U`Netanneh Tokef (Validação)
(Reza de Iom Kippur)
©Sarah D.A. Lynch
Em 1997, depois de 12 anos lutando, por todos os meios, através do território de cinco continentes, para libertar meus três filhos mais velhos de uma seita cristã que os sequestrara em Dallas, Texas, eu descobri que esgotara todos os meios humanos. Foi então que, no dia 4 de junho daquele mesmo ano, desafiei os Céus e contendi com o próprio D´us pela libertação de meus filhos.
Naquela noite, levantei os braços e me postei perante o Eterno, rezando.
“Hashem, devolve-me meus filhos – mesmo se Tu tiveres que apagar meu nome do Teu Livro da Vida! Tira Teu Nome da minha testa, e meu nome da Tua mão direita, mas traze-os de volta para casa! Tu disseste que não mentirias, então apaga-me do Teu Livro, tira para sempre de mim a Tua salvação, mas cumpre Tuas palavras, e traze meus filhos de volta, salva meus filhos agora!”
Meu corpo estava tremendo, como se uma corrente elétrica passasse, através de meus braços estirados, até meus pés. Com os olhos do coração, visualizei meu filho mais velho, David, como ele era quando o perdi: pequeno e magrinho, cabelos ruivos brilhantes, grandes olhos azuis. Chamei o menininho que ele ainda devia ter dentro de si, a criança que eu podia ouvir chamando por sua mamãe, e puxei-o para mim.
“David! David, escute! Eu sei que você está me procurando. Venha para sua mamãe, David! Você está me ouvindo? David, volte para casa!”
Minhas mãos abertas eram antenas, como as de Moisés, como as de Josué. Como as asas estendidas dos Cherubim sobre a Arca da Aliança. Dez dedos, dez galhos, dez Mandamentos, dez Sefirot do Nada – conectando-me ao Infinito. “David, onde quer que você esteja, venha para casa!”
Lentamente, para não fazer um só erro, permutei o nome dele com as letras do Nome Impronunciável, descendo por cada letra do alfabeto hebraico, passando por todas as cinco vogais, minuto por minuto, hora após hora. Sozinha na quietude da noite, batalhei com o Infinito pela mente do meu filho.
Levara-me três anos estudando Kabbalah, e aprendendo de cor o método de permutação; quinze dias para compor a permutação e memorizá-la; quase quatro horas para recitá-la, em pé, braços levantados, mãos estiradas à altura do rosto (precisei me apoiar a uma parede). “Cinco contra cinco, com a circuncisão da língua de entremeio.” (Sefer Yetzirah)
Duas semanas mais tarde, após 12 anos de desespero, meus filhos retornaram para casa. Eu havia me conectado, e vencera a batalha com o Infinito. Mais tarde registrei isso em um poema (http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=658949).
No mês de Elul daquele mesmo ano, escrevi em meu diário: “Hashem, eu abri mão da minha própria alma em favor da salvação dos meus filhos. Adonai, restaura a minha alma.”
Foi aí que essa reza de Iom Kippur, U´Netaneh Tokef, veio ao meu coração com toda a sua força, e aprendi o verdadeiro significado de Teshuvah (retorno), Tefillah (reza) e Tzedakah (caridade).
Aprendi que, ao me aproximar do Rei durante todo aquele mês, ao rezar Moda Ani a cada manhã, e ao ter dado tudo por amor aos meus filhos naquela noite, Hashem preservaria a minha alma. Ele validara sua Aliança comigo. Meu nome permaneceria para sempre inscrito no Seu Livro da Vida. Nada e ninguém poderia me separar Dele. Então, naquele ano, os Dias de Assombro, os dez dias que separam o Ano Novo (Rosh Hashannah) de Iom Kippur, foram, na verdade, dias de exultação, e Elul se tornou, para mim, o mês do agradecimento.
“Eu sou do meu Amado, e meu Amado é meu.”
A mais bela parte da reza Unetanneh Tokef é a que se segue, e está como música de fundo neste texto, composta por Leonard Cohen. E sei que passei pelo fogo, e Ele esteve comigo.
“Em Rosh Hashanah inscreve-se
E em Iom Kippur sela-se
Quantos morrerão e quantos nascerão
Quem viverá e quem morrerá
Quem pela contagem dos dias e quem antes
Quem pelo fogo e quem pela água
Quem pela fome e quem pela sede
Quem por terremoto e quem por praga
Quem por estrangulamento e quem por apedrejamento
Quem descansará e quem ficará vagando
Quem será tranquilo e quem será acossado
Quem estará descansado e quem será afligido
Quem se tornará pobre e quem se tornará rico
Quem será rebaixado e quem será elevado.”
(Reza de Iom Kippur)
©Sarah D.A. Lynch
Em 1997, depois de 12 anos lutando, por todos os meios, através do território de cinco continentes, para libertar meus três filhos mais velhos de uma seita cristã que os sequestrara em Dallas, Texas, eu descobri que esgotara todos os meios humanos. Foi então que, no dia 4 de junho daquele mesmo ano, desafiei os Céus e contendi com o próprio D´us pela libertação de meus filhos.
Naquela noite, levantei os braços e me postei perante o Eterno, rezando.
“Hashem, devolve-me meus filhos – mesmo se Tu tiveres que apagar meu nome do Teu Livro da Vida! Tira Teu Nome da minha testa, e meu nome da Tua mão direita, mas traze-os de volta para casa! Tu disseste que não mentirias, então apaga-me do Teu Livro, tira para sempre de mim a Tua salvação, mas cumpre Tuas palavras, e traze meus filhos de volta, salva meus filhos agora!”
Meu corpo estava tremendo, como se uma corrente elétrica passasse, através de meus braços estirados, até meus pés. Com os olhos do coração, visualizei meu filho mais velho, David, como ele era quando o perdi: pequeno e magrinho, cabelos ruivos brilhantes, grandes olhos azuis. Chamei o menininho que ele ainda devia ter dentro de si, a criança que eu podia ouvir chamando por sua mamãe, e puxei-o para mim.
“David! David, escute! Eu sei que você está me procurando. Venha para sua mamãe, David! Você está me ouvindo? David, volte para casa!”
Minhas mãos abertas eram antenas, como as de Moisés, como as de Josué. Como as asas estendidas dos Cherubim sobre a Arca da Aliança. Dez dedos, dez galhos, dez Mandamentos, dez Sefirot do Nada – conectando-me ao Infinito. “David, onde quer que você esteja, venha para casa!”
Lentamente, para não fazer um só erro, permutei o nome dele com as letras do Nome Impronunciável, descendo por cada letra do alfabeto hebraico, passando por todas as cinco vogais, minuto por minuto, hora após hora. Sozinha na quietude da noite, batalhei com o Infinito pela mente do meu filho.
Levara-me três anos estudando Kabbalah, e aprendendo de cor o método de permutação; quinze dias para compor a permutação e memorizá-la; quase quatro horas para recitá-la, em pé, braços levantados, mãos estiradas à altura do rosto (precisei me apoiar a uma parede). “Cinco contra cinco, com a circuncisão da língua de entremeio.” (Sefer Yetzirah)
Duas semanas mais tarde, após 12 anos de desespero, meus filhos retornaram para casa. Eu havia me conectado, e vencera a batalha com o Infinito. Mais tarde registrei isso em um poema (http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=658949).
No mês de Elul daquele mesmo ano, escrevi em meu diário: “Hashem, eu abri mão da minha própria alma em favor da salvação dos meus filhos. Adonai, restaura a minha alma.”
Foi aí que essa reza de Iom Kippur, U´Netaneh Tokef, veio ao meu coração com toda a sua força, e aprendi o verdadeiro significado de Teshuvah (retorno), Tefillah (reza) e Tzedakah (caridade).
Aprendi que, ao me aproximar do Rei durante todo aquele mês, ao rezar Moda Ani a cada manhã, e ao ter dado tudo por amor aos meus filhos naquela noite, Hashem preservaria a minha alma. Ele validara sua Aliança comigo. Meu nome permaneceria para sempre inscrito no Seu Livro da Vida. Nada e ninguém poderia me separar Dele. Então, naquele ano, os Dias de Assombro, os dez dias que separam o Ano Novo (Rosh Hashannah) de Iom Kippur, foram, na verdade, dias de exultação, e Elul se tornou, para mim, o mês do agradecimento.
“Eu sou do meu Amado, e meu Amado é meu.”
A mais bela parte da reza Unetanneh Tokef é a que se segue, e está como música de fundo neste texto, composta por Leonard Cohen. E sei que passei pelo fogo, e Ele esteve comigo.
“Em Rosh Hashanah inscreve-se
E em Iom Kippur sela-se
Quantos morrerão e quantos nascerão
Quem viverá e quem morrerá
Quem pela contagem dos dias e quem antes
Quem pelo fogo e quem pela água
Quem pela fome e quem pela sede
Quem por terremoto e quem por praga
Quem por estrangulamento e quem por apedrejamento
Quem descansará e quem ficará vagando
Quem será tranquilo e quem será acossado
Quem estará descansado e quem será afligido
Quem se tornará pobre e quem se tornará rico
Quem será rebaixado e quem será elevado.”