Chamados para o Combate

 
Por D. M. Lloyd Jones
 
Não há nada mais urgente, para todos os que se arrogam o nome de cristão, do que captar e entender o ensino desta seção particular das Escrituras: “No demais, irmão meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais  estar firmes contras as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.10-11). Digo “os que se arrogam o nome de cristão” porque, obviamente, as palavras do apóstolo são endereçadas aos cristãos, e aos cristãos somente. Elas não contêm mensagem nenhuma para os que não são cristãos; na verdade, ninguém mais pode entendê-las. O mundo atual ridiculariza esse tipo de declaração. Não crê de modo nenhum num reino espiritual. Duvida até da existência de Deus; não tem fé no Senhor Jesus Cristo; e, portanto, crê menos ainda na existência  de “principados e potestades, príncipe das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais”. Essas palavras nada significam para o mundo; e ele não aprecia o seu valor e a sua importância.
 
Mas para o cristão a declaração não somente é cheia de significado; também está cheia de elementos que dão real ajuda e encorajamento; e, permitam-me repeti-lo, certamente não há tema que seja mais urgentemente do que justamente esse. Refiro-me, naturalmente, ao estado geral da vida, ao estado geral do mundo, e a toda a dificuldade que há em viver, especialmente em viver a vida cristã nestes tempos confusos em que nos encontramos. Não que eu sugira que alguma vez a vida neste mundo foi fácil para o cristão. Não o foi para os cristãos primitivos. E hoje, nalguns aspectos, o problema é talvez mais agudo e mais urgente do que nunca antes. Houve tempo, relativamente recente, em que pelo menos o lar estava mais ou menos isolado do mundo; mas agora o mundo entra no lar de muitas maneiras diferentes, não somente pelos jornais, e sim também pela televisão, pelo rádio e por outros meios. Assim o combate da fé torna-se particularmente difícil e estrênuo para o cristão numa época como esta; e, em acréscimo a tudo isso, há a tensão geral dos tempos e a angústia da hora.
 
Tais considerações é que nos levaram a tomar  tanto tempo num momento anterior com a análise e consideração da grande declaração de Paulo. Nele nos ocupamos em tratar das “astutas ciladas do diabo”, procurando entender o que significa lutar, não “contra a carne e o sangue” (em nós mesmos, ou noutras pessoas), mas contra estes poderes e potentados espirituais, contra estes principados, estas hordas invisíveis da maldade que estão por trás de todo o mal, dominando as mentes dos homens maus e todas as suas atividades, e que se lançam contra nós tentando derrotar-nos, estragar as nossas vidas cristãs e difamar completamente o evangelho. Ocupar-nos disso era essencial.
 
O homem que não entende a natureza do problema com que se defronta está condenado ao fracasso. Os cristãos são como certos alunos do primeiro ano da escola – a princípio pensam que toda e qualquer matéria é muito simples, que não há dificuldade nenhuma. Bem, vocês sabem o que provavelmente acontece quando eles enfrentam um exame! A primeira coisa que se tem a fazer é entender a natureza e o caráter do problema que se enfrenta, Portanto, nós temos de compreender que, na vida cristã, somos chamados para um combate, para uma guerra, para pelejar, para uma luta. Já examinamos em detalhe os meios diversos e quase intermináveis pelos quais o diabo, com as suas artimanhas e sutilezas, tenta apanhar, enredar e confundir o cristão. Para o cristão, estar prevenido quanto ao caráter e à estratégia do inimigo é absolutamente essencial, pois estar prevenido é estar premunido, e isso já é em si meia batalha ganha.

 
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D. M. Lloyd Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/07/2014
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