Comentário de Judas 1.13

Por João Calvino

“Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas.” (Judas 1.12)

“Ondas impetuosas do mar”. Por que isto foi acrescentado, podemos saber mais perfeitamente a partir das palavras de Pedro (2 Pe 2:17, 18) era para mostrar que, estando inchados de orgulho, eles exalavam, ou antes expeliam a escuma de superfluidade de palavras em estilo grandiloquente. Ao mesmo tempo não traziam nada de espiritual, seu objetivo sendo, pelo contrário, tornar os homens tão estúpidos como animais irracionais. Tais são, conforme se disse antes, os fanáticos de nosso tempo, que se chamam a si mesmos de libertinos.

Podemos dizer justamente que eles fazem apenas sons retumbantes, pois, desprezando a linguagem comum, formam para si um não sei que idioma exótico. Eles parecem a um momento levar seus discípulos acima do céu, então repentinamente caem em erros bestiais, pois concebem um estado de inocência no qual não há diferença entre a vileza e a honestidade. Eles concebem uma vida espiritual, quando o temor é extinto, e quando todos se indultam negligentemente. Eles imaginam que nos tornamos deuses, porque Deus absorve os espíritos quando deixam seus corpos. Com o máximo cuidado e reverência a simplicidade da Escritura deveria ser estudada, para que, raciocinando mais refinadamente do que é justo, ao invés de levarmos os homens para o céu, não sejamos, pelo contrário, envolvidos em múltiplos labirintos. Por isso ele os chama de estrelas errantes, porque deslumbravam os olhos com um tipo de luz evanescente.

João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/09/2014
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