Os Deveres Relacionados à Salvação
(Filipenses 2.12-16)
(Filipenses 2.12-16)
Por Matthew Henry
“Flp 2:12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
Flp 2:13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
Flp 2:14 Fazei tudo sem murmurações nem contendas,
Flp 2:15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,
Flp 2:16 preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.”
Devemos ser diligentes na utilização de todos os meios que levam à nossa salvação, perseverando nestes até o final, com muito cuidado para não acontecer de, tendo muitas vantagens, não a alcancemos. Devemos nos ocupar em nossa salvação, porque é Deus quem a trabalha em nossa vida. Isto nos anima a fazermos o máximo possível, porque o nosso trabalho não será vão; mesmo assim, devemos depender da graça de Deus. A obra da graça de Deus em nós consiste em vivificarmos e comprometermos os nossos esforços. A boa vontade de Deus para conosco é a causa de sua boa obra em nossa vida.
Devemos cumprir os nossos deveres sem murmurações. Devemos cumpri-los sem lhe atribuir defeitos. Preocupemo-nos com o nosso trabalho, e não façamos deste motivo de contendas. Sejamos agradáveis sem ser ofensivos. Os filhos de Deus devem distinguir-se dos filhos dos homens. Quanto mais perversos sejam os outros, mais cuidadosos devemos ser para que nos mantenhamos sem culpas e inocentes. A doutrina e o exemplo coerente dos cristãos iluminará a outros, e dirigirá o caminho deles a Cristo e à piedade, assim como a luz do farol adverte os marinheiros a que evitem os obstáculos, e dirige-os rumo ao porto. Procuremos brilhar deste modo.
O Evangelho é a Palavra de vida, e faz com que conheçamos a vida eterna por meio de Jesus Cristo. Correr demonstra fervor e vigor, seguir continuamente adiante; esforço demonstra constância e estrita dedicação.
A vontade de Deus é que os crentes estejam muito alegres; e aqueles que estiverem tão felizes por terem bons ministros, terão muita razão para regozijarem-se com estes.
Nota do Pr Silvio Dutra: O título é apropriado pois fala de deveres relacionados à salvação, e não que são necessários à salvação, uma vez que esta é somente por graça, e mediante a fé.
Não somos salvos pelo que Cristo faz e por se somar a isto algo que façamos, pois é somente Ele quem produz a salvação.
Agora recebemos esta salvação como uma semente da Palavra de vida eterna que não somente gerou em nós a natureza da nova criatura, como também, necessita agora se desenvolver (crescer, amadurecer) em todas as graças e virtudes que estão em Cristo Jesus.
Este desenvolvimento não se refere ao crescimento das virtudes de nossa natureza humana caída no pecado, pois a santificação é o desenvolvimento da nova criatura, da nova natureza celestial e divina, da qual somos coparticipantes por meio da graça de Jesus Cristo.
Desta forma, se houvesse alguma parte nossa no trabalho da santificação, algo operado por nós mesmos, isto não geraria a santidade à qual somos chamados a participar em Deus, pois toda ela tem a ver com a natureza divina que recebemos na conversão, e nada com a nossa natureza terrena, da qual estamos sendo despojados pela crucificação do nosso ego. Lembremos que o nosso velho homem foi crucificado juntamente com Cristo, para que não vivamos mais segundo a carne, mas em novidade de vida. Importa que não mais vivamos nós, mas que Cristo viva em nós, pelo Espírito.
Tudo isto tem a ver com a renovação progressiva da nossa mente, com a nossa transformação também progressiva em graus, à imagem e semelhança de Jesus.
Agora, Deus tem determinado que todo o trabalho realizado em nós pelo Espírito Santo em nossa santificação seja realizado por nossa obediência contínua aos deveres que nos são ordenados (consagração, meditação e prática da Palavra, comunhão, oração, vigilância, serviço aos santos etc).
Não são entretanto os nossos deveres que produzem a santidade, pois como já dissemos, ela nos vem inteiramente pela ação da graça de Deus, mas sem os deveres, a graça não se mostrará eficaz, pois que o Senhor coloca a nossa obediência à prova através da execução deles.
O hábito da santidade se encontra na própria natureza divina que recebemos na conversão, e não no que fazemos. Este hábito sempre se manifestará em nós quando caminharmos no Espírito em obediência à vontade do Senhor, conforme revelada na Sua Palavra. Nós nos dispomos à obediência, e Ele a consuma em nós. Daí se dizer que é Ele que efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, não segundo a nossa vontade, mas segundo a Sua santa vontade, que visa ao nosso amadurecimento espiritual.