“seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.” (Isaías 40.8)
 

Por João Calvino
 
“Seca-se a erva”. Esta repetição é novamente adicionada com o objetivo de levar a nada a glória da carne, mas, ao mesmo tempo, contém em si um consolo muito valioso, que Deus, quando ele tem abatido o seu povo, imediatamente o levanta e o restaura. Assim, o contexto portanto é este: "A grama de fato seca e perece, mas a palavra do Senhor permanece para sempre." Depois de ter aprendido quão vazios e destituídos somos de todas as bênçãos, quão transitória e evanescente é a glória da carne, o único consolo que nos resta, para que possamos ser elevados pela palavra do Senhor, assim como por uma mão estendida, é que somos frágeis e caídos, mas a palavra do Senhor é durável e eterna, e, em um palavra, aquela vida que precisamos nos é oferecida a partir de uma outra esfera.
“Mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre”. Esta passagem compreende todo o Evangelho em poucas palavras; pois consiste de um reconhecimento da nossa miséria, pobreza e vazio, que, sendo sinceramente humildes, podemos voar para Deus, por quem somente poderemos ser perfeitamente restaurados. Que não fiquem portanto, os homens enfraquecidos ou desencorajados pelo conhecimento de sua nudez e vazio; porque a palavra eterna é exibida a eles e pela qual podem ser abundantemente apoiados e acolhidos. Nós somos igualmente ensinados que não devemos buscar consolo de qualquer outra fonte senão na da eternidade, que não deve ser procurada em qualquer outro lugar além de Deus; uma vez que nada que seja firme ou durável irá ser encontrado na terra. Nada é mais tolo do que ficar satisfeito com o estado presente, o qual vemos ser fugaz; e está enganado cada homem que espera ser capaz de obter a felicidade perfeita, somente quando ele subir até Deus, a quem a Escritura chama eterno, para que saibamos que a vida flui para nós a partir dele; e na verdade ele nos adota para ser seus filhos sob esta condição, para nos fazer participantes da sua imortalidade.
Mas isso seria inútil, se a forma de buscá-lo não nos fosse indicada; e, portanto, ele exibe a palavra, a partir da qual não devemos em nenhum aspecto nos desviar; porque se nos desviarmos no menor grau da palavra, estaremos envolvidos em labirintos estranhos, e não encontraremos nenhuma maneira de nos desembaraçar. Agora, a palavra é chamada eterna, e não apenas em si, mas em nós; e isso deve ser especialmente observado, pois, caso contrário, poderíamos não obter qualquer consolo. E assim Pedro, um expositor fiel dessa passagem, a aplica para nós, quando diz que "somos regenerados por esta semente incorruptível”, que é, diz ele, "a palavra que é pregada" (1 Pedro 1.23,25). Daí inferimos, o que mencionei um pouco antes, que a vida está preparada para os mortos que virão sedentos à fonte que está exposta a eles; porque o poder que está escondido em Deus nos é revelado pela palavra.
 
Traduzido e adaptado por Silvio Dutra.

 
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João Calvino
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/08/2014
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