Aumento da Fé - a Força de Princípios de Paz

Citações de um sermão de C. H. Spurgeon, traduzidas e adaptadas por Silvio Dutra.

"Os apóstolos disseram ao Senhor, aumenta a nossa fé." (Lucas 17.5)

Nosso último sermão pregado – Vencer o Mal com o Bem - em que eu sinceramente me esforcei para inculcar a doutrina de vencer o mal com o bem e o franco e completo perdão de todas as injúrias que sofremos por causa de Cristo, tem levantado muita discussão. Eu sei que assustou muitos de vocês e que vocês têm muitas perguntas entre si mesmos, assim como se tais preceitos são praticáveis por cristãos comuns. Pelo que eu não estou nada surpreso, porque quando o nosso Senhor pregou a mesma doutrina, seus discípulos ficaram tão espantados que os apóstolos exclamaram com surpresa: "Senhor, aumenta a nossa fé."

Isto é o mais importante neste caso para vermos a conexão do texto, ou você vai deixar de ver a sua importância. Não foi por causa de milagres que os apóstolos buscaram maior fé. Não foi para suportar as provações presentes ou futuras e nem foi para que lhes fosse concedido receber algum misterioso artigo da fé. Sua oração se refere a um dever cotidiano comum ordenado pelo Evangelho - o perdão daqueles que nos fazem o mal, conforme se infere dos versículos anteriores: "Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe." (Lucas 17.3,4).

E foi por ouvir isso que os apóstolos clamaram: "Aumenta a nossa fé." Se vocês, queridos amigos, têm ficado surpresos, com o alto padrão do dever cristão que meu Senhor estabeleceu para vocês, eu somente confio que esta surpresa possa conduzi-los ao mesmo ponto a que levou os primeiros servos do Senhor, e os obrigue a apelarem por ajuda Àquele que emitiu o comando. Ele não vai nos ajudar a andar nos Seus caminhos? Quando sentimos que os Seus mandamentos são extremamente amplos, para quem devemos apelar por ajuda, senão Àquele que é o nosso Líder em toda santa conversão e piedade? Ele não vai recusar a sua ajuda para realizá-lo!

Observe que os apóstolos não o fizeram, porque tinham pecado contra este preceito em ocasiões anteriores, e concluíram que eles não tinham fé. Eles não concluíram que o preceito estava muito acima deles e que, portanto, eles eram incrédulos. O desespero não ajuda o dever cristão! Duvidar de nosso discipulado não vai nos ajudar a obedecer nosso Senhor. Se algum de vocês se cortaram a si mesmos da família da fé, porque ficaram aquém das mais nobres formas de amor cristão, peço-lhe para começar de novo e, em vez de duvidar da existência da sua fé, peça para que seja aumentada. Há uma fonte aberta para o seu passado impuro e poder santificador para sua vida futura!

Nem os discípulos rejeitaram o preceito como totalmente impossível, nem se desculparam com base em suas circunstâncias peculiares que deveriam ser modificadas. Eles não se queixaram de que era esperar demais da natureza humana, nem consideraram o mandamento como única opção para os que habitam em Utopia. Não, eles respeitaram o preceito que os surpreendeu e admiraram a sua virtude. Como fiéis seguidores do Senhor Jesus, se sentiram obrigados a seguir onde Ele apontou o caminho, pois eles acreditavam que Ele era sábio demais para emitir um comando impossível, e também para ensinar um código impraticável de moral e honestidade, de padrão por demais elevado para que qualquer mortal pudesse, em qualquer medida, alcançar. Eles olharam para o Seu comando e eles sentiram tanta confiança nEle, que, em vez de recuarem, resolveram que deveria ser obedecido a todo custo.

Sua determinação era fazer a Sua vontade, mas com a sensação de que eles não poderiam alcançá-la em sua própria força, começaram a orar e a sua oração foi por fé. Eles sentiram que só a fé pode funcionar como uma maravilha do amor paciente! Isto estava muito fora da linha comum de ação e carne e sangue não poderiam realizá-lo - a mera determinação não o alcançaria – a fé deve fazê-lo e até mesmo a fé, em si mesma, necessitaria de reforço ou irá falhar na tentativa. Sentiram também, que o tipo de fé que poderia perdoar até setenta vezes sete deve ser sobrenatural e, portanto, eles disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé." Eles precisavam de tanta fé quanto Ele poderia dar a fim de que pudessem desempenhar as funções que Ele ordenou.

Amados, imitem o exemplo destes apóstolos! Sempre que vocês sentirem que têm algo a fazer que está além de vocês, parem um momento e façam uma oração por mais força.

Nosso Mestre, em Seu ensino, continuamente conectou o perdão aos outros com o exercício da fé. Nosso Senhor também ensinou que é preciso haver fé na oração, pelo que Ele também insistiu em que a oração deve ser sempre ligada a um espírito de perdão. Na verdade, na oração-modelo, segundo a qual devemos sempre moldar nossas petições, Ele nos ensinou a dizer: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores", ou "Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos os que nos têm ofendido."

Ele nos tem permitido, por assim dizer, estabelecer para nós mesmos a medida do perdão que queremos receber, e que a medida deve ser exatamente aquilo que estamos preparados para dar aos outros. Deus vai nos perdoar na proporção em que estejamos dispostos a perdoar! Se você tem uma culpa que você não pode perdoar, Deus também tem um pecado imperdoável escrito em seu livro contra você. Quero dizer imperdoável, enquanto você permanecer implacável. Se você só vai perdoar lentamente, e depois de uma forma mesquinha, você não pode desfrutar da gratuidade e da generosidade da misericórdia ilimitada de Deus! Então você vê, como nosso Senhor tinha ligado o sucesso na oração, tanto com o perdão quanto com a fé, e Ele havia sugerido o aumento de um tendo em vista a realização do outro.

Nenhum homem pode orar com sucesso, enquanto ele estiver em um estado implacável (imperdoável) de mente. Portanto aquele que ora com sucesso é portanto, um crente que está pronto para perdoar. Quanto mais a fé aumenta mais nos tornamos capazes de ignorar as provocações que suportamos.

Afinal, as façanhas que a maioria de vocês devem realizar não são nem milagres, nem a manutenção de orfanatos, mas atos de amor na vida comum! Vocês não têm que fechar as bocas dos leões, mas vocês têm a tarefa igualmente difícil de fechar suas próprias bocas quando estão em um temperamento irritado! Você não é chamado para extinguir a violência do fogo, exceto quando se queima em sua própria ira! Você não tem que ferir nenhum filisteu, mas os seus próprios pecados, e nem derrubar paredes, mas seus próprios preconceitos!

Devemos crer que Jesus pode transformar nosso temperamento de leão em de cordeiro, e o nossos espírito de corvo em de pomba. E se não temos fé suficiente para isso, devemos orar por isso.

Portanto, ore hoje: "Senhor, aumenta a minha fé, restitui-me mais uma vez a alegria da tua salvação." Quando você retornar de sua apostasia e se alegrar no Senhor de todo o seu coração, você vai achar que é fácil o suficiente perdoar o seu pior inimigo.

O homem que crê, entra em descanso e se torna calmo de espírito. E isso o impede de buscar vinganças mesquinhas. Ele sabe que, aconteça o que acontecer, está tudo certo para sempre. Ele sabe em quem ele tem crido e caminha na integridade do seu coração e, portanto, ele não é um homem que é susceptível de ser irritado facilmente.

Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/10/2014
Reeditado em 28/10/2014
Código do texto: T5014701
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