Fugir de Escândalos 3

João Calvino


“Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste.” (Mateus 18: 10)
 
Tende cuidado, não desprezeis a qualquer destes pequeninos”.

Como o orgulho é a mãe do desdém, e como o desprezo endurece os homens em servirem de escândalo, nosso Senhor, com a finalidade de aplicar um remédio apropriado para a cura desta doença, proíbe seus discípulos de desprezarem os pequeninos.

E, certamente, como já demos a entender, nenhum homem que tenha uma boa consideração para com seus irmãos jamais se permitirá, em servir-lhes de escândalo.

Esta conclusão do discurso de nosso Senhor tem a mesma tendência do início do mesmo, porque nos lembra que devemos nos esforçar mutuamente para sermos mais submissos e modestos; porque Deus abraça com amor maravilhoso os que são  pequenos.

 

Seria realmente estranho que um homem mortal desprezasse, ou tratasse como sendo de nenhuma importância, aqueles a quem Deus tem em tão alta estima. Ele prova este amor a partir do fato, que os anjos, que são ministros de sua salvação, desfrutam intimamente da presença de Deus.

No entanto, eu não acho que ele tem apenas por objetivo mostrar a honra que Deus lhes confere com a nomeação de anjos para serem seus tutores, mas, igualmente, para ameaçar aqueles que os desprezam; como se ele tivesse dito, que não é coisa leve desprezar aqueles que têm anjos por seus companheiros e amigos, para se vingarem em seu nome.

Devemos, portanto tomar cuidado em não desprezar a sua salvação, a qual até mesmo os anjos foram comissionados para ajudar.
A interpretação dada a esta passagem por alguns comentaristas, como que se Deus tivesse atribuído a cada crente o seu próprio anjo, não se baseia em fundamentos sólidos, porque as palavras de Cristo não significam que um único anjo está sempre ocupado com esta ou a aquela pessoa; e tal ideia é inconsistente com toda a doutrina da Escritura, que declara que os anjos acampam ao redor (Salmo 34: 7) dos piedosos, e que não um anjo apenas, mas muitos, foram comissionados para guardar cada um dos fiéis.

 

Fora, pois, com a noção fantasiosa de um anjo bom e um mal para cada um, e deixe-nos ficar satisfeitos com saber que o cuidado de toda a Igreja está comissionado a anjos, para ajudar cada membro conforme suas necessidades o exigirem.

Isto, talvez será indagado, que se os anjos ocupam um posto inferior ao nosso, porque eles foram nomeados para serem nossos ajudadores?

Eu respondo, que embora, por natureza, eles estão numa posição acima de nós, isso não os impede de prestar serviço a Deus em dispensar o favor que ele concede livremente a nós.

Por esta razão, eles são chamados de nossos anjos, porque seus trabalhos são para o nosso benefício.
 

 


Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/08/2014
Reeditado em 01/12/2023
Código do texto: T4939105
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