Comentário de 2 Tessalonicenses 3.15
Por João Calvino
“Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão.”
“Não o tenhais como inimigo”. Imediatamente Paulo acrescenta um abrandamento ao seu rigor; pois, como ordena em outro lugar, devemos ter o cuidado de que o ofensor não seja devorado pela tristeza (2 Co 2.7) – o que aconteceria se a severidade fosse excessiva. Por isso vemos que o uso da disciplina deveria ser de tal modo que contribuísse para o bem-estar daqueles em quem a Igreja inflige castigo. Ora, a severidade apenas machucará, quando for além dos devidos limites. Por isso, se queremos beneficiar, são necessárias a bondade e brandura, para que aqueles que são repreendidos saibam que, não obstante, são amados. Em suma, a excomunhão não serve para afastar os homens do rebanho do Senhor, e sim antes para trazê-los de volta quando estão errantes e extraviados.
Contudo, devemos observar por meio de que sinal ele queria que o amor fraternal fosse demonstrado – não através de engodos ou bajulação, e sim por meio de admoestações; pois assim acontecerá que todos aqueles que não forem incuráveis sentirão que há uma preocupação pelo seu bem-estar. Ao mesmo tempo, a excomunhão é distinguida do anátema; pois, quanto àqueles que a Igreja assinala pela severidade da sua censura, Paulo admoesta que não deveriam ser definitivamente lançados fora, como se estivessem privados de toda a esperança de salvação; mas devem ser envidados esforços para que sejam trazidos de volta a uma mente sã.