Mandamento, Lei, Preceito e Ordenança
Podemos inferir qual é a grande importância da lei e dos mandamentos de Deus para nós, através das inúmeras passagens bíblicas que a eles se referem (mais de 650 citações diretas das palavras do nosso título, sem contar os mandamentos e estatutos propriamente ditos, especialmente na Lei de Moisés).
É importante lembrar que desde a criação do primeiro casal, Deus lhes deu mandamentos específicos mesmo quando se encontravam em estado de inocência e sem pecado no Jardim do Éden.
De maneira que ainda que não sejamos salvos pelas obras da lei, todavia não estamos sem lei em Cristo. Ao contrário, pela fé nele confirmamos que a lei é espiritual, santa, perfeita, justa e boa, refletindo o caráter do grande Legislador.
Evidentemente, como afirma o apóstolo Paulo em I Timóteo 1.9,10, a lei não é feita para o justo, mas para os que são seus transgressores, mas, como nos encontramos ainda sujeitos à ação do pecado, necessitamos da lei para nos indicar qual seja a vontade de Deus, pois conforme proferido pelo mesmo apóstolo, não conheceríamos a cobiça como sendo pecado, caso a lei não dissesse: “não cobiçarás.”
Nosso Senhor confirmou a validade da lei até que tudo se cumpra, ou seja, quando já não estivermos mais sujeitos ao pecado, quando atingirmos aquele estado de perfeição prometido para o por vir.
Quando formos assexuados como os anjos, certamente não mais necessitaremos das leis contra o adultério, contra a fornicação, o incesto, e toda sorte de impureza sexual, mas enquanto no corpo, neste mundo, precisamos da lei para confirmar juntamente com o testemunho do Espírito Santo que todas as obras da carne, assim definidas pela lei, são pecaminosas.
Tão importante é a lei que na dispensação da graça, Deus a tem escrito nas mentes e nos corações dos crentes, por estarem estes debaixo da Nova Aliança, na qual prometeu fazê-lo pela habitação do seu Espírito em nós.
A lei que é escrita no nosso interior, sobrenaturalmente, e que nos inclina a amar os mandamentos de Deus, e a odiar os pecados que ela condena, é a mesma lei moral que foi revelada a Moisés, só que melhor entendida em seu sentido amplo e interno pelo ensino de Jesus nos evangelhos, pelos apóstolos no Novo Testamento, e pelo Espírito Santo.
De modo que tendo sido revogada a Antiga Aliança, não foram revogados, no entanto, os seus mandamentos, os quais Jesus não veio revogar, mas cumprir.
Desta forma, quando Jesus afirma que devemos guardar os Seus mandamentos, não devemos pensar que isto exclua as ordenanças morais do Antigo Testamento, pois neste se dá também testemunho do mandamento que nos é dado para nos arrependermos e cremos em Cristo, conforme Ele próprio afirmou em seu ministério terreno que a Lei e os Profetas (modo de se designar o conjunto das Escrituras do Velho Testemunho) testificavam a Seu respeito.
A este conjunto de ordenanças o Senhor acrescentou um novo mandamento, a saber, que os crentes se amassem com o mesmo amor com o qual Ele nos amou – o amor ágape divino, de comunhão mútua entre Deus e os que são nascidos do Espírito.
Se a lei nos alerta quanto ao que pode interromper a nossa comunhão com Deus e nos sujeitar ao Seu juízo ou correção, como poderíamos considerá-la como um inimigo?
Mas quando o assunto se trata da nossa salvação (justificação e regeneração) a lei, nossa amiga, não pode nos ajudar, porque isto pode ser feito somente pela graça, virtude, mérito e poder de Cristo.
A veemência com que o apóstolo Paulo escreveu a favor da justificação somente pela graça, mediante a fé, é explicada pela forte oposição que ele sofreu em seus dias da parte dos judeus legalistas, que ensinavam que a salvação não era pela graça e mediante a fé, mas por se guardar todos os mandamentos da Lei de Moisés.
É preciso pois ter muito cuidado ao se interpretar a palavra do apóstolo Paulo quando usa o termo “lei”, especialmente nas epístolas aos Romanos e aos Gálatas, pois quando diz por exemplo, que o crente não está debaixo da lei, o que ele quer afirmar é que não está debaixo do sistema da Antiga Aliança, por se encontrar numa Nova Aliança, e assim, a palavra lei nesses casos não se refere de modo nenhum aos mandamentos morais do Antigo Testamento.
Paulo não descumpria a Lei, conforme seu próprio testemunho na defesa que apresenta no livro de Atos, mas se opunha, como de fato todo verdadeiro crente deveria fazer, à afirmação de que a salvação é por se guardar todos os mandamentos da lei, aparte da graça e da fé.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – nomos (grego) – lei;
2 – entole (grego) – mandamento, preceito;
3 – mitzvah (hebraico) – mandamento, lei, preceito, ordenança;
4 – torah (hebraico) – lei, estatuto; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33525
Pr Silvio Dutra