Para o Propósito de Deus o Ser Humano é um Fracasso
Por D. M. Lloyd Jones
O mundo ainda acredita em educação e conhecimento. Acredita que todos os problemas são devidos à nossa falta de educação e o que precisamos é iluminação, conhecimento, a aplicação da razão e da lógica, e bom senso também - então, problema resolvido! Por conseguinte, precisamos agradecer a Deus pela ciência e pela educação que irão nos ajudar a ver e conhecer! Se ao menos as pessoas pudessem ser treinadas a pensar, dizem eles, e encarar os fatos, então não haveria problema algum. As dificuldades podem ser desvendadas pelo racionalismo. Claro, às vezes as pessoas estão dispostas a incluir neste conhecimento os ensinamentos de Jesus, como o chamam. Estão preparados para citar o Sermão do Monte. Dizem: "Como este sermão é óbvio e verdadeiro!" E assim introduzem o mesmo. Este ponto de vista, de que um bom ensinamento é tudo que é necessário para melhorar o mundo, é a visão mais comum de todas.
Mas, há ainda uma outra solução, que é similar à primeira. Alguns dizem que o problema é uma questão de doença. E defendido que quase todos os problemas que estão incomodando as pessoas de hoje nada mais são do que uma certa doença psicológica. Quando criminosos são denunciados numa corte e interrogados devido alguma má conduta, o comentário é feito: "O que ele fez não deve ser visto como crime, não deve ser chamado de pecado, é uma doença". Portanto, ao colocar pessoas na prisão, não se deve fazê-los trabalhar, mas chamar os psiquiatras, e falar amável e delicadamente com eles, porque são pessoas doentes. Se fizerem tudo isso, e explicarem as coisas aos presos e lhes der uma nova perspectiva, um novo ensinamento, e conseguir que se misturem com gente boa e agradável, gradualmente serão curados da doença, e o problema da sociedade e da moralidade será resolvido.
Ligado a isso está a nova perspectiva da natureza da punição. Uma das maiores mudanças que aconteceram neste século está na perspectiva da punição. As pessoas diziam que o principal objetivo da punição era punir- era punitiva. Mas hoje em dia esta visão é muito malquista. Estamos sendo informados de que o principal interesse da punição é reformar - é terapêutico. Por isso prisões tornaram-se reformatórios, onde curamos pessoas, e os ensinamos, e os introduzimos a uma nova vida.
Outras pessoas nos dizem que não devemos ficar tão nervosos com respeito aos problemas de hoje. O mundo está avançando, a humanidade está se aperfeiçoando e é meramente uma questão de tempo para que homens e mulheres consigam seus direitos. Verão sua tolice e deixarão de praticar tudo que os havia impedido no avanço ascendente da raça humana. A seu tempo alcançarão algum tipo de perfeição. "Seja paciente" é nos dito, "Roma não foi construída num dia e a raça humana não poderá ser endireitada em um dia."
Todos estes conceitos estão baseados sobre a crença de que homens e mulheres são essencialmente bons, ou, pelo menos, não são essencialmente ruins. É dito: "Oh, a Bíblia fala sobre pecado, e os velhos pregadores geralmente falavam sobre isto, mas nós já superamos esta fase; sabemos que tudo isto é tolice". Mas o fato é que estas abordagens já foram tentadas por muito tempo, e chegamos a um ponto em que devemos fazer a pergunta óbvia: a que chegou tudo isto? Quais os resultados?
Desde que Darwin publicou A Origem das Espécies, em 1859, a Bíblia tem sido ignorada cada vez mais. A maioria das pessoas hoje em dia tem mais ou menos descartado a Bíblia, e em muitos lugares a Igreja desapareceu quase que totalmente. As pessoas sentem que podem viver sem a Bíblia e sem Igreja. Mas a pergunta ainda surge: qual a explicação para a situação atual? Por que o mundo está como está? Qual o problema? Por que as pessoas rejeitam o cristianismo e acreditam nestas outras coisas? Há só uma resposta, e esta é que as pessoas nunca compreenderam a profundidade do problema. Elas nunca compreenderam a verdade do ensino bíblico sobre o pecado. A mensagem de Deus através da Bíblia para o mundo de hoje é que seu problema é tão intenso, tão profundo, que nada e ninguém além do próprio Deus todo-poderoso pode tratar dele. O Filho de Deus veio a este mundo porque o problema da humanidade em pecado era tão terrível que nada, a não ser uma intervenção drástica como esta, poderia providenciar uma solução. A lei havia sido dada, mas não tinha como salvar. Nada mais pode salvar. A lei, por ser "enferma pela carne", não pôde nos salvar. Assim, Deus mandou o Seu próprio Filho "em semelhança da carne do pecado, pelo pecado" (Romanos 8:3).
Isaías escreveu aos seus contemporâneos, quase 800 anos antes do nascimento de Cristo, porque eles também não compreenderam a profundidade do problema. Como já vimos, Isaías começa seu livro com uma análise do pecado e temos visto, em seu caráter essencial, qual a natureza do pecado e as coisas que as pessoas terminam fazendo. Agora chegamos a um novo parágrafo. O profeta Isaías se volta para as conseqüências do pecado. Naturalmente, homens e mulheres são tão ignorantes quanto as conseqüências do pecado quanto o são em relação ao seu caráter. Estão cegos para o que estão trazendo sobre si. Portanto, o profeta se dirige a eles com estas palavras: "Porque serieis ainda castigados?" diz ele. "Olhem para si mesmos. Aqui estão, tão cativos que seu corpo inteiro está coberto de chagas e feridas putrefeitas. Vocês são um monte de contusões supurantes e mesmo assim continuam pecando. Querem mais?"
É muito importante que enfrentemos com coragem as conseqüências do pecado, e quando o fizermos, adentraremos mais em nossa compreensão do seu caráter. Primeiramente precisamos entender o terrível poder do pecado. Sigamos Isaías enquanto nos mostra este aspecto, e comecemos com o fato de que pecado é algo que afeta a vida por inteiro. Isaías diz: "Toda a cabeça está enferma, e todo o coração, fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas..." Isso pode ser interpretado de duas maneiras. Já o interpretei mostrando que o corpo todo está dessa maneira porque Deus está açoitando esta criatura pecadora; Ele o puniu até que ficasse moído de pancadas e cheio de contusões supurantes. Mas, isto também pode ser interpretado de outra forma, e acredito que ambas estão corretas. Estas palavras podem ser, e são, uma perfeita descrição do pecado em si.
De acordo com a Bíblia, pecado não é somente um defeito insignificante, uma fase negativa no nosso progresso evolutivo. Isso é o que os incrédulos acreditam. Eles negam que o pecado seja um fato concreto, ou que humanos são maus; para eles, o problema é somente que as pessoas não são tão boas como deveriam ser. Contudo, o ponto todo aqui em Isaías é que homens e mulheres são definitivamente maus, de maneira que estão sendo controlados e dominados por este poder terrível. Além disso, o profeta diz que isto é verdade com relação a todos - "Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã". Ora, alguns comentaristas concordam que esta é uma maneira ilustrativa para dizer que, do mais humilde ao mais nobre na terra, todas as pessoas são culpadas; estão todos no mesmo barco; estão todos sofrendo da mesma coisa. E isso, naturalmente, é o que a Bíblia insiste em dizer sobre a natureza humana e o que a humanidade é. "Não há um justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23).
Isto é importante, pois existem pessoas respeitáveis que dizem: "Pecado? Isso não se aplica à sociedade culta e a pessoas de cultura e sofisticadas, e sim a pessoas retrógradas e pessoas que vivem em favelas". Não, diz a Bíblia, o pecado é uma realidade em todas as classes. A Bíblia não está interessada em distinção social. Todas as pessoas são pecadoras, qualquer que seja seu nascimento, qualquer que seja sua linhagem, ou sua posição social. E isto é igualmente verdadeiro para todas as classes. Algumas pessoas dizem que aqueles que freqüentam igrejas têm um complexo de religiosidade. Se você possui esta mania religiosa será uma pessoa religiosa. Se você não a possui, não a será. Está bem, eles dizem. Não importa. Por que todas as pessoas deveriam ter a mesma inclinação? Assim sendo, a adoração a Deus e a vida de fé são repudiados em termos de classificações psicológicas.
Não, diz a Bíblia, os mandamentos de Deus se aplicam a todos, qualquer que seja sua classe. E, é claro, se fizéssemos uma análise em qualquer congregação presente num culto numa igreja, iríamos encontrar uma variedade de classes! Alguns são coléricos, outros fleumáticos, uns interessados em arte, outros em música, uns em matemática e assim por diante. Mas, com relação ao pecado, estas diferenças não têm a menor importância. Qualquer que seja o interesse, qualquer que seja o temperamento, jamais existiu homem ou mulher que não fosse pecador e um fracasso em algum aspecto moral.
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