem todo o poder sobre o diabo, o pecado e o mundo. Ele venceu esta trindade maligna e nos dá testemunho disso não somente em palavras no Evangelho, como em ações em nossas vidas e nas de muitos, por séculos sucessivos na história da humanidade. Daí ser dito, que o que vence o mundo é a nossa fé nEle.

 

Ora, em quem creremos: em nós, nos demais homens, no diabo, nos demônios, ou em Jesus, para que sejamos libertados e abençoados por Deus?
Qual lado escolheremos antes da nossa libertação, se nos é dada esta oportunidade, diferentemente como é o caso de muitos, como foi o do gadareno, que não tinham a capacidade de escolher?

Se temos tido a oportunidade, devemos agarrá-la e expulsar todo tipo de convicção pessoal que tente nos manter do lado das trevas.
Tenhamos a coragem e disposição de caminhar na direção da luz, ainda que sabendo que nossos olhos espirituais arderão um pouco no princípio com a intensidade da sua claridade, uma vez tendo permanecido tanto tempo na escuridão, que sentirão alguma dificuldade para se abrir, assim como sucede no mundo natural quando se sai de um lugar escuro para um luminoso.

 

São abjetos os seres que vivem nas trevas. Não podem ser úteis para os propósitos de Deus de manifestarem que Ele é a luz do mundo. Saiamos então pela fé, em nada duvidando, sabendo que aquele que curou o gadareno é poderoso para curar qualquer um.
Leprosos foram limpos. Mortos foram ressucitados. Endemoninhados foram libertos. Lunáticos e psicopatas foram curados. E isto continua ocorrendo ao longo da história.

Por que seria diferente com algum de nós?

Não temos a promessa de Jesus de que não impedirá ninguém de vir a Ele, e que nunca lançará fora a qualquer que o fizer?

 

Maldita incredulidade que mantém o homem escravizado e condenado a um juízo de fogo horrível, quando estava ao seu dispor uma imediata libertação do mal pelo poder do amoroso Jesus.
Mas, todo aquele que crê, é curado deste mal da incredulidade, e como o gadareno, sente-se unido em espírito a Jesus, e passa a amá-lo mais do que a tudo, e o seguirá obedientemente em tudo o que for determinado por Ele para a Sua vida, quer nas Escrituras, quer pela instrução diária e pessoal do Espírito Santo.
É por isso que o apóstolo Mateus registrou em seu evangelho logo e imediatamente após conclusão do Sermão do Monte no sétimo capítulo, as ações de Jesus para nos mostrar que Ele não veio apenas para nos trazer ensinamentos, mas para efetivamente agir em nós, na transformação de nossas vidas.
Nós temos o registro detalhado das ações de Jesus relativas ao endemoninhado gadareno no oitavo capítulo do evangelho de Lucas, que destacamos a seguir:

“22 Aconteceu que, num daqueles dias, entrou ele num barco em companhia dos seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra margem do lago; e partiram.
23 Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar.
24 Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança.
25 Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?
26 Então, rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galileia.
27 Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros.
28 E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
29 Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto.
30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.
31 Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo.
32 Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu.
33 Tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou.
34 Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos.
35 Então, saiu o povo para ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato, acharam o homem de quem saíram os demônios, vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror.
36 E algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-lhes também como fora salvo o endemoninhado.
37 Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou.
38 O homem de quem tinham saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo:
39 Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.’
(Lucas 8: 22-39)

 

Meus amados, quando Jesus foi duramente questionado pelos judeus que tentavam enredá-lo no crime de quebrar o sábado, ele disse que era senhor do sábado, e maior do que ele, e que instituiu o sábado para o benefício do homem e glória de Deus, e não o homem para o sábado.
Sendo Deus com o Pai e o Espírito Santo, é também o grande Legislador e Juiz, que além dos termos da Lei dada a Moisés, determinou como lei para Si mesmo usar de misericórdia com os pecadores e perdoar e esquecer as transgressões daqueles que se arrependessem e nEle cressem para a vida eterna.
Deus sempre salvou por graça e mediante a fé, desde a queda do primeiro homem, e este foi o caso com Abraão e muitos outros além dos relacionados na galeria da fé do 11º capítulo da epístola aos Hebreus.

 

A nova aliança que foi prometida às casas de Israel e Judá, conforme se vê em Jeremias 31: 31-34, em Ezequiel 36: 23-26, e outras passagens bíblicas, foi decorrente de terem eles anulado a aliança da Lei feita pela mediação de Moisés, e como eles sempre estavam transgredindo a Lei, Deus nunca se proveria de um povo nos termos daquela aliança de obras, de maneira que a revogou e substituiu por uma nova aliança de graça e fé, em que perdoa a transgressão dos aliançados.
Então, não há outra forma de se tornar filho de Deus e fazer parte do Seu povo, a não ser por meio do sangue da nova aliança que foi derramado por Jesus. Sem fé em Jesus não há perdão, nenhuma salvação, nenhum céu.
Concluímos portanto, que Deus não está obrigado a ser legalista nos termos crus e frios da aplicação das cominações e ameaças da Lei de Moisés, pois tem intervindo também com graça em favor dos que se arrependem e têm fé. Ele não revoga e não remove a Lei, mas como Juiz decide o modo de aplicar tudo o que é determinado por Ele através da mesma.

 

O que se aprende daí é que a par de não ter revogado a Lei e os profetas, na condição de ser também Jesus o autor da Lei e o senhor dos profetas, tinha o direito legítimo, que é muito maior do que o legal, de usar de misericórdia na aplicação da Lei, e não agir de modo legalista friamente, aplicando imediatamente as sentenças condenatórias da lei a seus transgressores.
E havia um grande motivo justo para agir dessa maneira, pois carregaria sobre Si no Calvário todos os nossos pecados, e pagaria o preço do castigo previsto para os mesmos, sofrendo no nosso lugar.
Tinha portanto, o direito de perdoar e usar de misericórdia para com quem quiser.
Ninguém pode impugná-lo nesse direito justo e legítimo que ele possui. Daí sermos convidados e incentivados a nos aproximarmos dEle com inteira confiança, na certeza de que seremos recebidos e atendidos.
Glórias ao seu santo nome.

Amém.

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 26/10/2020
Reeditado em 12/11/2023
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