Qual é a Nossa Parte?

 

 

 


O conceito arminiano de que devemos fazer a nossa parte, para que Deus possa fazer a dEle soa até muito lógico à razão humana, pois seria de se esperar que, principalmente naquelas coisas que o homem pode fazer por si mesmo, não faria sentido incomodar a Deus com elas.
Todavia, este é o modo de julgar da carne, pois o plano de Deus não é natural e nem carnal, mas espiritual.
Deus não é homem e Seus pensamentos e caminhos são mais elevados que os nossos, e em sendo o Criador, importa ser atendido e obedecido em tudo, pelas seguintes razões dentre outras:
1) Em sendo criaturas, somos dependentes dele em tudo e para tudo.
2) É o Seu grande prazer, como Criador, que como suas criaturas respondamos a tudo o que devemos ser e fazer, segundo a Sua boa, perfeita e agradável vontade.
3) Tendo ficado sujeitos ao pecado, nossa natureza foi corrompida, impedindo-nos de ser e agir de modo santo e agradável a Deus sem sermos regenerados e santificados.
4) Por isso, Deus espera que demos por devolvido a Ele o livre arbítrio que nos concedeu, para que sejamos guiados de modo correto em todas as coisas, inclusive em nossos pensamentos, para que Ele marque em nós a Sua santidade.
5) Sendo assim, totalmente dependentes dEle, a nossa parte é que recorramos a Ele sempre em espírito de oração, para recebermos não somente um bom estado em nossas almas, como também para sermos capacitados a fazer todas as coisas do modo pelo qual importa que sejam feitas.

Deus tem prazer em atender a todas as nossas abordagens feitas a Ele, ainda que seja para as coisas mais comuns da vida, para receber a sua bênção e capacitação para ser e fazer tudo com amor e para a exclusiva glória dEle.
Vemos portanto, quão blasfemo e rebelde é este modo de pensar que Ele nada tem a ver com aquilo que consideramos como sendo a nossa parte na vida – aquelas coisas que nos sentimos habilitados naturalmente a fazer.
Nunca devemos esquecer que até mesmo o simples ato de respirar é algo que nos é concedido pela providência de Deus, pois se ele remove a Sua mão, pela qual tudo na criação é sustentado para que continue funcionando, o resultado é que não seremos capazes de até mesmo respirar (tenho um testemunho particular relativo a isto, que não cabe agora entrar em detalhes, mas depois de muito tempo com uma terrível dificuldade para respirar e com muito sofrimento, disse-me o Senhor:

“Hoje, às tantas horas, farei com que a sua respiração volte ao normal”, e assim sucedeu.)

Fora então, com este ídolo dourado do livre arbítrio independente, absoluto humano, em que Deus fica de fora de nossas vidas em muitas coisas, e quando é assim, na verdade o temos colocado fora de tudo, porque é de uma arrogância e prepotência muito grande o pensamento de que podemos escolher no que devemos recorrer e depender dEle, e no que não.
O profeta declara que ele sabe que “o caminho do homem não está em si mesmo”.

“Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos”. [Jr 10: 23]
E, Salomão; 
“O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos”. [Pv 16: 9]

Por falta de reconhecimento desta nossa total dependência do Senhor, pois é Ele mesmo que diz que sem Ele nada podemos fazer, que vemos se multiplicar em nossa época a igreja insolente de Laodiceia que afirma não necessitar de coisa alguma e ser rica por si mesma, quando temos centenas de textos na Bíblia que afirmam nossa total dependência do Senhor.
“Senhor concede-nos a paz, porque todas as nossas obras tu as fazes por nós”. [Is 26: 12]

“Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai”.
"E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da  cabeça estão contados”, 
[Mt 10: 29, 30]

“Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles".
"Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé” !
[Lc 12: 27,28]

Como Ele moldou todas as coisas por Sua sabedoria, assim as continua por Sua providência em excelente ordem, como é declarado em geral, no Salmo 104. Isto não está limitado a nenhum lugar ou coisa em particular;
“Os olhos  do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”. [Pv 15: 3]
Assim, "ninguém pode se esconder em lugares secretos que Ele não deve vê-lo", [Jeremias 23: 24; Atos 17: 24; Jó 5: 10,11; Êxodo 4: 11]

E, tudo isso Ele diz;
"Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro".
"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas”.
 [Is 45: 6, 7]

Nestas e inumeráveis passagens o Senhor declara, que não há nada que Ele tenha feito, que com a boa mão da Sua providência, Ele não governe e sustente.
Como podemos ter bons e santos pensamentos, se o Senhor não os criar em nós?
Como os teremos, se não os buscarmos nEle?

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/05/2018
Reeditado em 06/11/2023
Código do texto: T6344323
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