Tomando o Jugo Suave de Jesus
Por João Calvino
“29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” ((Mateus 11.29,30)
“Tomai o meu jugo sobre vós”. Percebemos que muitas pessoas abusam da graça de Cristo, transformando-a em uma satisfação da carne; e, por conseguinte Cristo, depois de prometer descanso alegre para as consciências miseravelmente angustiadas, lembra-lhes, ao mesmo tempo, que ele é seu Libertador sob a condição da submissão ao Seu jugo. Ele não absolve, ele nos diz, os homens de seus pecados, de tal maneira, que, restaurados ao favor de Deus, eles possam pecar com maior liberdade, mas que, levantados por Sua graça, também possam tomar o seu jugo sobre eles, e que, por serem libertados em espírito, possam conter a libertinagem da sua carne. E portanto, obtém-se uma definição do que é o descanso do qual ele tinha falado antes em Mateus 11.28. Não se trata de isentar os discípulos de Cristo da guerra da carne, para que possam se divertir à vontade, mas para treiná-los sob o peso da disciplina, e mantê-los sob o jugo da obediência à Palavra de Deus.
“Aprendei de mim”. É um erro, eu acho, supor que Cristo aqui nos assegura de sua mansidão, para que os seus discípulos, sob a influência do medo, que é geralmente experimentado ao nos aproximarmos de pessoas distintas, não permanecessem a uma distância dele por conta de sua Glória divina. É, antes, o seu desígnio nos formar para a imitação de si mesmo, porque a obstinação da carne nos leva a fugir do seu jugo. Logo a seguir, ele acrescenta,o meu jugo é suave, mas como poderia algum homem vir a ele voluntariamente e gentilmente dobrar a sua cerviz, a não ser por se colocar em mansidão, para se amoldar ao padrão de Cristo? Que este é o significado das palavras é simples; porque Cristo, depois de exortar os seus discípulos a suportarem o seu jugo, e desejando preveni-los de serem intimidados por suas dificuldades, acrescenta imediatamente, “aprendei de mim”; declarando assim que, quando o seu exemplo tiver nos acostumado à mansidão e à humildade, vamos deixar de sentir o seu jugo como sendo algo pesado. Para o mesmo fim, ele acrescenta, “vou aliviar vocês”.
Enquanto a carne prevalece, nos rebelamos; e aqueles que recusam o jugo de Cristo, e se esforçam para apaziguar a Deus de qualquer outra forma, se angustiam em vão.
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.