Comentário de 2 Tessalonicenses 2.16,17
Por João Calvino
“16. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança,
17. Console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra.”
“E o próprio Senhor”. Quando Paulo atribui a Cristo uma obra totalmente divina, e o apresenta em comum com o Pai, como o Autor das mais excelentes bênçãos; assim como temos nisto uma prova clara da divindade de Cristo, do mesmo modo somos admoestados de que não podemos obter nada de Deus a menos que o busquemos no próprio Cristo; e, quando pede que Deus lhes dê aquelas coisas que havia prescrito, ele mostra mui claramente quão pouca influência têm as exortações, a menos que Deus mova ou afete interiormente os nossos corações. Sem sombra de dúvida, haverá apenas um som oco atingindo os ouvidos, se a doutrina não receber a eficácia do Espírito.
O que ele acrescenta em seguida, que nos amou, e nos deu uma consolação, etc, relaciona-se com a confiança ao pedir; pois ele queria que os tessalonicenses se sentissem persuadidos de que Deus fará aquilo pelo que ele ora. E através do que prova isto? Em razão de que outrora revelou que eles lhe eram caros, ao mesmo tempo em que já lhes conferira distintos favores, e assim se comprometera com eles pelo tempo futuro. É isto o que ele quer dizer com eterna consolação. O termo esperança, ademais, tem o mesmo objeto em vista – para que eles esperassem confiantemente uma continuidade nunca deficiente de dons. Mas o que ele pede? Que Deus possa sustentar os seus corações pela sua consolação; pois este é o seu ofício – guardá-los de ceder à ansiedade ou desconfiança; e ainda, para que lhes dê perseverança, tanto em um curso santo e piedoso de vida, como na sã doutrina; pois sou da opinião de que é mais disto que ele fala do que do discurso comum, de modo que isto concorda com o que vem antes.