A Missão Presente de Jesus é Salvar e Não Julgar - Comentário de João 3.17

Por João Calvino

“Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3.17)

“Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo”. Isto é uma confirmação da declaração anterior; por isso não foi em vão que Deus enviou seu próprio Filho para nós. Ele não veio para destruir; e, portanto, se segue que é o ofício peculiar do Filho de Deus, que todos os que creem possam obter a salvação por ele. Agora não há razão para que qualquer homem esteja em um estado de hesitação ou de angustiante ansiedade, quanto à maneira pela qual ele pode escapar da morte, quando acreditamos que foi o propósito de Deus que Cristo nos livrasse dela. A palavra mundo é repetida novamente, para que ninguém possa pensar de si mesmo como totalmente excluído, se ele somente guardar o caminho da fé.

A palavra julgar (krino) é aqui colocada como condenar, como em muitas outros passagens.Quando ele declara que não veio para condenar o mundo, ele observa, assim, o desígnio real da sua vinda; porque que necessidade haveria que Cristo deveria vir para nos destruir, nós que estamos completamente arruinados? Não devemos, pois, olhar para qualquer outra coisa em Cristo, senão aquilo que Deus, por sua bondade infinita escolheu estender sua ajuda para salvar os que estavam perdidos; e sempre que nossos pecados nos pressionarem - sempre que Satanás puder nos levar ao desespero - que mantenhamos este escudo, que Deus não está disposto em nos deixar sobrecarregados com eterna destruição, porque ele designou seu Filho para a salvação do mundo.

Quando Cristo diz, em outras passagens, que ele há de vir para julgar (João 9.39); quando ele é chamado de uma pedra de escândalo (1 Pedro 2.7); quando dele é dito ser destinado para a destruição de muitos (Lucas 2.34), isto pode ser considerada como acidental, ou como resultante de uma causa diferente; porque aqueles que rejeitam a graça oferecida nele merecem encontrá-lo como o Juiz e o Vingador de desprezo tão indigno e vil. Um exemplo marcante disto pode ser visto no Evangelho; porque ele é estritamente o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16). A ingratidão de muitos faz com que isto se torne para eles a morte. Ambos têm sido bem expressados por Paulo, quando ele se gloria da vingança próxima, pela qual ele punirá todos os adversários de sua doutrina, depois que a obediência do piedoso tiver sido cumprida (2 Coríntios 10. 6).

O significado equivalente a isto, que o Evangelho é especialmente, e na primeira instância, nomeado para os crentes, para que possa ser a salvação para eles; todavia, depois dos crentes não escaparão impunes aqueles que, desprezando a graça de Cristo, optaram por tê-lo como autor de morte ao invés de vida.

Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 05/10/2014
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