As duas asas.
A rusticidade dos ancestrais guerreiros há de ser restituída como fortalezas nas hodiernas mentes. À medida que evoluímos as nossas batalhas passam a serem travadas em nós mesmos, em nossas mentes.
Outrora prevaleciam aríetes, catapultas, dardos… e os guerreiros no campo de batalha morriam ou se realizavam vencedores, numa catarse mental e pronto, sem culpa, sem sentir-se melhor que os derrotados, sem buscar muita razão em tudo, apenas a sobrevivência.
Atualmente são outras as armas e recorremos às ultrapassadas estratégias, tornando-nos por demais vulneráveis. Hoje as catapultas lançam ansiedades, os aríetes nos desmoronam com depressão, os dardos nos alfinetam em nossa tão atual falta de resistência, obrigando-nos a nos submeter ao fundo do poço: às drogas...
É uma morte deveras indigna, ocorre aos poucos, primeiro a morte moral, nos esvaziam, tiram-nos a força e a fé e nos levam a uma entrega, uma inação e a culpar a tudo e a todos e, não raras vezes, ao auto-extermínio.
Rusticidade mental, resiliência, muitas doses de realidade do mundo em que vivemos e não daquele mundo na redoma, isolado das adversidades, nós não o criamos e nem dele somos o umbigo, esse deve ser o foco, o entendimento, à princípio.
Qualquer coisa nos adoece, nos desequilibra e nos leva a um digladiar interno, onde só há derrotas, onde definhamo-nos física e mentalmente e perdemos para a nossa contumaz soberba, às vezes advinda de uma inconsciente e induzida alienação.
Conceitos, preconceitos, razões e erros e, até o conhecimento, nomeiam-nos juízes, e quando a consciência declara-nos incompetentes, frusta-nos, mas o pior ainda é quando nos tornamos réus de nós mesmos…
Enfim, testemunhamos uma geração que sabe pôr o dedo em riste e mergulhada em extremismo, não consegue praticar o perdão, que chega ao cúmulo de ridicularizar Deus, é também ferrenha seguidora do laicismo, arvora-se em ser mais real do que o rei, julga-se autossuficiente, a todo momento condena sem ser empática. Os sintomas ficam mais perigosos quando adona-se da verdade e passa a impô-la de forma arbitrária, mas os seus psíquicos fóruns ainda encontram-se totalmente à mercê daquelas catapultas, aríetes e dos certeiros dardos, por pura insolência...
A evolução não ocorre no científico e pretenso exato conhecimento, mas na inteligência emocional inseparável da moral, o que nos são as duas asas e o homem jamais alçará voo com apenas uma delas.
Assim essa geração se perde no caminho, se afasta da verdade, e se destrói numa auto tortura e coloca-se em situações mais propensas às tão frequentes, atuais e cada vez mais precoces demências.