A Causa e o Propósito do Sofrimento
Capítulo 4

 

Os amigos de Jó, de sua terra natal de Uz, lhe haviam abandonado completamente, porque testemunharam diretamente o quadro de miséria absoluta que lhe havia alcançado.

Por que, no juízo deles, deveriam continuar honrando a quem que se tornara menor do que eles?

Como reconheceriam poder e autoridade em quem não possuía sequer um boi, um camelo, um cordeiro?
E que mal podia se manter de pé com uma enfermidade pouco ou sequer conhecida entre eles?

 

Deste modo, ao ouvirem notícias do que havia sucedido a Jó, apenas três amigos de outras terras se dispuseram vir ter com ele, não para ajudá-lo a sair da condição em que se encontrava, mas para se certificarem do que havia chegado ao conhecimento deles, e para se condoerem de Jó e consolá-lo.
Estes vieram de Temã (Elifaz), de Suah (Bildade) e de Naamá (Zofar).

Tal foi o espanto deles quando depararam com o quadro de miséria e enfermidade em que Jó se encontrava, e impactados pela lembrança da antiga glória que havia nele, e que agora lhe havia sido tirada, que choraram em alta voz, porque Jó estava irreconhecível, pelo muito que havia sido devastado pela doença.
 

Além de lançarem pó sobre suas cabeças em sinal de lamento por ele, ficaram sentados ao seu lado por sete dias e sete noites, sem que nenhum deles lhe pudesse dizer qualquer palavra, porque a dor de Jó era muito grande, e é bem possível que estivesse inconsciente ou em algum tipo de coma, pela intensidade da dor; motivo porque não seria possível se comunicarem com ele, enquanto estivesse em tal estado.
Antes que a enfermidade avançasse até o ponto em que os três amigos de Jó viram o estado em que ele se encontrava, batalhas terríveis de acusação desferidas diretamente contra ele, devem ter ocorrido, com o diabo tentando convencer-lhe de que Deus havia pago a sua justiça com o mal - que Deus havia sido injusto para com ele, não reconhecendo toda a sua integridade, retidão e piedade.


Como não conseguiu fazer Jó recuar na sua fé e paciência, por fim, usou a boca da própria mulher de Jó com a insinuação de que tinha sido vã toda aquela sua integridade, porque a recompensa que Deus lhe dera por ela, foi um pagamento às avessas.
Então explodiu a grande intenção do diabo, conforme ele vinha dizendo desde o início ao Senhor que Jó o faria, caso fosse provado, que seria blasfemar o Seu nome, por isso a mulher de Jó lhe pediu que blasfemasse de Deus.
Todavia, a fé de Jó foi fortalecida pelo Senhor para que ele se mantivesse firme em sua integridade, e em vez de cometer este ato insano, ele mostrou à sua esposa que ela estava falando como alguém que está fora do seu juízo perfeito.
Ela estava muito abalada pela aflição que estava sofrendo juntamente com seu marido, e se tornou um instrumento fácil nas mãos do diabo, para que atacasse a justiça de Deus.
Jó lembrou à sua esposa o direito que Deus possui de fazer vir sobre nós tanto o bem quanto o mal.

Ele pode usar a ambos para propósitos específicos. Ainda que o próprio Jó, não compreendesse ainda muito bem, como Deus pode produzir o bem a partir das aflições que sofremos, como o apóstolo Paulo compreendeu perfeitamente este propósito, e todo crente que é bem esclarecido nos caminhos de Deus.

“3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

[Rm 5: 3-5]

 

 

 

 

 

 

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/08/2016
Reeditado em 17/11/2023
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